sábado, outubro 24, 2009

O desespero da direita quase faz dó!

O epitáfio de José Manuel Fernandes no seu Editorial do ódio
Eu não sei se é verdadeiro o boato que corre há um mês sobre o futuro de José Manuel Fernandes estar ligado ao recém eleito presidente da comissão europeia e à sua assessoria de imprensa. Afinidades antigas. E o homem tem trabalhado para isso. Não sei se no PSD recompensam meramente o esforço: ele tentou levar a Dra. Manuela ao colo, e foi conivente com as estratégias presidenciais. Mas a verdade é o que o eleitorado que Vasco Graça Moura chama de estúpido por não ter caído na artimanha (não será antes estúpido quem idealizou a estratégia?) viu o golpe. E não fez ao jeito ao JMF e ao tacho que procurava.
Nesse sentido JMF esforça-se uma última vez e escreve um hilário e decadente editorial no Público de hoje. Em que critica sob todas as formas o novo governo. Com aspectos a merecerem uma sonora gargalhada. Vejamos:
1) José Manuel Fernandes está contra a escolha do novo Ministro das obras públicas por ter sido um dos subscritores do manifesto a favor dos grandes investimentos públicos para ajudar à retoma da economia portuguesa. Tendo subscrito o mesmo documento, e tendo interpelado José Manuel Fernandes várias vezes porque não o publicou, quando na semana anterior deu voz a uma tese contrária com metade dos subscritores (com honras de primeira página no público, e uma página inteira de publicidade paga pelo dito movimento, promovido por figuras afectas ao PSD), tendo esta discrepância de tratamentos merecido forte reprimenda do Provedor, dá um gozo particular ver o forma como espuma por mais mais essa derrota. Ele queria um dos "seus economistas", não um dos que assinaram o manifesto pelo emprego. José Manuel Fernandes, com a sua vastíssima formação económica, está preocupado com o endividamento externo das novas obras públicas. Se lesse a blogosfera saberia porque é que há quem não esteja. Porque conhece de facto a estrutura de financiamento do TGV por exemplo, e as suas estimativas de procura. Coisas que JMF sempre optou por ignorar.
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2) José Manuel Fernandes manifesta o seu desapontamento pela falta de figuras conhecidas. O que significa figuras que ele conheça. Alguém tem alguma culpa da ignorância do homem? Figuras de grande projecção pública? São o quê? Colunistas do seu jornal? Prefere JMF a projecção pública ou a competência? E se desconhece as novas figuras, como pode aferir a sua competência? Ser uma figura pública não implica ter experiência política. O pobre raciocínio do futuro ex-director do Público não distingue as duas coisas. Se ele queria gente com capacidade política provada, não havia renovação. Se ele queria gente com capacidade técnica, não tinham de ser figuras mediáticas. Se ele queria figuras mediáticas que tal o elenco de uma novela da TVI?
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3) O país maioritariamente à esquerda. Isso é uma constatação aritmética. José Manuel Fernandes está revoltado por o governo indiciar uma viragem à esquerda. Conclusão: JMF não é um democrata. É um Pacheco Pereira (que curiosamente escreve no seu jornal) que queria promover a sua querida líder.
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4) JMF está contra Vieira da Silva na Economia. Porque Vieira da Silva é um homem de esquerda e isso arrepia o ex-maoista. Ele era do esquerda dos idiotas úteis, na terminologia de cunhal, e nunca percebeu a esquerda democrática. Nem agora que se passou para a direita neoliberal. E afirma enfaticamente que espera que Vieira da Silva resista subsidiar empresas para evitar e reduzir o desemprego. Ficamos a saber que, num jornal onde as vendas estão em queda e teve de haver ajustes salarias, JMF quer lá saber do desemprego. O programa mais votado pelos portugueses, o do PS, tem vastas medidas de apoio ao emprego, e às PME, mas JMF quer um ministro que rasgue o seu programa e governe com aquele proto-programa de falência social que o PSD apresentou ao país. E vai mais longe: defende que o PS deve é favorecer as boas empresas. O facto de Manuel Pinho ter sido reconhecido no país por ter ajudado a salvar muitas PMEs - que eram boas, JMF mas que a crise ia destruindo (veja-se o caso de Paços de Ferreira) - é indiferente ao "proto-jornalista" que dirige o Público. Que lança ainda Farpas a Pinho um homem elogiado em jornais um pouco acima do que JMF dirige, como o Washington Post, pela sua aposta nas renováveis.
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5) Mas o que passa de todo JMF, é a escolha de Helena André, uma sindicalista indigna-se, ele!, para o Ministério do Trabalho. E dá o exemplo de que da mesma forma que nunca se põe um médico à frente do Ministério da Saúde (Ana Jorge, uma das ministras preferidas dos portugueses, por acaso é médica), não deve estar uma defensora dos direitos laborais à frente do ministério do trabalho. Faz assim eco da prosápia de Van Zeller! JMF tornou-se o novo representante do patronato português. E não se coibe de dizer, num momento em que Campos e Cunha alerta para o perigo de deflação (os tais economistas do outro manifesto já alertavam muito antes), que Ana André deve exigir contenções salariais ou mesmo congelamento de salários! JMF transformado em António Borges. Ele acha que num país onde o salário médio é de 700 Euros se podem fazer coisas destas. A sua consciência social está ao nível zero.
José Manuel Fernandes acha que o congelamento de salários resolve a descida de preços. Lição de economia de borla para JMF: os salários são a base da procura das famílias. Dinamizando a procura das famílias as empresas vão produzir mais o que distribui mais rendimento e gera mais procura. Por essa via, a pressão da procura evita a tal inflação negativa. Se não percebe isto, não escreva sobre o que não sabe. A pressão salarial em resultado do aumento da carteira de encomendas das empresas e da maior procura de trabalha reforça a travagem da espiral de deflação. Expliquem isto a JMF, que saltou para Hayek sem ler os economistas sérios.
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6) Tem ainda uma forte postura de Estado ao chamar "bulldozer" a um Ministro. Fará sem dúvida uma bela figura com o protocolo em Bruxelas. E mostra toda a sua ignorância cultural ao desconhecer as provas dadas por Gabriela Canavilhas. Ele, é mais Quim Barreiros.
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Disto tudo infere ele que o governo não tem ambição. E imagino Pacheco Pereira a dar-lhe pancadinhas nas costas, a dizer "Bom editorial Zé Manel".
In O Valor das Ideias, por Carlos Santos
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Nota cá da casa: O desespero é total nas hostes da direita. Como nas barracas das feiras, a maioria das rifas sai branca como a cal...
Parece que já perceberam que toda a anterior estratégia de descrédito do Governo, de Sócrates, do programa eleitoral do PS mais as maquinações ex-Belém, se transformou num verdadeiro pesadelo e que se arriscam a perder tudo, em muito pouco tempo.
Por ordem: A impossibilidade de derrubar este Governo, mas a permanente ameaça de novas eleições de que resultaria, tenho a certeza, uma maioria do PS; a visível degradação no interior do PSD, o isolamento e atonia dum PR acometido de várias incapacidades, a provável melhoria da situação económica mundial, a improvável reeleição deste PR ou a assustadora perda da maioria das autarquias, inevitável nas futuras eleições, é muita areia para a camioneta deles. Daí o disparate quase permanente, o lavar de roupa suja, ou o insulto do VGM ao eleitorado.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Só mais uma achega

