sábado, novembro 26, 2005

O Jumento em plena forma

Sem mais delongas que a malta tem mais que ler ao domingo,fica aqui o melhor post do dia - so far! :

" OS JUÍZES PERDERAM A CALMA...
A ditadura criou os tribunais plenários onde os defensores da democracia eram agredidos em plena sala do tribunal pela polícia política, mas os juízes mantiveram a calma.
O latifundiário foi condenado num tribunal plenário, o Spínola armou-se em bombista, o parlamento foi cercado, o país embebedou-se, mas os juízes souberam manter a calma.
Os arguidos são esquecidos na prisão a aguardar que alguém os julgue, até que um dia ultrapassam todos os prazos da prisão preventiva e sejam libertados, para muitas vezes nem serem julgados, mas os juízes conseguem manter a calma.
A economia do país afunda-se com a ausência de justiça e o arrastar por décadas nos tribunais, mas os juízes conseguem manter a calma.
O juiz de instrução entra pelo parlamento para pender um perigoso deputado com todas as televisões a acompanhá-lo, e os juízes mantiveram a calma.
Um funcionário das alfândegas aparece enforcado com os pés partidos e a PJ arquiva o processo considerando que houve um caso de suicídio, e os juizes mantiveram a calma.
O governo retira benesses aos juízes e reduz-lhes as férias judiciais e os juízes perderam a calma.
Compreende-se a reacção dos juízes, é difícil manter a calma perante tanta barbaridade!
Posted at 11/26/2005 8:59:59 am by Jerico

PS- e hoje o Público denuncia que os Juizes não declararam a greve que fizeram e vão receber como se não a tivessem feito: Isto não está previsto no Código penal? Receber o que não tem direito usando para tal de artifícios e omissões? Com dolo? Com responsabilidades agravadas pela própria profissão?
O PGR e o PR nada têm a dizer?
Os juizes tomaram o poder?
Quando ? Terá sido no 25 de Novembro? Isto é deles?

1 comentário:

Arrebenta disse...

Sábado, Novembro 26, 2005
GRANDE ENTREVISTA DE CAVACO SILVA A KATIA REBARBADO D'ABREU (5ª Parte) - "Cultura"

(Continuação)

K.R.A. — Professor Cavaco Silva, falemos de Cultura. Para muitos Portugueses, quando se fala de “Cultura” a ideia que têm do Professor é a mesma que têm de Goebbels: saca logo do revólver… (risos)

C.S. – (risos) Por amor de Deus, minha senhora, isso é um disparate!... Leia o meu manifesto “As Minhas Ambições para Portugal”, e verá quantas vezes lá aparece a palavra “cultura”...

K.R.A. — Esse é um manifesto abstracto, que fala de um futuro que só poderá acontecer, na eventualidade de ser eleito. Eu gostaria de o interrogar sobre o passado, ou seja, sobre o tempo em que o Professor, quando, de facto tinha poderes realmente interventivos, como Primeiro-Ministro. Como resumiria a sua acção cultural, durante 1985-1995?...

C.S. – Olhe, minha senhora, antes de mais, aquilo que considero o maior testemunho cultural da minha governação, o Centro Comerci… perdão, o Centro Cultural de Belém. Quer melhor obra do que ter colocado à disposição dos Portugueses o Centro Cultural de Belém?...

K.R.A. — Uma excelente obra, que custou umas quantas vezes mais do que o inicialmente previsto, que ficou incompleta, dadas inconfessáveis cumplicidades que existiam entre Governo, Câmara Municipal de Lisboa, Lojas Maçónicas e outros interesses ocultos, como mais tarde se veio a demonstrar, enfim… a tentar demonstrar, no Processo da Universidade Moderna. Resumindo: até o Centro Cultural de Belém ficou incompleto, posto que os módulos finais, que se deveriam construir sobre os barracões "ataveirados" da Universidade Moderna, foram obstruídos pelos jogos de poder que já ali se digladiavam…

C.S. – Mas fiz lá uma ópera, minha senhora, a segunda grande ópera construída de raiz, desde o séc. XVIII. Parece-me que estou a ver a minha senhora, a Doutora Maria, a virar-se para mim e a dizer-me…, permita que confesse este momento da minha intimidade a todos os Portugueses… “Aníbal, agora, que és Primeiro-Ministro, gostaria de entrar, acompanhada por ti, pela primeira vez, num Teatro de Ópera”, e eu lembro-me de lhe ter respondido, “Maria, 40 000 000 de contos nos separam desse pequeno gesto”.

K.R.A. — Ou, como diria, o Poeta, a Maria sonha, o Aníbal manda, o Erário paga, a Obra nasce…

C.S. -- … isso.. Isso!... (bebe um copo de água)

K.R.A. — Falando de ópera: recentemente descobriu-se que eram ambos fervorosos melómanos, e que foram assistir à “Traviata”…

C.S. -- … de Wagner. Deixe que lhe diga, minha senhora, que saí de lá com os cabelos completamente arrepiados: aquele momento em que a Traviata, já tuberculosa, vem, Ta Tã Ta ta Tã!..., na Cavalgada das Valquírias, e depois se deita, já morta, com a sua lança num anel de fogo. Uma coisa gloriosa!... A minha esposa, em contrapartida, chorou muito na parte final, em que o Grande Wotan cantou “Di Provenza, il mar, il suol!...”

K.R.A. — Uma das críticas, que se faz ao seu período de governação, foi a de ter tornado o Teatro de S. Carlos no palco de uma parada de vaidades dos novos-ricos, de lá afastando os verdadeiros melómanos. Pensa, como Presidente, re-democratizar o acesso aos espaços culturais?...

C.S. – Minha senhora, com certeza de que não estava à espera de que eu pensasse, como o António Silva, daquele célebre filme (risos), que a Ópera era para os operários. Obviamente que, muito discretamente, o São Carlos foi redireccionado para as pessoas que tinham triunfado na nova dinâmica económica. Como sabe, os recursos são escassos, pelo, que na dinâmica de uma sociedade aberta, de livre comércio, só deve ter acesso a determinados patamares quem se bateu para lá chegar. A senhora, de certeza que não me estava a pedir que enfiasse, nas poucas centenas de lugares do Teatro Nacional de São Carlos, 10 000 000 de Portugueses!...

K.R.A. — Estava apenas a questioná-lo sobre se essas escassas centenas de lugares eram ocupadas pelas pessoas certas, ou por pessoas que iam sistematicamente utilizar esse espaço para rituais alheios à sua função…

C.S. -- … e deixe-me que lhe diga, também abri ao grande público o Teatro Nacional D. Maria II, se bem se lembra, colocando em cena, durante meses e meses a fio, com enormes filas à porta, aquilo que, confesso, considero a minha grande contribuição para o panorama artístico português, o imortal “Passa por mim no Rossio”, de Filipe la Féria, que, aliás, como sabe, também integra a minha Comissão de Honra.

K.R.A. — Quanto à Literatura, Professor, para além do ridículo episódio entre Sousa Lara e Saramago, pouco ficou…

C.S. – Minha senhora (olha para o papel)… houve Maria Roma, Pedro Paixão, Inês Pedrosa…

K.R.A. — Tudo nomes de primeiríssimo plano…

C.S. – Exactamente, e ainda bem que também aí me dá razão.

(Continuação)