O Ogre que está pr'álem do mar
Sem liberdade, ergueu-se a voar;
À roda das notas voou três vezes,
Voou três vezes a roubar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nos sujos negócios que não desvendo,
Nos saldos das minhas contas sem fundo?»
E o homem do povo disse, tremendo:
Primero Sócrates, e eu segundo!»
«De quem são as notas do grande poço?
Dá-me os euros que devoro com'colosso!»
Disse o Ogre, e roubou mil vezes,
Mil vezes roubou imundo e grosso.
«Quem vem ver o que só eu posso?,
Que gasto sem que alguém me ouvisse
Esgoto orçamentos, gasto-os sem fundo!»
E o homem do povo tremeu, e disse:
Primero Sócrates, e eu segundo!»
Três vezes das notas as mãos ergueu,
Três vezes às notas as reprendeu,
E disse, depois de roubado mil vezes:
«Agora este povo é mais do que eu:
É povo que quer de volta aquilo qu'é seu;
E mais que o Ogre, que tanto me agonia
E rouba as notas de todo o mundo,
Manda a vontade! Estamos em sintonia!,
Primero Sócrates, e eu segundo!»
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