domingo, dezembro 04, 2005

O salvador da pátria e o nevoeiro noticioso

A campanha do Cavaco faz-se acompanhar de engodos e armações para apanhar tolos.
No entanto, a pior não é a que tudo envolve num manto de mistério, de nevoeiro e de disfarce.
A pior é a mentira repetida "ad nausea":
TRATA-SE DE UM CANDIDATO SÉRIO E UM EXEMPLO DE TUDO E MAIS ALGUMA COISA, dizem.

Mas vejam lá estes enredos de meia-tigela mais próprios de novelas mexicanas ou de clubes de futebol:

ARTIMANHAS POLITICAS PARA ESCAPAR DA COMUNIÇÃO SOCIAL
Muitos meses antes de criar, em Novembro de 1994, o tabu quanto à sua sucessão, Cavaco Silva quis remodelar a sua casa em Lisboa. Antes de deixar a residência oficial de S. Bento. Talvez porque já soubesse que queria deixar S. Bento...

PERGUNTA 1: SABIA que o casal Cavaco Silva poderá não ter pago, na altura, todo o IVA dessa empreitada?
Orçamento inicial…………………3.552.881$00Total

(Com IVA)…………………...........4.121.342$00
Já pago…………………………….2.500.000$00=
Total em dívida..………………..1.161.342$00

Trabalhos a mais (Sem IVA)……..2.168.856$00

PERGUNTA2: Sabia que a Procuradoria Geral da República abriu, a 10 de Janeiro de 1995, um inquérito à empresa que fez obras na casa de Cavaco Silva?
O processo foi levantado com base na denúncia da contabilista da empresa, que acusou os administradores de fraude fiscal... E Cavaco Silva iria ser obrigatoriamente ouvido no âmbito desse processo por ter pago serviços sem pagamento de IVA...
PERGUNTA 3: Sabia que, precisamente, dias antes da Procuradoria Geral da República ter aberto o inquérito à empresa e antes que tudo fosse noticiado, o então primeiro-ministro entregou no Parlamento uma carta denunciando que a comunicação social estava a invadir a a sua vida privada? Repita-se: que a comunicação social estava a invadir a sua vida privada..

Entre os documentos anexos, estavam cartas trocadas entre Cavaco e o director do "Expresso" sobre uma investigação jornalística ao comportamento fiscal do primeiro-ministro.
O assessor de imprensa de Cavaco Silva contactou diversos jornalistas para lhes dar a conhecer da iniciativa. Na noite desse dia, a Lusa já dava conta das “queixas” do primeiro-ministro.
A iniciativa provocou um escarcéu tal que mais nenhum jornalista se preocupou com mais nada...Na manhã do outro dia, os jornais publicaram as notícias.

TSF SERVIU DE MOTE PARA O CARROCELA história foi contada tendo o primeiro-ministro como sujeito de todas as notícias. Cavaco Silva era sempre colocado como vítima e como vingador. Era um cidadão que apenas queria realizar as obras em sua casa e que fora vítima de uma investigação além dos limites do aceitável.

“A origem deste caso conta-se em poucas palavras”, escrevia-se no jornal “Público” (
[1]). “Desde 1993 que o casal Cavaco Silva decidiu fazer obras na residência de três quartos e sala que desde há 27 anos ocupa na zona lisboeta de Campo de Ourique”. “Cavaco está farto das investigações jornalísticas à sua vida privada”, era o título no jornal “Diário de Notícias” ([2]). “Cavaco contra a investigação em obras particulares. Director do Expresso garante ‘comportamento exemplar’ “, sublinhava o jornal “A Capital” ([3]). O director do jornal “Expresso” considerou que “a questão estava a ser colocada ao contrário”, mas não desenvolveu muito o tema. “O grave disto tudo não é a investigação, mas a publicação de notícias que não foram cabalmente investigadas”, afirmou na altura José António Saraiva ouvido por outros jornalistas.

A TSF chamou o assunto para primeiro tema do noticiário.

Às oito horas da manhã, a voz nervosa de Francisco Sena Santos:“Uma pesquisa do Expresso sobre as obras na casa particular de Cavaco Silva deixa o primeiro-ministro indignado com métodos que considera intoleráveis de investigação jornalística”, começou o jornalista. “Cavaco pede ao Parlamento uma reflexão ampla sobre a privacidade das famílias de agentes políticos”. Sena Santos faz um resumo da carta “a que a TSF teve acesso”. E depois disso, passa a palavra para o jornalista que vai descrever os acontecimentos: “Uma carta motivada por uma investigação que não resultou – pelo menos até agora – em qualquer reportagem publicada. Vamos lá conferir, João Almeida, o que é que está na origem deste caso”.

COMENTADORES AO LADO DA QUESTAO:O debate continuou. A jornalista Diana Andringa é interpelada para comentar o caso. “Será que há alguma ultrapassagem de métodos jornalísticos aceitáveis neste caso?”, pergunta-lhe Sena Santos. A mesma notícia é repegada às oito e meia. E às nove horas. Tudo no mesmo tom.

( Não perca ! Continua)

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