segunda-feira, outubro 17, 2011

A vigésima quarta hora e meia

A minha consideração e respeito pelos economistas não se restringe aos clássicos. Começo a temer pelo que disseram os gregos que nem a distinguiam da sociologia, receio que Proudhon seja uma sombra de si mesmo:
"Ser governado significa ser observado, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, cercado, doutrinado, admoestado, controlado, avaliado, censurado, comandado; e por criaturas que para isso não tem o direito, nem a sabedoria, nem a virtude... Ser governado significa que todo movimento, operação ou transação que realizamos é anotada, registrada, catalogado em censos, taxada, selada, avaliada monetariamente, patenteada, licenciada, autorizada, recomendada ou desaconselhada, frustrada, reformada, endireitada, corrigida. Submeter-se ao governo significa consentir em ser tributado, treinado, redimido, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; tudo isso em nome da utilidade pública e do bem comum. Então, ao primeiro sinal de resistência, à primeira palavra de protesto, somos reprimidos, multados, desprezados, humilhados, perseguidos, empurrados, espancados, garroteados, aprisionados, fuzilados, metralhados, julgados, sentenciados, deportados, sacrificados, vendidos, traídos e, para completar, ridicularizados, escarnecidos, ultrajados e desonrados. Isso é o governo, essa é a sua justiça e sua moralidade! ... Oh personalidade humana! Como pudeste curvar-te à tamanha sujeição durante sessenta séculos?
Pierre-Joseph Proudhon
Parece uma introdução demasiado rebuscada, rócócó e barroca para uma coisa tão simples como um Orçamento que nos vai fazer regressar ao século XIX?

Eu, no vosso caso pensaria duas vezes! Dois quaartos de hora!

È que o ridículo desta meia hora de trabalho grátis, é demasiado ridícula para ser criticada:

- Vão os comboios passar St Apolónia e entrar na Pç do Comércio? Ou voltam para trás até Braço de Prata?

- Vão os médicos iniciar uma operação que só termina no dia seguinte?

- A que horas afinal acabam os transportes públicos, ou o pessoal regressa pé?

- Qual a poupança na concentração das horas de ponta e quanto custam os carros parados nos imensos parques de estacionamento em que se transformaram os acessos às grandes cidades?

- Qual o acréscimo de consumo de energia eléctrica nessa meia hora que nada acrescenta aos turnos de trabalho, além duma gigantesca e incompetente confusão?

- Os cargueiros vão demorar mais meia hora a atracar?

- As rotativas, o que farão, logo que acabe a impressão do jornal?

- O peixe vai esperar meia hora para ser desembarcado e vendido na lota?

- Os aviões param no ar?

Quem foi o génio da anedota que pariu esta ideia peregrina? e quanto é que vai custar?

Afinal as vacas têm razão para rir

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