quarta-feira, dezembro 10, 2008

Carta aberta aos Srs. Professores que se sentem visados por este blogue

Depois de escrever o título deste post mudei de ideias.
É uma das prerrogativas dos autores. Dos que dão a cara. Daqueles que não se escondem atrás de anonimatos mais cómodos.
Mudei de ideias.
Vou mas é dirigir-me aos que nunca sentiram que as minhas críticas os visassem.
Quer dizer, hoje escrevo aos bons professores, aos que como alguns dos meus familiares, tudo deram à Escola Pública.
Escrevo até aos que a Pide retirou o Diploma de professor por perigosidade cívica. Sem julgamento e sem acusação.
Escrevo a uma velhinha de 80 anos que juntava as sopeiras do prédio , altas horas da noite, para lhes ensinar a Cartilha do João de Deus até adormecerem, todas, por cima da mesa da cozinha...
Escrevo a todos os outros que durante anos a fio deram o que tinham de melhor aos seus alunos.
Sem atender a quaisquer outros valores. Apenas os alunos. Sem atender às suas origem de classe e ao atraso relativo em que se encontravam.
Escrevo aos que de noite, andando em transportes públicos, tentaram que alunos adultos lessem uma notícia de jornal e a percebessem. Isto não foi em Angola nem em Cabo Verde, foi em Azeitão. Também não foi em 1930. Não. Foi em 1992 ou 1993..
Escrevo aos que se incomodam com o atraso nacional. Escrevo aos que não se revêem nos professores carreiristas, nos que faltam metade do ano, nos que saem em arruaças e que insultam, a esmo, a Ministra e o Governo legítimo, dos que tudo exigem e pouco dão.
Escrevo aos professores dedicados e aos que tomaram a sua profissão como um "metier", uma coisa onde deixam a pele, todos os dias.
Aos que ensinam aprendendo, e que respeitam as hierarquias e se fazem respeitar.
Só estes professores me motivam, e a eles dedico algumas das minhas fracas capacidades neste blog.
Os outros, que me desculpem, mas há por aí muito blog onde se podem rever, aqueles onde sobram os insultos e sobejam os seus apaniguados, abundam os denunciantes, amontoam-se os que querem manter este País na cauda da Europa. À custa do contribuinte e das nossas crianças.
Eu fico pelos primeiros!
É que, como diz Saramago, até o Salvador declarou que não trazia a salvação, mas apenas a espada!

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