quarta-feira, janeiro 25, 2006

Os tiros nos pés

Solta a matilha, beiças nos cornetins, têmporas a latejar, aí está aberta a caça ao Governo:
Ontem era a fantástica história das armas da ETA.
Hoje, a recondução do Constâncio no cargo de Governador do Banco de Portugal.
Amanhã não sabemos.
O que sabemos é que os tamborzinhos da independente imprensa tomou os freios nos dentes e já lhe cheira à carniça do governo. Do próprio Sócrates.
Ontem exigiam explicações sobre uma atoarda. Hoje, tentam tolher os gestos ao governo de maioria.
Não vai ser por aí, senhores: Têm primeiro que derrubar o Governo e encontrar para isso a “tal” justificação do não funcionamento regular das instituições.

Nisto, confesso, são especialistas!
Veja-se como funciona esta oposição!

segunda-feira, janeiro 23, 2006

A cor do dinheiro

Cavaco ganhou e foi a todas as janelas - como prevíramos - e agradeceu a todos. Aos mais amigos e aos adversários. À Maria. Agradeceu até ao Marques Mendes e ao Ribeiro e Castro. Lívido, mas agradeceu.
Só faltou agradecer a quem o financiou:
Esqueceu-se do povo simples e anónimo que terá financiado quase cinco milhões de euros.
Se, por um lado, percebo a fina percepção dos pobres para vislumbrar uma boa aplicação financeira, já acho mal este esquecimento, tratando-se de dinheiro emprestado a um professor de finanças...

O desprezo da família

O incompreendido Cavaco continua a receber os protestos da maior consideração e estima um pouco por todo o lado.
O inefável jornal Le Figaro, arauto da direita, parece pouco entusiasmado com o respeitável passado construtivo de CS e, menos ainda, do papel que desempenhou na destruição da educação em Portugal, no lamentável período em que teve poder executivo :
"En vingt ans, même si le niveau de vie général a bien augmenté, même si l'on a construit tous les ponts ou autoroutes possibles ici et là, on a bel et bien oublié l'investissement primordial, celui qui fait toute la différence entre le tiers-monde et le monde développé : l'école.

Le réveil est brutal. La croissance portugaise, qui jusqu'en 2000 côtoyait celles de l'Espagne ou de l'Irlande, est aujourd'hui plate comme une limande. Le moral des Portugais, au plus bas, est inversement proportionnel à la montée du chômage et suit le feuilleton des délocalisations d'usines portugaises vers l'Afrique du Nord ou l'Asie"

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Agora, em que batalhas se(nos) vai envolver?

As gargalhadas de Deus

Tornados, primeiro, no riso da Europa e depois no escárnio do Mundo aqui fica o que de nós diz a inteligência internacional. Melhor, dizia. Antes da eleição. Agora estão pelo chão de tanto se rirem:

Portugal busca salvador
Las mujeres le estrujan por la calle, los jóvenes gritan a voz en cuello "otra vez, otra vez, el pueblo portugués quiere a Cavaco otra vez" y "Cavaco ve adelante, eres nuestro presidente". Cuando llega la comitiva de los Audi y BMW, decenas de jubilados con banderitas de tela, una tuna femenina y la máquina municipal del PSD local estallan en ovaciones y cánticos de alegría. Así se vive, más o menos, el efecto Cavaco Silva en Portugal: como si de repente Dios bajara de los cielos.

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Um traidor à janela

Afinal, como suspeitava e escrevera, os desempregados votaram nos banqueiros, os minimamente assalariados votaram no candidato da direita, os reformados das pensões de miséria deram o voto ao representante dos pensionistas dos milhares de euros, as mulheres, senhores, foram dar o voto como outras vão a Fátima. De rastos!
Por uma unha negra. Por uma mão cheia de votos.
A ironia da democracia, e do estado dela nas sociedades mediatizadas, é que os descamisados correm o risco de serem levados na propaganda, no paga dois e leva três, no viaja agora e paga em prestações.
E, quer queiram quer não, preparem-se para pagar as diversas facturas. A dos banqueiros, a dos industriais dos salários em atraso, a dos fundos europeus delapidados, a do tal monstro do serviço público, que tem um pai e mãe. A factura das corporações e dos media que lhe fizeram a eleição à medida.
Faz lembrar a velha rábula do incendiário bombeiro.
No dia 17 escrevi aqui que ele tinha escolhido o leito dos traidores e que nele se ia deitar.
Não foi preciso esperar nada.
Ontem à noite, depois do susto apanhado, veio reiterar o apoio ao Governo que odeia, e prometer os tais consensos alargados quando e sempre que possíveis...
Assim uma espécie de corporativismo libertário. Ou a quadratura do círculo.

PS- A um senhor Sousa Novais que escolheu este blog para escarrador da sua revanche, sempre lhe digo que nem a vitória foi uma cabazada, nem era a esquerda que seleccionava os eleitores. Está a tentar branquear a História. Essa é velha!
Tenha vergonha, digo-lhe eu.
Quem escolhia os eleitores, era o regime que desapareceu às mão da esquerda. Custe muito ou custe pouco! Eram eles que impediam o voto a quem não sabia ler ou tivesse menos do que a 4ª classe. Perdão, não era bem assim, no caso das mulheres tinham que ter mesmo o antigo 5º ano do liceu!
Era assim como uma Madeira em tamanho familiar. Ou crês ou morres. Ou votas em mim e tens emprego, ou vais para a miséria.
E era preciso apresentar atestado de bom comportamento civil e militar. E fazer declaração de rejeição do comunismo...
Também não votavam os emigrantes nem os imigrantes. Nem os colonizados.
E, se por acaso, alguém fosse conotado com outras “ideias” ficava sem emprego e sem carteira profissional.
Não sabia, ou está a fazer-se de imbecil?
Dono do 25 de Abril? Este blog? Valha-o Deus!
Porque será que a direita trauliteira invoca o 25 de Abril só e para espernear que ele não é da esquerda?
Até lhes posso dar alguma razão. Porque foi um golpe de estado feito pela classe militar e colonialista assustada com o espectro de mais derrotas militares.
Mas isso é outra história que não pretendo atrapalhar mais o delicado tecido cerebral do seu Novais.
Mas raras vezes têm a coragem de clamar pelo 24 de Abril que é o seu paraíso perdido


terça-feira, janeiro 17, 2006

O traidor e as janelas

Cavaco Silva se vier a ser eleito pela ignorância do povo e pela mais descarada demagogia e populismo de direita, depara-se com um inevitável conflito. Ou talvez não.
O homem, uma vez eleito, teria que resolver a seu favor um conflito insanável consigo e com a História:
Ou nega tudo quanto trejurara durante a campanha eleitoral em matéria de “estabilidade” e de “cooperação institucional” e, para salvar a face, vai enfrentar o Parlamento democraticamente eleito ou, suprema ironia, faz de morto e descompromete-se dos seus apoiantes que o subvencionam e o esperam utilizar como arma de retaliação contra a democracia, os direitos, as liberdades e a justiça.
Ser pago pela alta burguesia ainda colonialista, incapaz de competir em economia aberta, e andar a cantar a Grândola Vila Morena, comporta os germes da putrefacção da democracia ou dele próprio.
Em qualquer dos casos o papel que lhe está reservado é o do traidor: a uns ou a outros.
Aos eleitores, caídos muitos deles no conto do vigário, ou aos insuportáveis patrocinadores, proponentes da vigarice!
Dada a tradição que por aí ainda vigora sobre o tratamento a dar a traidores, quer-me parecer que seria avisado mandar pregar as janelas dos palácios...