( Que fazer quando encontramos escritos claros, desassombrados e oportunos? Copy & paste!:
Com a devida vénia à Menina não entra, aqui fica esta excelente análise sobre a cultura, a ideologia e a liberdade :
"Parece que há para aí agora uns betinhos que lêem livros, argumento suficiente para refutar o preconceito segundo o qual a direita seria alérgica à cultura.
No DN de ontem, relatando um debate sobre a relação entre a direita e a cultura em que participou, Pedro Lomba tem a bondade de nos iluminar:"Foi em grande parte por causa do comunismo e da durabilidade do comunismo no século XX que a pretensa hostilidade da direita à cultura começou a ser usada como argumento político contra ela. No século XIX ninguém se lembraria de dizer que os conservadores ou os monárquicos não liam livros, até porque as elites liam livros."
(Note-se que, para este jovem, tanto "elite" como "monárquico" eram, no século XIX, sinónimos de direita. Não tenho tempo para lhe explicar porque isso é uma tolice.)
Deixemos então de lado os detalhes, e perguntemos directamente o que mudou desde o século XIX na posição da direita em relação à cultura?O que mudou, no essencial, é que agora há democracia - no sentido elementar de todos os habitantes adultos de um país terem direito de voto - e no século XIX não havia.
Isso criou um problema. Se toda a gente vota, e a maioria das pessoas são pobres, como evitar a eleição de um governo que legisle contra os ricos e os poderosos?
A solução historicamente encontrada, e ainda hoje não superada, consistiu em arranjar uma maneira de pôr uma parte dos pobres a votar com os ricos e poderosos.
E como se faz isso?
Vai-se arrebanhar aquela parte mais ignorante da população e mete-se-lhe medo.
É a santa aliança, nunca atraiçoada, entre o privilégio e a ignorância.
Continua a funcionar em toda a parte. Nos EUA como em Portugal.
Daí resultou um difícil relacionamento entre a direita e a cultura.
Embora provavelmente haja tantos criadores à direita como à esquerda, a direita receia e frequentemente hostiliza a cultura, pelo simples facto de que ela tende a enfraquecer a submissão à autoridade, a estimular o pensamento independente e a favorecer a rejeição das superstições de todo o género de cuja sobrevivência os poderosos dependem."
1 comentário:
Sobre esta discussão de a direita ser avessa à cultura, já me pronunciei, também, em tempo oportuno. É, talvez, um dos maiores disparates da actualidade, reforçado (como quase todos os mitos) pela sua propalação desmedida, seja nos tablóides, seja na conversa de café, seja, mesmo, entre algumas elites universitárias. Em Portugal, como no resto do mundo, a direita tem excelentes representantes ligados à cultura - bons poetas, bons escritores, bons actores, bons professores, bons pintores, etc., etc., etc.. Agradeço-lhe, no entanto, o ter recordado este tema que, para mim (e, pelos vistos, apenas para mim), estava já um pouco esquecido. A ele voltarei, no meu blogue, em tempo oportuno, aproveitando a sua deixa para relançar um debate que não pode, de facto ser esquecido.
Parabéns pelo blogue, bastante incisivo. Figurará, brevemente, nos meus links.
Os melhores cumprimentos!
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