O Correio da Manhã, também conhecido por ser um tabloide sem qualquer ponta de responsabilidade ou de vergonha, prossegue a sua campanha contra este governo e contra o PS
Ó homem ao mar, até eu ando apreensiva.Por que é que não deixaram os jornalistas ter acesso aos processos das casinhas? Acha normal? Eu acho que ali há gato. Ou afinal alguém tem medo?
O que me surpreenderia, se ainda me surpreendesse, é este seu súbito interesse pela boataria. O que é que sabe que nós ignoramos? Foi feito um inquérito? Excelente! Vai ser feito um outro? Mais excelente ainda. Anda a professora preocupada com quê? Ou também tem uma costela policial? O que me parece evidente, é que perdida a causa dos profesores agitados, que se esvaziou, a Setora anda agora a tentar ter as dores de outras batalhas. E se quer que lhe diga, continuo a pensar que em nenhuma delas fica muito bem. Se fosse a si não ía por aí. São caminhos ínvios e pouco condizentes com a sua condição de Setora.
Tss, tss, então e a minha cidadania? Apesar de passar muuuito do meu tempo na escola e fora da escola a trabalhar para os alunos, sobra-me tempo para dar conta do que se passa à minha volta. E sem dar conta do que se passa ao meu lado nem poderia cumprir a minha função. Saiba que cresce o número dos meus alunos com fome, cresce o número de pais desempregados, crescem as dificuldades...e tudo isto alarga as causas dos professores.
Ora aí está uma constatação notável: A professora diz-se atenta ao que a rodeia. São boas notícias, e promissoras mesmo. Mas olhe que não é preciso ser um especialista em entre-linhas para ver outras preocupações naquilo que escreve: a) "trabalhar para os alunos"? Então não seria mais correcto dizer que trabalha para o Ensino? Esse pezinho que lhe resvalou para o desgosto profissional é como o rabo do gato. O que se queria esconder, lembra-se? b) "Passo muuuito do meu tempo na escola" : pois quando é que algum trabalhador se lembrou de dizer que "passa muuuito" tempo no trabalho? Diga lá com franqueza. Confesse lá: Está farta da sua profissão não está? Já não pode ver criancinhas e gosta tanto delas como de pão azedo, não é? Pois é, dá para entender! E a pérola em cima da broa: c) "alunos com fome...dificuldades..pais desempregados...tudo o que alarga as causas dos professores" : Tenha paciência. Então são estes os motivos e a razão da luta dos professores e do que ela se alimenta? Da fome dos alunos? Do desemprego? das dificuldades? E eu a julgar que estava a tratar com uma profissional do ensino, uma daquelas que enfretam as dificuldades e que desejam mudar o mundo para melhor . Não os que fazem das dificuldades, da fome e do desemprego dos outros o estribo para as suas reivindicações corporativas e descabeladas. Afinal já não são as campanhas negras nem os boatos dos tabloides que vos motivam. É o desemprego e a fome. Já desconfiava disso! Eu não lhe tinha já dito que o caminho que tinha escoplhido, esse dos boatos e dos oportunismos, não era nada recomendável para uma professora? Eu não lhe tinha já dito que sou de uma família de professores dedicados e que trabalharam até ao final das suas vidas, exactamente com os mais pobres e os mais desprotegidos? Que desde o Ferrer Correia, ao José Falcão, até ao professor Lemos do alto da serra, à professora Claudina que ensiva sopeiras, apesar dos seus 80 anos, de borla, "porque coitadas nunca tiveram possibilidade de irem à escola", eu já vi muita dedicação? Que aqui em casa há quem trabalhe 12 e mais horas por dia e que viva entusiasmada com a sua escola e as suas dificuldades? E que se vira todos os dias com essas dificuldades, sem atender a origens de classe, nem étnicas, nem sociais? E vem-me a Setora falar que a fome, dos outros, alarga as causas da sua luta? E desculpe o desabafo: Não sente vergonha de o pensar? Nem de o escrever? Só falta dizer que foi este governo que fabricou a crise e que também é dono das fabriquetas que andam a encerrar pelo País! Ou que é culpa deste governo o número de desempregados sem habilitações profissionais ou daqueles que acabaram cursos superiores sem utilidade nem uso? Ou dos banqueiros transfugas e desmemoriados que têm dez empregos e ainda são da nomeação presidencial para o Conselho de Estado? O estado a que chegou, professora! A professora anda em que mundo? Fico à disposição. MFerrer
Eu não trabalho para o Ensino que nem sei o que isso é. Trabalho mesmo para os alunos. E não tenho com isso desgosto profissional. A coisa chata é quando tentam impedir-me de fazer o trabalho que devo com eles. E não estou farta da minha profissão. Agora se acha que não devo incomodar-me com os alunos que têm fome, se acha que devo ficar indiferente e nada fazer, que nada disso afeta o trabalho deles - é opinião sua, que suponho não é professor. A alfinetada corporativa não me pica. E a sua árvore genealógica não me intimida. A minha avó bate aos pontos a professora Claudina. Aos 86 também se mantinha a dar aulas, naturalmente que à borla e a quem delas precisava. Quantos professores quer e até que geração? Para trás e para a frente, diga lá quantos quer. Gente discreta e dedicada. Será um despique curioso, bah! O que me espanta é que você não tenha vergonha de me dizer que a fome dos outros não deve incomodar-me. E acho que só lhe falta mesmo dizer-me que sou eu a autora da crise. Se você tem de defender o governo, pois cumpra o seu papel. Eu não tenho. E não tenho de defender empresários trafulhas, banqueiros vigaristas, membros amnésicos do conselho de estado, presidentes da república, primeiros-ministros... Sou tão livre quanto posso. Tão livre que até aqui venho deixar prosa. Fique bem
5 comentários:
Ó homem ao mar, até eu ando apreensiva.Por que é que não deixaram os jornalistas ter acesso aos processos das casinhas? Acha normal? Eu acho que ali há gato.