Isto de destratar o Saramago e de até lhe proporem que se vá de vez, que se cale e que deixe de publicar o que lhe vai na alma, não tem nada a ver com a asfixia democrática, pois não?

O desespero da direita é muito e sem tamanho!

Já não sei para que lado nos devemos voltar. Ao que atender.
Ele é o Passos Coelho a perorar sobre a Educação e a "liberdade", quer dizer, sobre a vontade que tem de fazer pagar a factura da educação dos filhos das classes abastadas nos colégios privados, pelos contribuintes;
Dia seguinte é o Cavaco que vem dizer publicamente que "acha que os partidos da oposição devem deixar o PS governar", quer dizer, Cavaco Silva tem alguma coisa entalada pelo resultado das maquinações ex-maquina-belenensis e pelo inusitado resultado eleitoral. Não sabe como reparar os estragos que vê em todo o lado. Na sua casa e no seu partido, todo partido.
De seguida é a Igreja, e o seu coro de serviço, a atirarem-se a Saramago quando ele apresenta um novo livro e diz que a Bíblia, a ser verdade o que lá se diz, é um livro de maus costumes sobre um deus menor, traiçoeiro, vingativo e "má pessoa". Há por aí comentários de todo o tipo e até, pasme-se, uns que defendem a retirada da nacionalidade ao escritor por delito de opinião. Não vai haver fogueira pelas razões que conhecemos. Mas é como se houvesse! A intenção é o que conta!
Ainda mal refeitos da refrega, chega-nos o inefável Nuno Melo, acolitado pelo Carlos Coelho mais o também deputado europeu Mário David - ambos do esmorecido PSD, o tal da nacionalidade do Saramago que, vilependiados pela apresentação de uma condenação ao Berlusconni, conseguem lançar a confusão em Bruxelas e, ao mesmo tempo que são derrotados na tentativa de comparar o lider transalpino a Sócrates - por causa da TVI, Manuela, jornal de sexta - conseguem, dizia eu, atrapalhar tanto a votação que a resolução sai derrotada em beneficio do soba italiano, sabem com que apoio? Com o dos deputados do PCP que se abestiveram ( assim mesmo! )


Digamos que afinal sempre se passa aqui qualquer coisa. E nem foi preciso dizer nada sobre o CN do PSD amanhã....

segunda-feira, outubro 19, 2009

In Blasfémias, deliciosamente apurado!


PSD prescisa de eleger um líder o mais depressa possível. Quanto mais depressa eleger um líder, mais depressa a oposição interna pode começar a miná-lo. Não há tempo a perder.
A autodestruição do PSD é uma prioridade nacional.
Publicado por Joao Miranda em 19 Outubro, 2009

Isto das sondagens anda muito mal para o PSD! Compreende-se que estejam contra

Sondagem

Cavaco Silva recebe chumbo histórico dos portugueses em Outubro
Pela primeira vez em muitos anos, a actuação de um Presidente da República é avaliada negativamente pelos portugueses. Talvez tivessémos que recuar ao período pós-revolucionário para eventualmente encontrarmos uma avaliação igual.
E logo no dia seguinte à convocatória dos notáveis do PSD para que se reunam em conclave conspiratório contra a actual presidência.
Será da data? Não havia necessidade de juntar gasolina à fogueira!
...e continua o Jornal de Negócos:
"Conseguiu-o com o desenlace do caso das escutas, no mês seguinte àquele em que decidiu vir a público falar sobre o caso, à hora dos telejornais. Cavaco falou sobre o caso em 29 de Setembro. Em Outubro, em resposta à sondagem da Aximage para o Negócios e o "Correio da Manhã", 42,4% dos portugueses entende que o Presidente tem actual mal, quando questionados sobre como Cavaco Silva tem actuado nos últimos 30 dias.

Apenas 35,5% do universo de respostas considera que o Presidente esteve bem, contra ainda 15,9% que diz assim-assim. Esta avaliação é ainda mais relevante quando se pediu aos portugueses que dessem uma nota de 0 a 20 de avaliação da actuação de Cavaco Silva em Outubro. O presidente recebeu um chumbo: 9,6! Nunca Cavaco Silva tinha descido do bom (14,5 foi a sua nota mais baixa, em Outubro de há um ano).

