segunda-feira, agosto 22, 2005

Carta aberta ao futuro primeiro-ministro de Portugal, o PQP e Filipe II


Visto que daqui as notícias chegam aí com atraso, dirijo-me já a V.Exa. e não ao seu antecessor, sem medo de errar muito!

É a V.Exa que falo no intuito de o felicitar pelo seu novo cargo e para o avisar das razões porque o seu anterior colega foi outro que partiu sem nos deixar saudades.

Nem quero falar de promessas eleitorais que sem elas quem é que seria eleito?, não senhor, não se trata disso!

Desejo isso sim apelar para que V.Exa se filie no novo partido que acabo de formar. O PQP- Pró Qué Preciso
Tá a ver?
É assim a modos de um Partido todo novo destinado a fazer o que é preciso neste País.
Digamos que praticamente desde a fundação da nacionalidade, acto maior e do mais profundo significado, tudo o que aqui se tem feito ou é fruto do acaso ou da extrema necessidade.
Sempre se evitou com êxito, diga-se, que se fizesse o que era realmente preciso.
Nem me atrevo a enumerar os maiores disparates nacionais: esqueço as estaladas dadas na mãe; meto na gaveta a cruzada contra os mouros; relevo os casamentos consanguíneos, as tentativas de regresso à coroa espanhola e os incestos; atiro para trás das costas o comércio de escravos e a invenção da acumulação capitalista e do comércio dito triangular; nem quero falar da globalização iniciada com o recurso à perfídia, à inveja, aos canhões enfim; não recordo já a venda de património e de receitas vencidas e vincendas levadas a cabo, alegremente, reinado após reinado, vendendo por cem o que valia mil e comprando hoje por mil o que amanhã custaria dez ou vinte; a incompetência colonial, o abandono das terras, a monocultura, a falta de plano a qualquer nível, quero esquecer que mais recentemente e a um ritmo alucinante, em termos históricos, se nacionalizaram latifúndios, a seguir pagaram-se indemnizações aos anteriores proprietários e depois devolveram-se-lhes as mesmas terras onde tudo regressou ao século XV, mas ainda com menos empregos e nenhuma produtividade; nem falo da protecção dos interesses nacionais agora com as antigas colónias; vamos relevar a história de Cahora-Bassa que constitui um “case study” nas melhores faculdades de economia do mundo e risota universal para muitos séculos vindouros; Atiro sobre o fogo destruidor a suave capa do olvido; nem recordo a completa ausência de realização de métodos de retenção de água no solo, vulgo barragens, ou a insustentável leveza da paisagem que breve se constitui em recordação fumegante; Não quero saber de F-16 ou de submarinos que não lhes almejo utilidade!

Tá a ver?
Temos portanto um partido novo à sua espera. O caderno de encargos é variado mas simples. Bastará fazer o contrário do que foi feito nos últimos oito séculos e já está! Fica feito o que é preciso e damos como justificado a criação do PQP!
Viva o Pró Qué Preciso!
Portugal já não aguenta mais!
Se isto não for feito receio que Filipe II tivesse razão quando, optando por outras conquistas, se queixava dizendo que “em Portugal não se governam nem se deixam governar!”

2 comentários:

pdasilva disse...

...e já abriram as inscrições p'ro PQP?

MFerrer disse...

Embora o PQP esteja quase cheio, vou usar a minha influência para lhe obter uma inscriçãozinha.
Olhe que é capaz de não dar cargos bem remunerados mas trabalho não vai faltar: Está tudo por fazer!
Obrigado pela visita e pela referência no seu blog.
Não posso estar de acordo com tudo o que escreve mas vou passar a visitá-lo e a comentar.