Sobe o pano e, num belo País à beira-mar, vivia um povo contente. Gastava o que ganhava e o que pedia emprestado. Mudava de carro quando saía o novo modelo. Fazia coleção de casas na praia e até viajava a Terras de Stª. Cruz, a comprar uma frente de praia privada. Havia colecionadores de empregos e de pensões, turbo-professores com aulas e horários que nem de avião, e muitos comentadores da rádio e da tv; Todavia era o que se chama um povo feliz. Bem, feliz, feliz, feliz, talvez não completamente...
Tinha um Governo que mandava estudar os estudantes. Que gastava na Investigação e nas Energias Renováveis, que até, imagine-se enfrentou o Lobby das Pharmácias( exacto, Com PH por acaso positivo), que detestava ter de pagar submarinos comprados por outros e, sobretudo, juros de empréstimos que não tinha feito...nem de dinheiro há muito queimado noutros Carnavais...Sem falar nos professores com horário zero, aos milhares!
Era um Governo chato! Miudinho!
A coisa ia andando, com pequenos sobressaltos como assaltos a Bancos, e tirando as grossas maquias que desapareciam a caminho de off-shores, não havia assim Um problema que não tivesse solução à vista.
Até que um dia um dos vizinhos, um que fumava muito, se pôs aos gritos e berrava não querer pagar nem o condomínio:
- Não pagamos, porque fomos enganados, fomos à compras e venderam-nos uns papeis imprestáveis, logo a nós, que vivíamos de "comprar murcho e de vender teso"!
Gritos do outro lado do mar:
- Connosco a coisa é pior. Nó com esses papeis, fizemos rifas, e agora não temos prémio para dar ao vencedor, e todos querem o dinheiro de volta! E já o gastámos na especulação dos terrenos e na construção de casas, também elas hipotecadas duas vezes...Temos ameaças de motins e de corridas aos bancos!
Mais gritos, e já alguma barafunda perto da Turquia:
- Aqui então a coisa está mesmo preta, quer dizer verde, ( Somos da lavoura, tão a ver?), pintámos oliveiras nos terrenos, tirámos fotos aéreas, fizemos uns retoques com o photo-shop e fomos a Bruxelas sacar uns valentes milhões. E agora os malandros dizem que não nos dão mais nada e que querem é o arame de volta?
- Não pagamos, não pagamos ( música a condizer)
O Coro grego:
- Foi o Sócrates, foi ele! A cicuta, a cicuta!
Cai o pano!
A Oposição ovaciona de pé! Há senhoras muito emocionadas!
-Intervalo, para os inevitáveis croquetes e uma tacita de espumoso...morno!
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