Entre os restantes líderes, Paulo Portas é o que recebe a melhor avaliação dos portugueses, com um 12,3. José Sócrates recebeu 12,1 e Jerónimo de Sousa e Francisco Louça aparecem separados por uma décima (11,5 e 11,4, respectivamente). No mesmo mês, apenas Manuela Ferreira Leite surge com avaliação negativa. Os portugueses dão-lhe um 6! "

Cuidado Marcelo, as conspirações são más conselheiras!

Nesta data, temos de pensar duas vezes antes de dar início a conspirações!
Quem despreza a História arrisca-se a repeti-la!

« Os Negativos dos Políticos A Seara Nova e o 19 de Outubro »

19 de Outubro de 1921
O 19 de Outubro de 1921 foi o fim da 1ª República. Formalmente ela continuou até 28 de Maio de 1926. Pelo meio, alguns episódios grotescos de um regime em degenerescência: as governações de António Maria da Silva, o carbonário tornado o chefe todo poderoso do PRP e dos respectivos caciques, directas ou por interpostos testas de ferro; a eleição de Teixeira Gomes para a Presidência da República, uma manobra de Afonso Costa para tentar regressar ao poder; a renúncia de Teixeira Gomes quando percebeu que nem conseguia o regresso de Afonso Costa, nem passaria de um títere nas mão do odiado chefe do PRP: renunciou e abandonou o país no primeiro barco que zarpou da barra de Lisboa com destino ao estrangeiro.

Entre o assassinato de Sidónio Pais e os massacres de 19 de Outubro de 1921, Portugal, teoricamente um regime parlamentar, viveu sob uma ditadura tutelada pelos arruaceiros e rufias dos cafés e tabernas de Lisboa e pela Guarda Nacional Republicana, uma Guarda Pretoriana do regime, bem municiada de artilharia e armamento pesado, concentrada na zona de Lisboa e cujos efectivos passaram de 4575 homens em 1919 para 14 341 em 1921, chefiados por oficiais «de confiança», com vencimentos superiores aos do exército. A queda do governo de Liberato Pinto, o principal cacique e mentor da GNR, em Fevereiro de 1921, colocou as instituições democráticas na mira dos arruaceiros e pretorianos do regime a que se juntaram sindicalistas, anarquistas, efectivos do corpo de marinheiros, etc.. O governo de António Granjo, formado a 30 de Agosto, era o alvo.

O nó górdio foi o caso Liberato Pinto, entretanto julgado e condenado em Conselho de Guerra por causa das suas actividades conspirativas. Juntamente com o Mundo, a Imprensa da Manhã, jornal sob a tutela de Liberato Pinto, atacavam diariamente o governo, tentando provar, através de documentos falsos, que o Governo projectava o cerco de Lisboa por forças do Exército, para desarmar a Guarda Nacional Republicana. No Diário de Lisboa apareceram, entretanto, algumas notas relativas ao futuro movimento. Em 18 de Agosto, um informador anónimo dizia da futura revolta: «Mot d'ordre: a revolução é a última. Depois, liquidar-se-ão várias pessoas».

O coronel Manuel Maria Coelho era o chefe da conjura. Acompanhavam-no, na Junta, Camilo de Oliveira e Cortês dos Santos, oficiais da G. N. R., e o capitão-de-fragata Procópio de Freitas. O republicanismo histórico do primeiro aliava-se às forças armadas, que seriam o pilar da revolução. Depois de uma primeira tentativa falhada, em que alguns dos seus chefes foram presos e libertos logo a seguir, o movimento de 19 de Outubro de 1921 desenrolou-se num dia apenas, entre a manhã e a noite. Três tiros de canhão disparados da Rotunda pela artilharia pesada da GNR tiveram a sua resposta no Vasco da Gama. Passavam à acção as duas grandes forças da revolta. A Guarda concentrou os seus elementos na Rotunda; o Arsenal foi ocupado pelos marinheiros sublevados, que não encontraram qualquer resistência; núcleos de civis armados percorreram a cidade em serviço de vigilância e propaganda. Os edifícios públicos, os centros de comunicações, os postos de comando oficiais caíram rapidamente em poder dos sublevados. Às 9, uma multidão de soldados, marinheiros e civis subiu a Avenida para saudar a Junta vitoriosa. Instalado num anexo do hospital militar de Campolide, o seu chefe, o coronel Manuel Maria Coelho, presidia àquela vitória sem luta.

Em face da incapacidade de resistir, às dez da manhã, António Granjo escreveu ao Presidente da República: «Nestes termos, o governo encontra-se sem meios de resistência e defesa em Lisboa. Deponho, por isso, nas mãos de V. Ex.a a sorte do Governo...» António José de Almeida respondeu-lhe, aceitando a demissão: «Julgo cumprir honradamente o meu dever de português e de republicano, declarando a V. Ex.a que, desde este momento, considero finda a missão do seu governo...» Recebida a resposta, António Granjo retirou-se para sua casa. Eram duas da tarde.

O PR recusou-se a ceder aos sublevados. Afiançou que preferiria demitir-se a indigitar um governo imposto pelas armas. Às onze da noite, ainda sem haver solução institucional, Agatão Lança avisou António José de Almeida que algo de grave se estava a passar. Perante tal, conforme descreveu depois o PR, «Corri ao telefone e investi o cidadão Manuel Maria Coelho na Presidência do Ministério, concedendo-lhe os poderes mais amplos e discricionários para que, sob a minha inteira responsabilidade, a ordem fosse, a todo o transe, mantida».

