quarta-feira, dezembro 21, 2005

Já Bocage não sou...

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste da facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno.

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.

Manuel Maria Barbosa du Bocage, 1765-1805
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1 comentário:

MFerrer disse...

Muito obrigado Flor,Vc é mais do que da casa, se me permite.
Para si todos esses votos em dobro!
Abraço
Manuel ferrer