Eu ouvi o Cavaco Silva dizer no Brasil que vai criar em Belém um "departamento" para se encarregar dos in-te-re-sses dos emigrantes !
Todas as suspeitas se vão confirmando.
O homem ainda nem sequer foi eleito e já atenta contra a Constituição e contra o normal funcionamento das Instituições.
Percebe-se agora a composição da sua lista de apoiantes e os aplausos que a reacção lhe proporciona.
Hoje o repelente Luis Delgado compara-o a um general americano e, reescrevendo a História, atribui-lhe qualidades militares inatas.
O disparate é um produto que podíamos exportar.
1 comentário:
GRANDE ENTREVISTA DE CAVACO SILVA A KATIA REBARBADO D'ABREU (3ª Parte) - "A Economia Medíocre"
(Continuação)
K.R.A. – Se há expressão que ultimamente o tenha notabilizado foi a de “Economia Medíocre”. Do seu ponto de vista, Professor, o que é uma economia medíocre?...
C.S. – Minha senhora, a resposta à sua pergunta é… elementar: uma economia medíocre é o estado económico em que Portugal presentemente se encontra.
K.R.A. – Conseguiria, mais precisamente, defini-la?…
C.S. – Bom… (silêncio. Bebe um copo de água)
K.R.A. – Posso ajudá-lo? Do ponto de vista de vários analistas, a Economia Medíocre, de que o Professor fala, é aquela onde as indústrias não produzem nada que se consiga vender lá fora, nem cá dentro, onde, consequentemente, as pessoas são obrigadas a importar todos os produtos que usualmente utilizam, desde os mais correntes, do quotidiano, até aos chamados “objectos de luxo”, onde o Estado e os intermediários vivem numa situação de permanente usura e cego encarecimento de bens, dos estritamente indispensáveis aos de aparato, através de todo o tipo de taxas e impostos, e tudo isto num cenário onde Portugal continua a apresentar dos salários mais baixos do Espaço Comunitário, e onde, ao contrário deste, a Classe Média é residual, e obrigada a viver como que entalada entre uma elite, que tudo se permite, e uma gigantesca base, cada vez mais crescente, de desfavorecidos… Para muitos, isto é a Economia Medíocre de que o Professor fala.
C.S. – Bom, se quiser enfatizar a situação, eu até posso aceitar que veja as coisas desse modo, mas esse não é o retrato fiel do Portugal de progresso e estabilidade a que eu quero presidir…
K.R.A. – mas este é o Portugal que presentemente se lhe oferece, o Portugal atolado na mais profunda Política Medíocre…
C.S. – Minha senhora, permita-lhe que discorde… Eventualmente, terei exagerado nessa expressão. No sentido em que lhe dá, “economia medíocre” parece referir-se a um estado de coisas completamente paralisado. Ora, deixe que lhe relembre que a área do meu Doutoramento não foi propriamente a da Economia, eu sou antes um académico, um especialista em Finanças Públicas…
K.R.A. -- … que, como toda a gente sabe, consequência da economia medíocre, também se encontram num estado lastimoso…
C.S. – É por isso que eu sempre defendi a importância do Sector Privado. A senhora olha para o sector privado, e não vê as finanças do Sector Privado num estado lastimoso. Atente-se, por exemplo, no crescimento dos bancos, das companhias de seguros, de alguns sectores de ponta da actividade…
K.R.A. – Não discuto isso. Discuto que isso poderia ser mais um sinal da doença, e não da saúde, e, acima de tudo, da inoportunidade da sua intervenção. Relembro, aliás, que o Professor Cavaco gosta de ser conhecido como um homem reservado, mas acontece-lhe que, sempre que intervém publicamente, acaba por emitir juízos de valor, que, rapidamente, se transformam em aforismos, e, como tal, são repetidos vezes sem conta. Também são seus, e não menos célebres, o “raramente me engano e nunca tenho dúvidas”, a comparação entre “a boa e a má moeda”, e, agora, a ideia da “economia medíocre”. Deixe que lhe diga que essa intervenção pode ter tido, sobre um país mergulhado na apatia e disforia, um efeito semelhante ao infeliz “país de tanga” com que Durão Barroso, o mais querido dos seus discípulos, se bem se lembra, inaugurou o ciclo de recessão económica que atravessamos…
C.S. – Convenhamos que também havia algum exagero na expressão de Durão Barroso, já que, é certo que existia um enorme “deficit” público, mas relembro-lhe que o sector financeiro privado estava de excelente saúde…
K.R.A. – Então, a expressão ideal para esse estado de coisas poderia ser, por exemplo, e recorrendo a uma metáfora na mesma linha da do Dr. Durão Barroso, “um país de tanga, com uma Finança revestida de sedas”.
C.S. – (sorriso) Tenho de lhe confessar que isso já se aproximaria mais da minha própria apreciação da situação actual.
(Continua)
Enviar um comentário