Passando a palavra a Raul Brandão (Vale de Josafat, págs. 106-107), «Depois veio a noite infame. Veio depois a noite e eu tenho a impressão nítida de que a mesma figura de ódio, o mesmo fantasma para o qual todos concorremos, passou nas ruas e apagou todos os candeeiros. Os seres medíocres desapareceram na treva, os bonifrates desapareceram, só ficaram bonecos monstruosos, com aspectos imprevistos de loucura e sonho...».

Sentindo as ameaças que se abatiam sobre ele, António Granjo buscou refúgio na casa de Cunha Leal. Cunha Leal tinha simpatias entre os revoltosos (tinha aliás sido sondado para ser um dos chefes do movimento, mas recusara) e Granjo considerou-se a salvo. Todavia, a denúncia de uma porteira guiou os seus perseguidores que tentaram entrar na casa de Cunha Leal para deter António Granjo. Cunha Leal impediu-os, mas a partir desse momento ficaram sem possibilidades de fuga porque, pouco a pouco, o cerco apertara-se e grupos armados vigiavam a casa. Apelos telefónicos junto de figuras próximas dos chefes da sublevação, que pudessem dar-lhes auxílio, não surtiram efeito.

Perto das nove da noite compareceu um oficial da marinha, conhecido de ambos, que afirmou que levaria Granjo para bordo do Vasco da Gama, um lugar seguro. Cunha Leal vacilou. Granjo mostrou-se disposto a partir. Cunha Leal acompanhou-o, exigindo ao oficial da marinha que desse a palavra de honra de que não seriam separados. Meteram-se na camioneta que afinal não os levaria ao refúgio do Vasco de Gama, mas ao centro da sublevação.

A camioneta chegou ao Terreiro do Paço onde os marinheiros e os soldados da Guarda apuparam e tentaram matar António Granjo. Cunha Leal conseguiu então salvá-lo. A camioneta entrou, por fim, no Arsenal e os dois políticos passaram ao pavilhão dos oficiais. Um grupo rodeou Cunha Leal e separou-o de Granjo, apesar dos seus protestos. Os seus brados levaram a que um dos sublevados disparasse sobre ele, atingindo-o três vezes, um dos tiros, gravemente, no pescoço. Foi conduzido ao posto médico do Arsenal.

Entretanto, vencida a débil resistência de alguns oficiais, marinheiros e soldados da GNR invadiram o quarto onde estava António Granjo e descarregaram as suas armas sobre ele. Caiu crivado. Um corneteiro da Guarda Nacional Republicana cravou-lhe um sabre no ventre. Depois, apoiando o pé no peito do assassinado, puxou a lâmina e gritou: «Venham ver de que cor é o sangue do porco!»

A camioneta continuou a sua marcha sangrenta, agora em busca de Carlos da Maia, o herói republicano do 5 de Outubro e ministro de Sidónio Pais. Carlos da Maia inicialmente não percebeu as intenções do grupo de marinheiros armados. Tinha de ir ao Arsenal por ordem da Junta Revolucionária. Na discussão que se seguiu só conseguiu o tempo necessário para se vestir. Então, o cabo Abel Olímpio, o Dente de Ouro, agarrou-o pelo braço e arrastou-o para a camioneta que se dirigiu ao Arsenal. Carlos da Maia apeou-se. Um gesto instintivo de defesa valeu-lhe uma coronhada brutal. Atordoado pelo golpe, vacilou, e um tiro na nuca acabou com a sua vida.

A camioneta, com o Dente de Ouro por chefe, prosseguiu na sua missão macabra. Era seguida por uma moto com sidecar, com repórteres do jornal Imprensa da Manhã. Bem informados como sempre, foram os próprios repórteres que denunciaram: «Rapazes, vocês por aí vão enganados... Se querem prender Machado Santos venham por aqui...». Acometido pela soldadesca, Machado Santos procurou impor a sua autoridade: «Esqueceis que sou vosso superior, que sou Almirante!». Dente de Ouro foi seco: «Acabemos com isto. Vamos». Machado Santos sentou-se junto do motorista, com Abel Olímpio, o Dente de Ouro, a seu lado. Na Avenida Almirante Reis, a camioneta imobiliza-se devido a avaria no motor. Dente de Ouro e os camaradas não perdem tempo. Abatem ali mesmo Machado Santos, o herói da Rotunda.

Não encontraram Pais Gomes, ministro da Marinha. Prenderam o seu secretário, o comandante Freitas da Silva, que caiu, crivado de balas, à porta do Arsenal. O velho coronel Botelho de Vasconcelos, um apoiante de Sidónio, foi igualmente fuzilado. Outros, como Barros Queirós, Cândido Sotomayor, Alfredo da Silva, Fausto Figueiredo, Tamagnini Barbosa, Pinto Bessa, etc., salvaram a vida por acaso.

Os assassinos foram marinheiros e soldados da Guarda. Estavam tão orgulhosos dos seus actos que pensaram publicar os seus nomes na Imprensa da Manhã, como executores de Machado Santos. Não o chegaram a fazer devido ao rápido movimento de horror que percorreu toda a sociedade portuguesa face àquele massacre monstruoso. Mas quem os mandou matar?

O horror daqueles dias deu lugar a uma explicação imediata, simples e porventura correcta: os assassínios de 19 de Outubro tinham sido a explosão das paixões criadas e acumuladas pelo regime. Determinados homens mataram; a propaganda revolucionária impeliu-os e a explosão da revolução permitiu-lhes matar. No enterro de António Granjo, Cunha Leal proclamou essa verdade: «O sangue correu pela inconsciência da turba—a fera que todos nós, e eu, açulámos, que anda solta, matando porque é preciso matar. Todos nós temos a culpa! É esta maldita política que nos envergonha e me salpica de lama». No mesmo acto, afirmaria Jaime Cortesão: «Sim, diga-se a verdade toda. Os crimes, que se praticaram, não eram possíveis sem a dissolução moral a que chegou a sociedade portuguesa».

