Dor e revolta apoderaram-se ontem dos habitantes do bairro do Fim do Mundo, no Estoril, que viram desaparecer uma família de seis pessoas, vítimas de um incêndio que deflagrou na barraca onde viviam. A origem do fogo que matou mãe e cinco filhos, entre os quais quatro crianças, ainda não foi explicada, mas a primeira impressão aponta para a ocorrência de um curto-circuito. A Polícia Judiciária está a investigar o caso, que já suscitou críticas à actuação dos bombeiros.O fogo começou de madrugada, por volta das 04.30, e rapidamente consumiu a barraca onde viviam Edina Correia, 32 anos, e os cinco filhos Lizandra, 19, Jenise, 16, Carlitos, 13, Susana, 11, e Euclides, 5, uma família de origem guineense. As versões sobre o que se passou depois divergem. Testemunhas contaram que os vizinhos tentaram resgatar as crianças das chamas, mas que não foi possível arrombar a porta. As janelas, barradas com grades de ferro, terão impedido a tentativa dos vizinhos de acorrerem às vítimas. Mas, segundo apurou o DN, as crianças terão sido encontradas deitadas na cama e já sem vida, o que levanta a hipótese de terem morrido intoxicadas. Na origem poderá ter estado um curto-circuito, motivado por uma puxada de electricidade ou um aquecedor a óleo que ali estava ( Isto diz o DN)
O que o DN não diz, o que a TSF não conta, o que o Público não vê, o que a televisão esconde, é como temos tanta gente a viver abaixo do limite da dignidade humana: qual o acompanhamento dado àquela família cuja mãe teve o primeiro filho aos 12 anos de idade?
O que eles não querem é ver a realidade. O que lhes está a embaciar a vista e a tolher a escrita é a sua posição de classe contra os desprotegidos, os pobres, os imigrantes, as grávidas menores, os mais fracos da sociedade.
Os bombeiros não acudiram como deviam ? A imprensa não investiga esses detalhes. Deixa entrelinhas a alusão à PJ. Que se saiba a PJ não investiga a lentidão dos carros dos bombeiros nem a quantidade de água que devem transportar. Claro está que teriam feito um circo mediático se os filhos fossem de alguém conhecido do Estoril e a mãe saísse na Caras!
Para a nossa comunicação social o assunto está arrumado. Nem mais um alinha será escrita.
Aos habitantes do Fim do Mundo restar-lhes-á a indignação sobre o atraso no auxílio. Quando é que lhes passará pela cabeça revoltarem-se contra os que os exploram, contra as condições em que são obrigados a viver? Contra a arrogância policial? Contra a visita dos políticos em campanha eleitoral?
Esse dia chegará. A Edina Correia e os filhos, é que não vão ter a oportunidade de se indignarem.
Que escolaridade tinham aquelas crianças?
2 comentários:
Fosse o Judas, ainda Presidente da Camara de Cascais, e teriamos "novela" até às 19H00 do dia 09.10.05.
Pois...
Podes crer!
Até iam ao funeral e tudo.
Aceitam-se apostas sobre quem é que tem coragem de dar a cara e o desplante de instrumentalizar uns pedaços de carne estufada...
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