quinta-feira, agosto 25, 2005

A Novíssima Constituição do Iraque - 2

Não seria preciso ser muito avisado para desconfiar aqui há meses que esta Constituição seria grata, veneranda e obrigada, ao Islão.

Teria sido, isso sim, um número de magia advinhar que este documento não tivesse uma linha, uma palavra, uma vírgula, sobre o facto do Iraque estar ocupado militarmente por mais de 400.000 soldados de vinte Países e completamente cercado pela mais poderosa máquina naval jamais vista. Que para além dos soldados referidos há ainda um número, nunca tornado público, de mercenários e de "empresas" de segurança contratadas entre os mais ferozes do mundo e para as tarefas mais sujas e degradantes.

Mas é preciso ser ingénuo para acreditar na remota possibilidade de alguma vez ser possível misturar uns princípios de democracia com um estado islamita. Quando é que isso aconteceu? Onde?
Basta ler agora os Artigos 1 e 2 e suas alíneas para verificarmos que estamos não no Iraque mas no reino da fantasia e do faz de conta:

August 24, 2005
Text of the Draft Iraqi Constitution
By THE ASSOCIATED PRESS
The complete text of the draft Iraqi Constitution, as translated from the Arabic by The Associated Press:
PREAMBLE
We the sons of Mesopotamia, land of the prophets, resting place of the holy imams, the leaders of civilization and the creators of the alphabet, the cradle of arithmetic: on our land, the first law put in place by mankind was written; in our nation, the most noble era of justice in the politics of nations was laid down; on our soil, the followers of the prophet and the saints prayed, the philosophers and the scientists theorized and the writers and poets created

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CHAPTER ONE: BASIC PRINCIPLES
Article (1): The Republic of Iraq is an independent, sovereign nation, and the system of rule in it is a democratic, federal, representative (parliamentary) republic.
Article (2):
1st -- Islam is the official religion of the state and is a basic source of legislation:
(a) No law can be passed that contradicts the fixed principles of Islam.
(b) No law can be passed that contradicts the principles of democracy.
(c) No law can be passed that contradicts the rights and basic freedoms outlined in this constitution.


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Mas não carece de originalidade já que, em quase todos os seus artigos, visa combater o terrorismo qualquer que ele seja, por todas as formas e meios.
Por um lado dá ideia que andaram a copiar do caderno do lado, por outro, não se parece com um programa político. É mais uma declaração de polícia!

Ou me engano muito ou vou ter de exportar pranchas para vários locais. Custa-me. Sou-lhes afeiçoado!

3 comentários:

Anónimo disse...

Olha, outro "Povo Eleito"! Concorrente dos chineses, ainda por cima, que também criaram, inventaram e descobriram tudo. Não sofrem de "baixa-estima", mas não se "enxergam".

E o mais certo é não conseguirem fazer lei alguma: como conciliariam o disposto nas als. a)e b)do art. 2?

MFerrer disse...

Estimada anónima,
Mas a resposta é simples:
Dia sim, dia não!
Ora está em vigor a lei corânica ouos princípios da democracia sem discriminação de sexo, idade, credo, origem étnica, raça, etc.
Como já têm repartições públicas para homens e para mulheres e crianças, basta agora afixar o horário e o tipo de leis aplicáveis.
Vai ver que vai dar certo!
Enxalá!

Anónimo disse...

Sim, acho que pode ser que dê certo. Desde que, nos dias não -vide al. b) -, tenham o elementar cuidado de não legislar.
Com um grande salamaleque.