Com o tempo, os republicanos procuraram outras explicações. Não podiam aceitar a explicação simples que teria sido a sua acção, o radicalismo da sua política, a imundície que haviam lançado desde 1890 sobre toda a classe política, a sua retórica de panegírico aos atentados bombistas (desde que favoráveis), aos regicidas, a desencadear tanta monstruosidade. Significava acusarem-se a si próprios. Outras explicações foram aparecendo, sempre mais tortuosas, acerca dos eventuais culpados: conspiração monárquica; Cunha Leal (apesar de ter sido quase morto); Alfredo da Silva (apesar de, nessa noite, ter escapado à justa e tido que se refugiar em Espanha) uma conspiração monárquica e ibérica; a Maçonaria (a acção da Maçonaria sobre a Guarda, impelindo-a para a revolução, era constante, mas isso não significa que desse ordens para aqueles crimes)

Os assassinados na Noite Sangrenta não seriam, entre os republicanos, aqueles que mais hostilidade mereceriam dos monárquicos. Eram republicanos moderados. O furor dos assassinos liquidara homens tidos, na sua maior parte, como simpatizantes do sidonismo. Não se tratava de vingar Outubro de 1910, mas sim Dezembro de 1917. Carlos da Maia e Machado Santos foram ministros de Sidónio Pais. Botelho de Vasconcelos, coronel na Rotunda, às ordens de Sidónio Pais. Se as matanças de 19 de Outubro de 1921 foram uma vingança terão de ser referenciadas à República Nova e não ao 5 de Outubro. Aliás, num gesto significativo, os revolucionários libertaram o assassino de Sidónio Pais.

Há na Noite Sangrenta factos que se impõem de maneira evidente. A 20 de Outubro, a Imprensa da Manhã reivindicou para si a glória de ter preparado o movimento, mas repudiou as suas trágicas consequências, especialmente a morte de Granjo. Ora anteriormente, dia após dia, aquele diário havia acusado e ameaçado Granjo, injuriando-o sistematicamente. Como podia agora lavar as mãos da sua morte? Aliás, a atitude dos assassinos foi concludente: depois de matarem Machado Santos, dirigiram-se na camioneta da morte à Imprensa da Manhã para lhe agradecerem o apoio e para aquela publicar os nomes dos que tinham fuzilado o Almirante. Um deles confessou mais tarde que Machado Santos havia sido localizado por informações de jornalistas da Imprensa da Manhã. Os assassinos procuravam a satisfação e a glória de uma obra realizada, no diário matutino onde se proclamara a necessidade dessa realização.

Os assassinos nunca esperaram ser castigados. Mesmo durante o julgamento sempre esperaram a absolvição. Quando foram condenados, entre gritos de vingança e de apoio à «República radical», alguns acusaram altos oficiais de não terem autoridade moral para os condenarem, pois estavam por detrás da carnificina. Os assassinos tinham, de certo modo, razão: eles tinham agido dentro da lógica que o republicanismo tinha instilado neles. Em todos os regimes que nascem e se sustentam no crime e no terror (por muito justa que a causa possa ser), há sempre o momento (ou os momentos) em que a revolução devora os próprios filhos.

Para terminar devo referir que nem Manuel Maria Coelho, nem nenhum dos «outubristas», conseguiu formar um governo estável. O horror fez todos os nomes sonantes recusarem fazer parte de um governo de assassinos. Menos de dois meses depois da revolução, António José de Almeida, em 16 de Dezembro de 1921, entregou a chefia do ministério a Cunha Leal.

A GNR foi pouco a pouco desmantelada e reduzida a uma força de policiamento rural.

A república ficara ferida de morte.

Nota - sobre este assunto ler igualmente:
A Seara Nova e o 19 de Outubro
Raul Proença e Jaime Cortesão sobre o 19 de Outubro de 1921
Os negritos são da responsabilidade deste blog e do seu autor: É que não me recordo de ouvir o prof. Marcelo condenar a participação de Belém, nem dos chamados jornalistas do Público, de se terem constituido em vulgares conspiradores !
É que também não me recordo de esta nossa História ser tratada ou discutida no Ensino Público. Porque será? Já era tempo de termos memória. Quem esquece a História arrisca-se a repeti-la!

As conspirações já não são o que eram!

Ou porque é que não havemos de agendar uma conspiração com local e data e hora e tudo?
Ao arrepio dos Estatutos do PSD, que diz querer salvar, Marcelo não tem pejo ou ponta de vergonha para propor nada menos que um complot, um conclave de notáveis (quais? escolhidos por quem?), propõe uma conspiração, um conluio, uma conjura secreta destinada a derrubar o actual poder no seu próprio partido.
Como conselho, sugere empregar uma alcateia para apascentar o rebanho.
Um bombista, o que proporia de diferente deste professor de Direito?

sábado, outubro 17, 2009

Quantas facas são precisas para trinchar este perú?

