quarta-feira, outubro 20, 2010

Com estas "condições" a poucos dias da discussão do OE, Passos Coelho acaba de se meter na toca!

Um verdadeiro buraco, um beco sem saída, foi o que escolheu o jovem Passos.
As condições que apresentou, sabe-o bem, não são aceitáveis nem parecem constituir um patamar negocial. Longe disso!
Mas têm todas as condições para um dictat, um ultimato:

1. Aumento do IVA de apenas um ponto percentual
O PSD quer reduzir para metade o aumento do IVA que a proposta do Governo prevê para 2011. Em vez de serem dois pontos percentuais, os social-democratas exigem apenas um ponto percentual. Mas mesmo o ponto percentual que o Governo quer aumentar em 2011, o PSD exige que seja transitório e que ao longo do próximo ano o Governo assegure um novo corte na despesa prevista equivalente ao 1% de aumento de IVA. / Isto é, o PSD exige que o PS se suicide e que deixe de controlar o consumo público eabandone os apoios sociais a quem mais precisa. Os economistas do PSD fingem que o consumo pode continuar a ser o que era e que conduziu as famílias,as contas externas e os bancos, à falência. Confirmam com esta medida a sua imensa consciência social no abandono aos desempregados e suas famílias, enquanto os empregados podem continuar a impoprtar e a consumir à vontade.

2. Suspensão das parcerias público-privadas e das grandes obras
É um velho cavalo de batalha de Passos Coelho. O líder do PSD exige que o Governo suspenda as parcerias público-privadas (que equivalem à compra de "100 submarinos" nos próximos anos) e de grandes obras como o TGV. / Isto é outra proposta de suicídio assistido do PS. Acabava-se o investimento, a renovação do Parque Escolar, o programa de barragens, a construção de hospitais seria revogada. Idem para o TGV e para o Aeroporto. Resultado? Crescimento exponencial do desemprego e bancarrota de bancos e a falência em série de Empresas. Não utilização massiva de Fundos Europeus e consequente abandono de qualquer perspectiva de crescimento económico. Seria o remédio da sangria até morrermos todos.

3. Cabaz alimentar com IVA a 6%
O PSD quer manter o IVA dos produtos do cabaz alimentar nos 6%. O produto paradigma desta medida é o leite com chocolate que os social-democratas pretendem que não venha a ter um IVA de 23%./ O populismo em força! Desta vez, a golos de leite achocolatado, pretende comprar votos das avozinhas reformadas que coitadinhas vão ter de gastar mais uns tostões a sobre-alimentar os seus rebentos, à custa de produtos há muito condenados pelos nutricionistas como indesejáveis numa dieta saudável, mas muitíssimo úteis na caça ao voto da tal classe média de que é um campeão! E, sobretudo, na protecção de multinacionais que controlam a comercializaçãpo desses aditivos alimentares. Só idiotas desconhecem as regras do comércio de tais produtos e do cinismo dos seus fornecedores. Uma das características da mentalidade terceiro-mundista é esta de gastar mal em produtos que disfarçam a sua periculosidade através de apelos enganosos ou de aditivos inúteis e péssimos do ponto de vista da alimentação racional.

4. Deduções fiscais pagas em títulos do tesouro
Passos Coelho tinha exigido que o Governo não aumentasse a carga fiscal por via da redução das deduções fiscais. Acaba por recuar mas mantém esta bandeira: pretende que, em 2011, os portugueses possam trocar a redução nas deduções fiscais que a proposta do Governo prevê por títulos do tesouro. Esta medida aplica-se apenas a despesas de saúde, educação e habitação. / Isto é, empurra coma delicada barriga,para mais tarde, com letras de saque a 120 ou a 180 dias, as deduções que os mais ricos podem fazer por terem filhos a estudar em colégios privados - já subsidiados pelo OE! - e nas despesas com medicina privada, que isto de estar em filas de espera com o povoléu é uma coisa muitíssimo desagradável... Assim, duma penada, varria para debaixo do tapete o problema das deduções impróprias mas que, afinal, seriam era pagas pelo nosso conhecido contribuinte, uns meses depois!

5. Agência independente para as contas públicas
O PSD vai seguir o conselho do governador do Banco de Portugal e exigir a criação de uma agência independente que monitorize a evolução das contas públicas, alargando ao seu radar de análise todo o sector empresarial do Estado. No entanto, o PSD pretende que esta agência funcione no Parlamento e efectue controlos mensais das contas públicas. /Continua a ser uma fixação esta ideia da tal Agência independente (?) para rever as Contas Públicas. Para quem tanto se diz contra a aquisição de trabalho exterior ao Estado, ora aqui está uma guloseima para esses negociantes. Não lhe chega a Comissão Europeia, o BCE ou o Banco de Portugal. O Tribunal de Contas não é fiar. E lá teríamos que pagar a esses novos "agentes independentes"!

6. Verdade das contas orçamentais
O PSD não baixa a guarda sobre o que se passou nas contas públicas deste ano. Pretende saber qual é o défice implícito a partir do qual o Governo pretende alcançar o défice de 4,6% em 2011. Isto é, Passos Coelho exige que o Governo esclareça, sem medidas adicionais, qual seria o défice do Estado em 2010. Assim como, o valor discriminado das medidas extraordinárias que terão reflexo nas contas públicas deste ano. / Claro! O que é preciso é colocar muita areia na máquina a ver se ela se vai abaixo. Agora, trata-se do défice implícito que exigem conhecer 90 dias antes do seu apuramento final. Quer ser, e é, muito mais desconfiado do que as Agências de Rating. Ganda serviço prestado ao País!
Pode até ganhar o diploma do que mais contribuiu para o descrédito e para o afundanço do nosso rating!
As tais Agências agradecem. É o seu ganha-pão!

Aposto singelo contra dobrado que o que está garantido ao PSD é um não do PS a estas propostas .
O que elas de facto propõem é a constituição da próxima maioria absoluta do PSD por abandono de campo do PS!
Quem é que aceitaria entregar-lhes o governo, se de seguida apenas prometem proteger os seus amigos, correligionários e de fazer valer a lei da selva?
Na Educação?
Nas relações com a Igreja?
No papel social do Estado?
Na Saúde?
Nas políticas de Emprego?
Na redistribuição dos sacrifícios e dos réditos?
O PSD só pode estar enganado!
Que derrubem então o governo e, se ganharem as próximas eleições, que mostrem a verdadeira face.
Estaremos cá para os atender!

2 comentários:

Brasilino Pires disse...

Ora bolas, singelo contra dobrado?
Grande avaria!
Queria dizer Dobrado contra singelo?
Homem, então diga...

MFerrer disse...

Caro Brasílio,
Deve estar coberto de razão!
De facto tudo depende do nosso posicionamento: o que que é real?
A imagem no espelho, ou o original?
Mea culpa, mea tantíssima culpa.
Obrigado pela correcção.