Afinal, como suspeitava e escrevera, os desempregados votaram nos banqueiros, os minimamente assalariados votaram no candidato da direita, os reformados das pensões de miséria deram o voto ao representante dos pensionistas dos milhares de euros, as mulheres, senhores, foram dar o voto como outras vão a Fátima. De rastos! Por uma unha negra. Por uma mão cheia de votos. A ironia da democracia, e do estado dela nas sociedades mediatizadas, é que os descamisados correm o risco de serem levados na propaganda, no paga dois e leva três, no viaja agora e paga em prestações. E, quer queiram quer não, preparem-se para pagar as diversas facturas. A dos banqueiros, a dos industriais dos salários em atraso, a dos fundos europeus delapidados, a do tal monstro do serviço público, que tem um pai e mãe. A factura das corporações e dos media que lhe fizeram a eleição à medida. Faz lembrar a velha rábula do incendiário bombeiro. No dia 17 escrevi aqui que ele tinha escolhido o leito dos traidores e que nele se ia deitar. Não foi preciso esperar nada. Ontem à noite, depois do susto apanhado, veio reiterar o apoio ao Governo que odeia, e prometer os tais consensos alargados quando e sempre que possíveis... Assim uma espécie de corporativismo libertário. Ou a quadratura do círculo. PS- A um senhor Sousa Novais que escolheu este blog para escarrador da sua revanche, sempre lhe digo que nem a vitória foi uma cabazada, nem era a esquerda que seleccionava os eleitores. Está a tentar branquear a História. Essa é velha! Tenha vergonha, digo-lhe eu. Quem escolhia os eleitores, era o regime que desapareceu às mão da esquerda. Custe muito ou custe pouco! Eram eles que impediam o voto a quem não sabia ler ou tivesse menos do que a 4ª classe. Perdão, não era bem assim, no caso das mulheres tinham que ter mesmo o antigo 5º ano do liceu! Era assim como uma Madeira em tamanho familiar. Ou crês ou morres. Ou votas em mim e tens emprego, ou vais para a miséria. E era preciso apresentar atestado de bom comportamento civil e militar. E fazer declaração de rejeição do comunismo... Também não votavam os emigrantes nem os imigrantes. Nem os colonizados. E, se por acaso, alguém fosse conotado com outras “ideias” ficava sem emprego e sem carteira profissional. Não sabia, ou está a fazer-se de imbecil? Dono do 25 de Abril? Este blog? Valha-o Deus! Porque será que a direita trauliteira invoca o 25 de Abril só e para espernear que ele não é da esquerda? Até lhes posso dar alguma razão. Porque foi um golpe de estado feito pela classe militar e colonialista assustada com o espectro de mais derrotas militares. Mas isso é outra história que não pretendo atrapalhar mais o delicado tecido cerebral do seu Novais. Mas raras vezes têm a coragem de clamar pelo 24 de Abril que é o seu paraíso perdido |
segunda-feira, janeiro 23, 2006
Um traidor à janela
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9 comentários:
A conversa do 25 de Abril pode ser outra mas nao deixa de ter a sua importancia. A historia feita em novelo presta assistencia a quem nos quer mentir sobre a nossa realidade social.
Parece ate que os Portugueses se esquecem do passado. Eu propunha em alternativa que a muitos portugueses, tao profundamente adormecidos que foram, nada se lhes inscreve na carne, nada os marca, tudo segue indiferente.
A vitoria do Cavaco nao foi mais, como indicas, a boda do nosso envenenamento cognitivo.
Tens razão companheiro.
O problema é que os oportunistas de direita acabaram por descobrir que a diferença entre a ditadura e a democracia é a que destingue o assalto à mão armada e o conto do vigário...
E o azar é que há sempre ou umas vítimas das ditaduras, ou uns tontinhos para comprarem as cautelas premiadas.
"Mas raras vezes têm a coragem de clamar pelo 24 de Abril que é o seu paraíso perdido."
Está enganado, posso não andar com mão em punho, um cravo na lapela a cantar Grandola Vila Morena, mas isso não significa que tenha saudades do 24 de Abril. Até lhe digo mais, se calhar mais do que V. Exa, a minha família sofreu com o regime salarista: telefones sob escuta, exílios e perseguição política. Sabe, é que não foi só a esquerda a ser perseguida.
Minha querida flor, folgo em saber que para votar é preciso curso! Independentemente das percentagens de voto, constato que o Cavaco ganhou en todos os distritos menos em Beja, onde perdeu por 157 votos. Constato também, mais uma vez, a arrogância e o elitismo de V. Exas. O "outro senhor" que por cá andou gostaria certamente de os ter por conselheiros. Acho que nem vale a pena responder a tais parvoíces e snobeiras. Passem bem. Daqui a 5 anos apanham outra vez! Cumprimentos do Professor Sousa Novais.
P.S.: Já agora, que conhece tão bem a realidade, diga-me lá quais as taxas de analfabetismo e o absentismo escolar.
É evidente Flor. Retirem-se os votos dos analfabetos, das domesticadas e dos reformados do antigo regime e o Cavaco fica a 100.000 votos da eleição.
Desta vez foi eleito.
Que lhe faça bom proveito e que esses "perseguidos" da direita, como o seu Novais, tenham muita sorte e os seus filhos não precisem de emigrar.
Nem lhe respondo às "perseguições".
Ser anti-fascista não tem nada a ver com a genética. Ele está enganado.
Tem a ver é com a vergonha!
Já agora retirem-se os votos das prostitutas, dos chulos, dos presos, dos ladrões e dos subsidiados do novo regime e o Cavaco ganha à 1.ª com 70% dos votos. Vocês são de facto muito tapados. Andam a ver muitos filmes!
Tu vestes a "camisa castanha" com desenvergonhado orgulho!
Querida Flor,
continuo à espera das taxas de analfabetismo e o absentismo escolar em Portugal. Se fizesse o obséquio...
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