O Orçamento da Educação é apenas o maior fatia do OE.
Os investimentos acrescidos na área da Educação pelo governo cessante constituiram, ao tempo, motivo de inveja e de cobiça pura e simples.
De facto esta parte do OE constitui um fartíssimo perú que, na aproximação da época, corre sérios riscos.
A Oposição, ainda grávida dos votos emprestados, não precisou de mais de 24h para apresentar as propostas de Lei, que serviriam para reverter tudo o que pudessem, daquelas que foram as mais avançadas e sérias medidas governativas do PS: A reforma da Educação.
Mas de facto, pode o País aguentar e pagar este tipo de aventureirismos? Vejamos.
A nível educativo:
É aceitável que se regresse à taxa de abandono e de insucesso escolar de mais de 40%, só até ao 9º ano?
Pode aceitar-se de novo o grau de absentismo injustificado dos professores ou a sua presença nas Escolas, reduzida ao mínimo?
Será razoável esperar que a anulação dos Estatutos da Carreira Docente e do Aluno faça regressar à Escola Pública o regime de "não te rales" e de recusa de hierarquia indispensáveis à implementação de medidas de rigor, do respeito pela democracia, do aproveitamento escolar ou da protecção dos investimentos realizados?
Pode regressar-se às cenas televisivas de completa insegurança dentro das Escolas?
Como será possível fazer avançar, de facto, a Escolaridade até ao 12º ano sem a presença de instrumentos de gestão, de avaliação, de democracia e de responsabilidade mas, atente-se!, para TODOS os alunos?
A nível social:
Pode a sociedade aceitar as consequências devastadoras da segregação e da continuidade dos guetos sociais? Com base na ignorãncia e na impreparação para uma vida activa socialmente útil e respeitada?
Estarão as futuras gerações preparadas para conviver com mais guetos, mais Polícia, mais Tribunais e mais delinquência e pagar, outra vez, os respectivos custos?
Este círculo vicioso, que se caracteriza por ignorância, filhos na puberdade não desejados, abandono escolar, exclusão, delinquência, repressão, mais segregação, e completa impreparação para uma vida em sociedade, é o ambiente que esta oposição deseja voltar a implementar na Escola Pública e a fazer pagar ao contribuinte?
A que preço?
A resposta a estas questões encontra-se bem escondida no recheio do perú. Esta oposição está infelizmente muito mais preocupada com a sua própria barriga - ía mesmo escrever umbigo ! - com a sua sobrevivência, muito mais do que proteger a Escola Pública e o interesse geral: Está de faca afiada para trinchar o perú!
Os únicos interesses que visam são os da protecção dos interesses das corporações que capturaram e, ou do Ensino Privado que lhes garanta a reprodução dos interesses de classe social e da opressão religiosa que faz parte integrante do seu armamento repressivo e opressor.
E se, finalmente, tudo isto for conseguido fazendo pagar ao contribuinte o Ensino Privado e a manutenção dum arremedo de Escola Pública que, pela sua ineficácia, sirva os seus interesses de propaganda negativa e de justificação para um estado musculado em vez dum estado socialmente preocupado, tanto melhor!
O perú está pronto. Vai ser preciso trinchá-lo! Está na hora!
Duvido é que o PS esteja pelos ajustes e não confronte o PSD com as suas ditas preocupações sociais.
Não se pode pedir ao PS que se torne cúmplice das aventuras da direita revanchista e da esquerda irresponsável e oportunista e que, ainda, lhes paguemos a jantarada!
Os portugueses que votaram no PS deixaram um vigoroso aviso para a continuação das políticas sociais e educativas. E, salvo erro, ganharam as eleições!
Para fazer vingar as propostas da oposição vão mesmo ter de ganhar as próximas eleições e de formar novo governo.
Não será com este PS, tenho a certeza! Este PS de José Sócrates, como gostam de etiquetar, não governou para ganhar eleições. Governou para os portugueses.

terça-feira, outubro 13, 2009

Ferrer i Guardia



Assassinado o pedagogo e livre-pensador Ferrer i Guàrdia, fundador da Escola Moderna

Quais as características da pedagogía de Ferrer i Guardia ? : O Racionalismo, O Cientifismo, O Antidogmatismo, A Educação integral e permanente, A Coeducação de sexos na escola e nas turmas, Separação da Igreja e do Estado. e das crenças da realidade científica.
A Escola Moderna foi apenas um dos aspectos que compõem o extraordinário legado pedagógico de Ferrer i Guàrdia:
A criação da Escola Moderna
A criação de uma Editorial destinada à publicação de obras e livros educativos e pedagógicos
A publicação do Boletim da Escola Moderna, divulgando o ideário da escola moderna
A abertura da escola para os pais, uma espécie de Novas Oportunidades, dirigido ao público adulto com temas actuais de divulgação científica e social.

Imperdível

Em o Valor das Ideias:
Prós e Contras: O isolamento esclarecedor de José Manuel Fernandes

"Para quem tivesse dúvidas, o prós e contras de ontem foi largamente esclarecedor. O isolamento final de um José Manuel Fernandes, demolido pelos argumentos de João Marcelino - "os timings políticos não são os timings de que tem o dever de dar notícias", - pela dúvida que Marcelino deixou no ar sobre quem informou Francisco Louçã a respeito de Fernando Lima 15 dias antes da manchete do DN (acabando com a tese conspirativa da fonte governamental), e a forma como acabou criticado também por Henrique Monteiro e por André Freire, mostrou um director do público sem respostas e escudado na tese de que correspondência privada foi divulgada.
Nem com a insistência de André Freire e José Alberto Carvalho concedeu José Manuel Fernandes que há valores mais altos no dever de informar do que o facto de um mail ser ou não privado: e esse facto nem sequer era válido no assunto em causa, pois o que o DN divulgou foi apenas o essencial para a narrativa.
O futuro ex-director do Público não conseguiu apresentar uma defesa decente e corente, encostou-se demasiado ao "não falo disso", e, encostou-se descaradamente à argumentação oficial do PR, esquecendo-se que esta foi já desmontada pelo PS, e que o caso dos assessores da Presidência que colaboravam no programa do PSD foi revelada no próprio site do partido.
Triste, contudo, para o jornalismo, foi a pose arrogante e esquiva de JMF no final de debate. Criticando a moderadora por o tema LimaGate ter excedido os 20 minutos que, alegadamente, ele teria posto como tecto máximo para participar no programa.
Se por um lado esta intenção de atrofiar a discussão sobre um tema de interesse público é criticável num jornalista com as responsabilidades de JMF, por outro, é ainda mais lamentável que se tenha confirmado, nesta asserção, toda a sua responsabilidade e, por inerência, de Cavaco Silva, no processo. É que só quem tem medo do debate, quem tem algo a esconder, e procura os artifícios do tempo para fugir à discussão. E se JMF tem algo a esconder, é por demais óbvio que Cavaco também terá.
Publicada por Carlos Santos em 3:18"

