quinta-feira, julho 03, 2008

O Diário Económico publica de João Cardoso Rosas:

"«(...) Se Manuela Ferreira Leite ganhar as eleições legislativas a “insensibilidade” e “desumanidade” dos ministros do actual Governo será substituída por almas especialmente sensíveis, como a própria líder do PSD, Nuno Morais Sarmento, ou José Luís Arnaut.
Na impossibilidade de congelar todas as obras públicas enquanto houver um doente em lista de espera para uma cirurgia, um Governo liderado por Ferreira Leite congelará apenas algumas obras públicas para transferir esse dinheiro para as IPSS da sua preferência.
Assim mostrará uma enorme “sensibilidade social” e um grande “humanismo”.(...)
Claro que poderíamos aceitar esta encenação eleitoralista por parte do PSD como uma espécie de anormal normalidade. Mas não creio que devamos contemporizar com aqueles que fazem descer o discurso político em Portugal a níveis tão baixos.Confesso que tinha, à partida, uma disposição positiva em relação à nova liderança do PSD. Mas começo a ter alguma dificuldade em encontrar diferenças substantivas entre o populismo de Santana Lopes/Menezes e as propostas mais emblemáticas de Ferreira Leite.(...) A exclusão e a desigualdade sociais combatem-se melhorando a distribuição primária dos rendimentos. Ou seja, criando emprego, gerando mais oportunidades para mais pessoas, aumentando o valor dos salários, discriminando positivamente os rendimentos baixos em termos fiscais, fomentando a formação profissional. A exclusão e a desigualdade não se combatem aumentando indefinidamente a redistribuição secundária e muito menos multiplicando fundos de carácter assistencial. Estes servem para acudir à pobreza absoluta – que praticamente não existe em Portugal – mas não para inverter o ciclo da pobreza relativa – aquela que está em causa entre nós. Os responsáveis do PSD sabem tudo isto. Mas dá-lhes jeito deixar de o saber, pelo menos momentaneamente.
Devido a algum estranho curto-circuito mental, os novos dirigentes do PSD recordam-me a imagem do general indonésio Wiranto quando, depois de ter comandado a repressão em Timor-Leste, foi filmado numa sessão de ‘karaoke’.
A canção que entoava era, se bem se recordam, ‘Feelings’.
Os bons sentimentos ficam sempre bem.»
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