As notícias são preocupantes. Ou o Governo está metido num grande sarilho. Ou estamo-lo todos nós.
E não me refiro à impopularidade ocasional e volúvel. É mais da economia real de que falo.
Isto não arranca e a própria oposição começa a titubear pequenas concordâncias com as análises governativas. Jogos de espelhos.
Ainda há dias se levantavam irados contra as medidas do governo e agora afirmam que estamos à beira dum abismo! Estamos? E eles, a oposição, não têm nada a dizer sobre a matéria? Terão sido estes últimos três meses de governação que atiraram a fasquia pró brejo? Os três anos e meio anteriores o que é que têm a ver com isto? E antes ? Também não?
Nem antes do Guterres? Esse teve que admitir mais de 30.000 funcionários – que já o eram – mas que trabalhavam a recibo verde. Eram funcionários públicos de segunda e passaram nesse governo dito de maldito, para de pleno direito. Até ao direito de greve que agora exercitam contra o mesmo PS. Curiosa inversão da utilidade funcional.
Agora têm que gerir o País com a extraordinária herança do OGE2005, um primor de imaginação contabilística que escondia – apenas – 5% de despesas já completamente assumidas e sem escapatória. Era como se, ao vender-se uma empresa e pedido um balancete, o vendedor, num número de prestidigitação, tivesse simplesmente retirado as responsabilidades da dita, para apresentar uma empresa viável, saudável e próspera. Aliás diziam até que estavam em retoma! Que a crise acabara e não seriam necessários outros sacrifícios!
Pasmemos. Mas isto não está no Código das Sociedades, está é no Código Penal. E tem nome. Chama-se logro, embuste, conto do vigário e falsificação de documentos para obtenção de vantagens para si e seus apaniguados.
Mas o dramático é que se foram comprando toda uma série de cumplicidades com profissões e com corporações variadas. Elas são as deduções de horas lectivas dos professores; Os regimes especiais de assistência médica dos militares, da GNR, dos Bombeiros; As reformas antecipadas dos diplomatas, dos enfermeiros, dos professores primários; Os subsídios às Ipses para formação profissional; As representações diplomáticas, na maioria dos Países, que ninguém sabe para que servem. As delegações do ICEP, verdadeiros enxames de compadres; As férias judiciais, etc.
Tudo a sair do mesmo orçamento e a afinarem por baixo o desempenho, na inversa da remuneração. Saliente-se que um professor do secundário, em final de carreira ou na reforma, é o mais bem pago dos 15 Países.
Como inverter esta sangria sem atropelar algumas regras da democracia ou rasgar mesmo a Constituição? Verdadeiro desafio à imaginação e ao relógio que vai marcando o tempo que falta para esgotar a fonte e proclamar a insolvência. Como ontem dizia a propósito da Paz no mundo, cito-me para referir que o equilíbrio orçamental, a solvência das contas públicas e o futuro da Segurança Social, são assuntos demasiado importantes para serem deixados aos interesses corporativos, às negociações de interesses imediatos e aos acordos rapidinhos para evitar umas greves incómodas.
A não ser que nos empurremos, todos, uns aos outros, prancha fora!
1 comentário:
O melhor é não mexer em nada, senão, um dia destes, quero ir à Costa de Caparica ou a Alcochete e a polícia não me deixa passar por estar a manifestar-se em defesa dos seus legítimos direitos.
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