segunda-feira, outubro 12, 2009

Educação, essa chave mestra do sucesso


Paul Krugman faz-nos uma descrição resumida do declínio do sistema americano de educação e revela-nos quão certos estavam o PS e o Governo ao tomarem as mais arrojadas medidas e investimentos na formação da nossa juventude, e na aposta decidida na Educação Pública, a todos os níveis:
" Se fosse preciso resumir o sucesso económico americano numa palavra, essa palavra seria "Educação". No séc. XIX, a América liderava na Educação Universal Básica..." " E nos anos que se seguiram à 2ª Guerra Mundial, a América voltou a estar na frente e a comandar a Educação Superior"..." Mas os tempos mudaram. O apogeu da educação nos Estados Unidos esteve intimamente ligado ao Ensino Público - mas nos últimos 30 anos, a nossa filosofia política dominante entendeu que qualquer gasto público é um desperdício de dinheiro dos contribuintes. A Educação, responsável por grande parte dos gastos públicos, foi fatalmente atingida por essa filosofia..."
"...Até agora, a negligência com a educação tem sido gradual - um desgaste lento da supremacia norte-americana. Mas as coisas estão prestes a piorar muito, uma vez que a crise económica - e o seu efeito exagerado no comportamento político mesquinho de economizar migalhas e a que chamam em Washington de "responsabilidade fiscal", causou um impacto severo no orçamento da Educação."
"Os EUA, que costumavam primar na educação das suas crianças, estão agora a perder para outros países desenvolvidos"
"A maioria das pessoas, creio, ainda tem a ideia de que os Estados Unidos são um oásis do Ensino Superior, devido à sua singular capacidade de oferecer educação universitária a uma parcela significativa da população. A ideia até correspondeu à realidade, no passado. Mas, hoje em dia, cada vez menos norte-americanos concluem o ensino superior. Na realidade, temos um índice de formandos ligeiramente abaixo da média dos países desenvolvidos."
"De acordo com a Secretaria de Estatística do Trabalho, a economia americana perdeu 273.000 empregos no mês passado. Entre eles, 29.000 foram na educação estadual e municipal, o que prefaz uma perda total de 143.000 lugares nessa categoria nos últimos cinco meses. Pode não parecer muito, mas a educação é uma área que precisa continuar a crescer, mesmo no cenário da crise. Os mercados podem estar instáveis, mas isso não é motivo para abandonar a educação dos nossos filhos. Mas é exactamente isso que estamos fazendo"

( Ler o resto)
A insistência da direita na destruição da Escola Pública, no cheque-ensino, no ranking das escolas, na chamada "escolha livre dos pais quanto à Educação, quanto às Escolas, e até aos curriculos, e noutras famosas propostas elitistas, apenas pretende eternizar a sua posição de classe dominante e transformar em guetos as escolas para os pobres e os desfavorecidos. Tal como está a acontecer um pouco por esse mundo do Noe-Liberalismo e da irresponsabilidade social.

Ele há dias de sorte !


In Eixo do mal...via Jugular

Enorme Vitória do PS !

Obtendo o maior número de votos e de mandatos autárquicos, o PS e José Sócrates impoêm uma derrota estrondosa às aspirações da Direita coligada e ofegante, e sobre a Esquerda irresponsável e jacobina. Mais a sindicalidade corporativa e sem espinha dorsal política. Esses estão apenas contra!
Tão grande é esta vitória, a seguir às legislativas, que a oposição de ambos os lados está de cócoras e nem pode pensar em se comportar com infantilidades nesta legislatura. O mesmo é dizer do PR que tem é que ter em conta a vontade expressa pelo Portugal profundo, pelo litoral e pelo interior, de norte a sul, e que afastou de forma decisiva quaisquer sonhos de golpes constitucionais com que andava a sonhar a pior franja dos irresponsáveis.
Esta é uma excelente altura para o PS fazer, e fazer aprovar, um verdadeiro Orçamento e Programa de Esquerda e de apoio social sem atender aos interesses dessa minoria de irrersponsáveis e de aventureiros.
Nos respectivos partidos vamos assistir a muitas mortes matadas e a outras mais naturais.
Marcelo, Paulo Portas, Pulido Valente, Manuela Ferreira Leite, Jerónimo de Sousa, Louçã, o ideólogo da Marmeleira, José Manuel Fernandes e respectivo patrão, os sindicatos dos militares, dosjuizes, disto e daquilo, mais os choros lancinantes que nos chegam do Porto e de Gaia, podem bem esperar sentados pela sua vez e pelo que os espera. Vemaí um PS de combate e em força!
O PS vai governar em minoria mas com um programa que não envergonha a esquerda que votou claramente para nos tirar da crise, para aprofundar a integração europeia e, do alto da sua competência, apreciar a outra vitória que aí vem:
A do Tratado de Lisboa, mais uma estrela na lapela do casaco de Sócrates!
E se alguém ainda não estiver convencido, é fácil: Derrubem o governo e vamos então a eleições a sério!

Uma imagem ...mais que mil palavras !

( imagem acabadinha de roubar na Machina Speculatrix, sem ponta de remorso! )
Continua a valer a diferença dos que fazem, dos que dizem que vão fazer, ou dos que acham que os outros devem fazer...

Santana insatisfeito e mal agradecido!

