Os espanhois descobriram a ilha no século XVI e rapidamente verificaram que os poucos habitantes, a que também chamaram índios, tinham o péssimo hábito de fugir dos trabalhos forçados e de morrer, por dá cá aquela palha.
A par do excelente terreno para a cana do açúcar com que adoçavam as cortes europeias, não podiam contar com a colaboração desses índios.
Gente sem dedicação ao trabalho, como mais tarde se veio a concluir.
Foi por isso necessário importar escravos negros fosse donde fosse!
Com o declínio do poder espanhol naquelas latitudes, La Española andou um bocado à deriva, quase sempre entre os interesses dos franceses que apreciavam o cheiro dos trópicos no caminho até ao Quebeque canadiano e os dos ingleses, grandes comerciantes de açúcar e de escravos.
Ainda no tempo de Napoleão, e dadas as excelentes relações inter-culturais, não é que os escravos negros se revoltam, pegam nas forquilhas e nos machetes e fazem uma razia nos monssieurs? A coisa ficou feia e dali a pouco tempo a ilha foi partilhada entre os novos senhores coloniais.
Daí para diante a História regista apenas a concentração da população naquilo a que sechamaria mais tarde o Haiti, primeiro "estado" negro no mundo e primeiríssima colónia a poder contar com o desvelo da Igreja católica e, de seguida, das várias Evangelistas.
Chegados ao Sec. XX, uma vez devidamente utilizada a mão-de-obra no esgotamento dos terrenos férteis bem como para reforço dos exércitos franceses e americanos, em tudo o que foi guerra em que se envolveram, aquela população vê-se a braços com o terror fascista e neo-colonial da família Duvalier que conduze o País à ruína total e absoluta,todavia, sob a protecção divina e dos serviços secretos americanos e franceses que treinavam os famosos "tomtons macoutes", braço armado da referida família e grandes amantes da liberdade e dos US$s.
Uma vez aqui chegados, fugidos os Duvaliers e caçados os tontons, e visto que a população se matinha com um forte sentimento de ingratidão para tantos bemfeitores, o quefazer?
A ONU resolve enviar capacetes azuis para policiar o País e escolhe o exército brasileiro para esse papel, que de engenho de açúcar devem eles perceber!
Evidentemente que a partir desse momento o País consolida um processo de desenvolvimento, embora haja quem o desdenhe, não deixa de ser impressionante:
95% de analfabetos; ausência de qualquer infraestrutura de saúde pública; mais de 60% de desemprego permanente; total dependência do chamado auxílio internacional; a maior taxa de tuberculose, desinteria, mortalidade infantil,HIV a par da consequente criminalidade galopante...
Praticamente, um caso de sucesso!
Agora, uma vez demolida a sociedade, e os poucos edifícios de duvidosíssima construção, o que é que a comunidade internacional vai fazer?
Vai enviar sofisticadas equipas com o melhor equipamento de busca em salvação dos desgraçados enterrados vivos, e esperar que morram já desenterrados, para então os voltar a enterrar.
Firsts things, first!
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