quinta-feira, abril 01, 2010

Belém transformada no muro das lamentações corporativamente seleccionadas

Até podia ser um interessante serviço de reclamações desde que fosse..., de todas as classes de reclamantes.
Mas não é.
Cavaco escolhe com a delicadeza dos hipopótamos em loja de cristais, os beneficiários dos serviços de lamentações que vai dispensando com regularidade.
Não a todos, como é bom de ver:

- Quem se esquece da oportunidade das "audições" reservadas a certos economistas com excelentes curriculos no desbaste dos Fundos de Coesão dos anos 90?

- Quem é que vai esquecer as frequentes auscultações a (in)certas entidades sindicais com provas dadas na mais ampla repartição da justiça, surda, cega e muda?

- Alguém olvidará as oportunidades esbanjadas com Dias Loureiro para, acompanhado de chá e bolos, em ameníssima cavaqueira, insistir na sua (dele) inocência sobre os vários desfalques a que estava intimamente ligado? E, que no final, obrigou Cavaco Silva a afastar este conselheiro de Estado, embora o tenha feito pela porta dos fundos e sem qualquer arremedo de mea-culpa?

- E que dizer sobre a infrene interferência no normal decurso da Justiça e do encolher de ombros acerca da separação de poderes, máxime, protegida pela Constituição da República?

- Ora exerce pressões indevidas, ora aceita ser indevidamente pressionado, ora acolhe os mais descarados interesses corporativos, sempre mas sempre, em conflito com os da maioria dos portugueses.

- Temos de reconhecer essa conduta que aceita e que colhe da sociedade as mais reaccionárias e avulsas associações de interesses, sejam os das classes já beneficiadas, sejam os que se querem agora beneficiar, desatendendo do papel do poder executivo, esse empecilho eleito pelos portugueses.

- Que dizer pois da ofensiva corporizada por anúncios avulsos e destituídos de qualquer patamar de racionalidade operacional no que se refere a instalação de centrais atómicas, mais uma vez ao claro arrepio da política energética decidida pelo Executivo?

- Vão ainda os portugueses, nesta República laica, ter de suportar os gigantescos custos com visitas de carácter politico-religioso ? Especialmente se os visitantes estiverem envolvidos em escândalos de encobrimento de criminosos, no caso de Bento XVI, ou em actividades contra a segurança de um Estado soberano com quem Portugal mantém excelentes relações há muitos séculos, no caso do Dalai Lama?

Este falso muro das mais falsas lamentações, não devia ter sede em Belém. Nem devia constituir mais um elevadíssimo custo para os contribuintes!

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