Com razão, Santana Lopes veio insurgir-se contra a diferença verificada entre os valores das sondagens e a margem da sua derrota eleitoral.
Dele e de mais não sei quantos partidos ( nome e adjectivo!)
Acha que perdeu por poucos...acha que deveria ter perdido por muito mais!
Também acho!

Da subsidiodependência e doutros males eleiçoeiros

Dizia o Rui Rio nas vésperas das eleições, entre perdigotos e alguma espuma biliosa:
"Este governo está a criar um país de subsídio-dependentes".
(Rui Rio e o Rendimento Social de Inserção – Porto 7/10/2009)
Hoje, aos microfones da TSF, pedia ao Governo que não esquecesse o Porto, quando da redestribuição dos dinheiros públicos....

sexta-feira, outubro 09, 2009

Obama, prémio Nobel da paz 2009

A atribuição de um prémio de prestígio internacional a Obama constitui o reconhecimento e o aplauso a uma personalidade impar dos nossos tempos. Merecedora, sem dúvida!
Apetece-me citar Camões: "Maravilha fatal da nossa idade...dado ao mundo por Deus ...para dele lhe dar parte grande..."
Isto é, reconhecendo o poder de Obama sobre todas as coisas, o comité Nobel da Noruega - país da Nato, rico, xenófobo e estranho à UE - dá com uma mão o que espera receber de imediato com a outra.
Apoia os esforços de Obama para um certo nível de desarmamento mundial;
Sublinha as iniciativas para controlar Israel e, talvez, poupar o Irão a uma terrível agressão.
Em contrapartida, confere-lhe a autoridade para continuar a guerra no Afeganistão.
Mas, talvez, terminar o bloqueio a Cuba e reestabelecer o primado da Lei e dos Direitos Humanos nos próprios EUA.
Dá-lhe sobretudo um novo respaldo à sua política interna, quando ao mesmo tempo que mantém o lobby de Israel sob controlo, aumenta a importância do papel da ONU e tenta voltar a centralizar a dispersão mundial do poder.
Nada portanto mais contraditório, mais desesperante, mas, malgré tout, tão cheio de oportunidades para alguns, os mais frágeis e desafortunados.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Lermos os outros... como reflexos na água

Dá-me ideia que ando a dizer isto, por outras palavras, e bem antes desta "polémica" com um tal Portas...:


Rendimento mínimo garantido, rendimento máximo permitido
1. Infelizmente, a direita conseguiu rebaptizar o “rendimento mínimo garantido” como “rendimento social de inserção”. Pois do que se trata é mesmo de garantir um rendimento mínimo que, para além de tudo o mais, contrarie os efeitos não só sobre os próprios mas também sobre terceiros das formas extremas de pobreza. A começar pelos efeitos sobre os mais jovens da pobreza dos pais, independentemente das razões dessa pobreza, pois a esses jovens não podem ser assacadas responsabilidades, mesmo nos casos em que elas o podem ser aos pais. Numa sociedade mais justa, a lotaria moral das heranças sociais, a começar pela lotaria da família de nascimento, não deve fixar de uma vez por todas as oportunidades de vida de cada um.

2. E, já agora, por muito que tal repugne à direita que temos, muito neoconservadora mas pouco conservadora, muito neoliberal mas pouco liberal, o inverso também é verdadeiro. O rendimento mínimo garantido deve conviver com o rendimento máximo permitido. Não há razões sociais, económicas ou morais que justifiquem o crescimento exponencial dos rendimentos individuais sem um correspondente aumento da progressividade do imposto sobre esses rendimentos. Em primeiro lugar, porque não há sucesso individual que não beneficie dos recursos sociais que viabilizam a ampliação das capacidades individuais para agir. Depois, porque o incentivo economicamente desejável ao investimento e à reprodução alargada do capitalismo é contrariado quando não há limites à busca do rendimento máximo no curto prazo. E, finalmente, porque quando a desigualdade é extrema o sentido de justiça social é moralmente abalado.

3. Portanto, senhores Rui Rio e Paulo Portas, o problema-chave em Portugal não está no rendimento social de inserção, como clamam, mas na falta de um rendimento máximo permitido. Ou seja, na necessidade de uma reforma fiscal que acentue, e muito, a actual progressividade dos impostos sobre as pessoas individuais.

Inserido por Rui Pena Pires às 12:20

Sexta-feira, Fevereiro 20, 2009
Ordenado Máximo. Precisa-se

Numa situação como a que atravessamos em Portugal vai ser preciso reduzir salários muito em breve.
E a meio de um panorama de grande desigualdade social só uma redução de rendimentos das classes mais ricas pode ser feita, sem agravar o fosso que separa os que têm muito, dos outros, que vivem no limiar da pobreza.
É urgente acabar com o regabofe dos que têm quatro, cinco, dez empregos, e outros tantos ordenados, enquanto o número de desempregados não cessa de aumentar.
Como também é urgente criar um Ordenado Máximo verdadeiramente controlado.
Esta não é uma crise de que se saia por um toque de mágica, e todas as medidas possíveis, são e serão insuficientes, qualquer que seja o Governo que saia das eleições.
Quem disser que tem uma gaveta de soluções, não fala verdade.
O que é preciso, é mais uma gaveta de seriedade.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Afinal está tudo bem.

Passado um mau momento de apoio à esquerda e de sintonia com um sentimentalismo burguês, Carvalho da Silva já foi em boa hora metido na ordem, como se impunha!:

"Estou autorizado pelo meu camarada Carvalho da Silva, que acaba de mandar uma mensagem à Comissão Coordenadora da CDU a informar das condições em que fez uma declaração sobre a situação de Lisboa mas também a transmitir a sua posição de apoio claro e inequívoco à CDU, pois entende que o país precisa de um reforço da CDU": Jerónimo de Sousa às televisões.

Acrescentar o quê?

Votem neles e depois não me venham com lamentos que foram levados ao engano.