O Orçamento da Educação é apenas o maior fatia do OE.
Os investimentos acrescidos na área da Educação pelo governo cessante constituiram, ao tempo, motivo de inveja e de cobiça pura e simples.
De facto esta parte do OE constitui um fartíssimo perú que, na aproximação da época, corre sérios riscos.
A Oposição, ainda grávida dos votos emprestados, não precisou de mais de 24h para apresentar as propostas de Lei, que serviriam para reverter tudo o que pudessem, daquelas que foram as mais avançadas e sérias medidas governativas do PS: A reforma da Educação.
Mas de facto, pode o País aguentar e pagar este tipo de aventureirismos? Vejamos.
A nível educativo:
É aceitável que se regresse à taxa de abandono e de insucesso escolar de mais de 40%, só até ao 9º ano?
Pode aceitar-se de novo o grau de absentismo injustificado dos professores ou a sua presença nas Escolas, reduzida ao mínimo?
Será razoável esperar que a anulação dos Estatutos da Carreira Docente e do Aluno faça regressar à Escola Pública o regime de "não te rales" e de recusa de hierarquia indispensáveis à implementação de medidas de rigor, do respeito pela democracia, do aproveitamento escolar ou da protecção dos investimentos realizados?
Pode regressar-se às cenas televisivas de completa insegurança dentro das Escolas?
Como será possível fazer avançar, de facto, a Escolaridade até ao 12º ano sem a presença de instrumentos de gestão, de avaliação, de democracia e de responsabilidade mas, atente-se!, para TODOS os alunos?
A nível social:
Pode a sociedade aceitar as consequências devastadoras da segregação e da continuidade dos guetos sociais? Com base na ignorãncia e na impreparação para uma vida activa socialmente útil e respeitada?
Estarão as futuras gerações preparadas para conviver com mais guetos, mais Polícia, mais Tribunais e mais delinquência e pagar, outra vez, os respectivos custos?
Este círculo vicioso, que se caracteriza por ignorância, filhos na puberdade não desejados, abandono escolar, exclusão, delinquência, repressão, mais segregação, e completa impreparação para uma vida em sociedade, é o ambiente que esta oposição deseja voltar a implementar na Escola Pública e a fazer pagar ao contribuinte?
A que preço?
A resposta a estas questões encontra-se bem escondida no recheio do perú. Esta oposição está infelizmente muito mais preocupada com a sua própria barriga - ía mesmo escrever umbigo ! - com a sua sobrevivência, muito mais do que proteger a Escola Pública e o interesse geral: Está de faca afiada para trinchar o perú!
Os únicos interesses que visam são os da protecção dos interesses das corporações que capturaram e, ou do Ensino Privado que lhes garanta a reprodução dos interesses de classe social e da opressão religiosa que faz parte integrante do seu armamento repressivo e opressor.
E se, finalmente, tudo isto for conseguido fazendo pagar ao contribuinte o Ensino Privado e a manutenção dum arremedo de Escola Pública que, pela sua ineficácia, sirva os seus interesses de propaganda negativa e de justificação para um estado musculado em vez dum estado socialmente preocupado, tanto melhor!
O perú está pronto. Vai ser preciso trinchá-lo! Está na hora!
Duvido é que o PS esteja pelos ajustes e não confronte o PSD com as suas ditas preocupações sociais.
Não se pode pedir ao PS que se torne cúmplice das aventuras da direita revanchista e da esquerda irresponsável e oportunista e que, ainda, lhes paguemos a jantarada!
Os portugueses que votaram no PS deixaram um vigoroso aviso para a continuação das políticas sociais e educativas. E, salvo erro, ganharam as eleições!
Para fazer vingar as propostas da oposição vão mesmo ter de ganhar as próximas eleições e de formar novo governo.
Não será com este PS, tenho a certeza! Este PS de José Sócrates, como gostam de etiquetar, não governou para ganhar eleições. Governou para os portugueses.
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