sábado, julho 30, 2011

E a montanha pariu sete ratos pelados...

Sete perguntas de uma cidadã perplexa

Avaliação de desempenho de docentes
Sete, porque o número é do domínio do fabuloso, recheia as nossas mentes de fantásticas possibilidades. Sete são as cores, as maravilhas do mundo, os mares, as colinas, as virtudes. Sete é o número da ordem, dos dias da semana, mas agora o sete foi extr...aordinariamente engrandecido: Sete são agora os princípios organizadores da Avaliação de Desempenho dos Docentes, na proposta do governo. Li, estudei, reflecti, ouvi opiniões e os meus ouvidos pressentiram uma melodia nova. Pois, sete são também as notas musicais! Perfeito, o sete ficou mais in, mais jet set. Pensei, o número não é à toa. Um matemático sabe o valor intocável deste número. Foi deliberado, e isso é a parte mais inovadora da proposta, assenta num primo! Portanto o texto tem de ser analisado à luz desta realidade: Não é divisível a não ser pela unidade e por si mesmo, os primos têm destas coisas! A proposta tem de ser vista como um todo, vendo cada ponto em particular. E o sete surgiu novamente, sete questões sobre a ADD… 1ª Diz-se que ninguém será prejudicado no vai vem do modelo actual para o futuro. Isto não é um principio. Para mim é um lava-bocas, do tipo não se zanguem pois o velho modelo não vos estraga a vida… Não confiam ser lestos na implementação do novo modelo? 2ª Os ciclos de avaliação passam a ser de quatro em quatro anos. Fixe, mas ao ritmo de cada professor ... ou seja, no ano de mudança de escalão, pimba temos avaliação. Até aqui parece bem, mas se os escalões estão e vão ser congelados... O professor fica com um vale que só “vale” na era do degelo? 3ª Acaba a burocracia do processo. Gosto. Mas tem de ser entregue um Projecto educativo do professor e o relatório de auto-avaliação. Gosto muito. Não sei o que é, mas parece-me que só terá uns 40 pontos e trinta fichas de suporte. Devo juntar-me aos tudólogos que vendem livros como pão quentinho, e, escrever já um livro “ Como fazer um projecto saudável, para uma avaliação favorável”? 4ª Esta é a minha favorita. A avaliação passa a ser um acto de vizinhança, ou seja é feita por professores que vêm do exterior. Os vizinhos/avaliadores serão de outras escolas, ou não. O que eu percebi é que são do exterior… ou seja podem vir de uma casa vizinha, de uma universidade, duma empresa. Podem as entidades privadas ser a referência externa? Embora o vizinho de outra escola também é boa malha. Vão ter de faltar às suas aulas para ver as aulas do vizinho do 3º Direito. Também podem ser dispensados das aulas, coisa menor, e passar a avaliadores do condomínio alheio. Estarei a ver mal? 5ª Avaliar o que fizer melhorar os resultados escolares dos alunos. Com este eu concordo. Conheço a posição do Ministro antes de o ser, mas agora… Podia explicar como se faz e o quer mesmo dizer? 6ª Haverá um quadro de isentos da avaliação. A isenção será como no IRS, os da entrada e os que estão no topo não pagam, ou seja, não são avaliados? 7ª Haverá árbitros expeditos para analisar os recursos. Arbitrar por papéis é burocracia. Terão acesso a sistema de vídeo, para conferirem os fora de jogo? Nada pergunto sobre as "quotas", por não fazerem parte deste pacote. Estão assumidas na legislação geral da função pública. Nesta proposta o novo é o escondido. Esconder é pecado, se não é devia ser! Lembrei-me agora que sete são também os pecados capitais. Estou muito impressionada com o valor acrescentado desta proposta. Um mês para escrever uma página de sete pontos... Não, sem ter mais respostas, sem ver o gato todo, não vou ao aeroporto... Não há heróis! Mais inquieta fico por parecer que a proposta não agitou os sindicatos. Eu, pelo meu lado, estaria muito preocupada se não visse para dentro deste sete! Este sete não é meu primo, não é a perfeição. Fico a aguardar as respostas. Atentamente, Cidadã perplexa
(Margarida Moreira que faz o favor de ser minha Amiga!)

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