Ou afinal alguém tem medo?
O que me surpreenderia, se ainda me surpreendesse, é este seu súbito interesse pela boataria.
O que é que sabe que nós ignoramos?
Foi feito um inquérito?
Excelente!
Vai ser feito um outro? Mais excelente ainda.
Anda a professora preocupada com quê?
Ou também tem uma costela policial?
O que me parece evidente, é que perdida a causa dos profesores agitados, que se esvaziou, a Setora anda agora a tentar ter as dores de outras batalhas.
E se quer que lhe diga, continuo a pensar que em nenhuma delas fica muito bem.
Se fosse a si não ía por aí. São caminhos ínvios e pouco condizentes com a sua condição de Setora.
Tss, tss, então e a minha cidadania? Apesar de passar muuuito do meu tempo na escola e fora da escola a trabalhar para os alunos, sobra-me tempo para dar conta do que se passa à minha volta. E sem dar conta do que se passa ao meu lado nem poderia cumprir a minha função. Saiba que cresce o número dos meus alunos com fome, cresce o número de pais desempregados, crescem as dificuldades...e tudo isto alarga as causas dos professores.
Ora aí está uma constatação notável: A professora diz-se atenta ao que a rodeia. São boas notícias, e promissoras mesmo. Mas olhe que não é preciso ser um especialista em entre-linhas para ver outras preocupações naquilo que escreve:
a) "trabalhar para os alunos"? Então não seria mais correcto dizer que trabalha para o Ensino? Esse pezinho que lhe resvalou para o desgosto profissional é como o rabo do gato. O que se queria esconder, lembra-se?
b) "Passo muuuito do meu tempo na escola" : pois quando é que algum trabalhador se lembrou de dizer que "passa muuuito" tempo no trabalho? Diga lá com franqueza. Confesse lá: Está farta da sua profissão não está? Já não pode ver criancinhas e gosta tanto delas como de pão azedo, não é? Pois é, dá para entender!
E a pérola em cima da broa:
c) "alunos com fome...dificuldades..pais desempregados...tudo o que alarga as causas dos professores" : Tenha paciência.
Então são estes os motivos e a razão da luta dos professores e do que ela se alimenta? Da fome dos alunos? Do desemprego? das dificuldades?
E eu a julgar que estava a tratar com uma profissional do ensino, uma daquelas que enfretam as dificuldades e que desejam mudar o mundo para melhor . Não os que fazem das dificuldades, da fome e do desemprego dos outros o estribo para as suas reivindicações corporativas e descabeladas.
Afinal já não são as campanhas negras nem os boatos dos tabloides que vos motivam. É o desemprego e a fome. Já desconfiava disso!
Eu não lhe tinha já dito que o caminho que tinha escoplhido, esse dos boatos e dos oportunismos, não era nada recomendável para uma professora?
Eu não lhe tinha já dito que sou de uma família de professores dedicados e que trabalharam até ao final das suas vidas, exactamente com os mais pobres e os mais desprotegidos? Que desde o Ferrer Correia, ao José Falcão, até ao professor Lemos do alto da serra, à professora Claudina que ensiva sopeiras, apesar dos seus 80 anos, de borla, "porque coitadas nunca tiveram possibilidade de irem à escola", eu já vi muita dedicação? Que aqui em casa há quem trabalhe 12 e mais horas por dia e que viva entusiasmada com a sua escola e as suas dificuldades? E que se vira todos os dias com essas dificuldades, sem atender a origens de classe, nem étnicas, nem sociais?
E vem-me a Setora falar que a fome, dos outros, alarga as causas da sua luta? E desculpe o desabafo: Não sente vergonha de o pensar? Nem de o escrever?
Só falta dizer que foi este governo que fabricou a crise e que também é dono das fabriquetas que andam a encerrar pelo País!
Ou que é culpa deste governo o número de desempregados sem habilitações profissionais ou daqueles que acabaram cursos superiores sem utilidade nem uso?
Ou dos banqueiros transfugas e desmemoriados que têm dez empregos e ainda são da nomeação presidencial para o Conselho de Estado? O estado a que chegou, professora!
A professora anda em que mundo?
Fico à disposição.
MFerrer
Eu não trabalho para o Ensino que nem sei o que isso é. Trabalho mesmo para os alunos. E não tenho com isso desgosto profissional. A coisa chata é quando tentam impedir-me de fazer o trabalho que devo com eles. E não estou farta da minha profissão. Agora se acha que não devo incomodar-me com os alunos que têm fome, se acha que devo ficar indiferente e nada fazer, que nada disso afeta o trabalho deles - é opinião sua, que suponho não é professor.
A alfinetada corporativa não me pica.
E a sua árvore genealógica não me intimida. A minha avó bate aos pontos a professora Claudina. Aos 86 também se mantinha a dar aulas, naturalmente que à borla e a quem delas precisava. Quantos professores quer e até que geração? Para trás e para a frente, diga lá quantos quer. Gente discreta e dedicada. Será um despique curioso, bah!
O que me espanta é que você não tenha vergonha de me dizer que a fome dos outros não deve incomodar-me.
E acho que só lhe falta mesmo dizer-me que sou eu a autora da crise.
Se você tem de defender o governo, pois cumpra o seu papel. Eu não tenho.
E não tenho de defender empresários trafulhas, banqueiros vigaristas, membros amnésicos do conselho de estado, presidentes da república, primeiros-ministros...
Sou tão livre quanto posso. Tão livre que até aqui venho deixar prosa.
Fique bem
Enviar um comentário