Há muito que vinha notando - no Abrupto - estremes, fortes sintomas de blogosuperficialidade, de blogonecrose e mesmo, de blogometeorismo.
Coisas aliás previsíveis e cuja dispersão vinha causando forte irritação do estrato blogosocial, com afloramentos em zonas mais sensíveis, tais como o Palácio do Governo
da Madeira, a Cãmara Municipal do Porto, de Gaia, de Felgueiras, apenas para nomear onde lhe doi mais.
Não esperava é que no meio de tanto blogodescabelo, ainda houvesse lugar para um rebate de consciência, uma crítica ao todo-poderoso, um estertor contra aquela estupefacção que lhe tolheu o verbo, o emocionou-até-ao cuspo-ao-canto-da-boca, lhe trinchou as palavras, à laia de motor-de- arranque-com-falta-de-bateria.
O ser estava estupefacto! Repetidamente estupefacto!
Não esperava, digo eu, mas tenho que me vergar ao peso da minha incredulidade, à minha hesitação pequeno-burguesa:
JPP acaba de criticar Cavaco Silva, acaba de o deixar cair após lhe ter lavado a sombra, lhe ter escovado a caspa e areado os amarelos. É verdade.
Atirou com ele ao chão. Ao professor. Ao ente superior. Ao todo-bom. Ao que-vai-ganhar-que-é -limpinho:
FONTES DE ONDE VEM O MAL QUE TODOS VEMOS À FRENTE
Há muitas, o atraso, a pobreza a ignorância, a arrogância presumida, a hipocrisia, os péssimos costumes da classe média (nome que nós damos à pequena burguesia), a corrupção, os “políticos”, a Lux, a Caras, o Herman, o “conde”, a TVI, o jornalismo de quinta, o provincianismo, os reality shows, etc, etc, etc, You name it.Mas há mais uma fonte: o cinismo dos intelectuais. O cinismo dos intelectuais que se comportam como nefelibatas e que se “espantam” porque as pessoas se indignam com o “caso” de Fátima Felgueiras. O mais espantoso é ver este cinismo coexistir com a crítica ao relativismo, mostrando como não bastam algumas leituras da moda, onde falta vida. Seja por puro formalismo jurídico, seja por não se gostar de misturar as suas opiniões com as do vulgo, seja pela irritante mania da superioridade, seja por pedantismo.Alguns portugueses indignam-se com a saga da fugitiva libertada. É só hipocrisia, dizem os cínicos do intelecto, porque para eles o sinónimo de indignação é a hipocrisia. É, pode ser tudo isso, pode ser uma indignação bacteriologicamente impura, mas é também incómodo, mal-estar, mal connosco próprios, com o país, como o “nosso Portugal”, uma das últimas sobrevivências de um sistema de valores quase de rastos, colocado de rastos também pelos cínicos, um dos últimos restos de alguma coisa a que chamávamos patriotismo. Vão viver para Felgueiras e atrevam-se a criticar a “Fatinha” em público, e não me venham com a Madeira por razões de equidistância, porque isso também mostra que não sabem nada do que estão a falar.Há alturas de facto em que os intelectuais não prestam mesmo. Há alturas em que os intelectuais não percebem nada. Bem vistas as coisas, é quase sempre assim.
10:25 (JPP)
Claro, o texto pode não ser um primor de coerência, não refulgir de sanidade.
Temos de compreender. Não é nada fácil, em meia dúzia de linhas, mesmo descuidadamente vertidas, disparar sobre os intelectuais, visar os maus hábitos da pequena burguesia ( que horrível palavreado...), coicear na arrogância(?), na pobreza(!), na corrupção( ouviram bem?) dos políticos, mofar da TVI, daqueles programas, escarnecer do Portugal dele, dos intelectuais da praça e entre soluços no funeral do patriotismo, que só o dele está em conserva, nos provoca mandando-nos viver para Felgueira ou para a Madeira! E, entretanto, mandou às malvas o promitente prof que gagueja por dentro e por fora !
Do seu valor literário, ocupar-se-á o futuro.
Nós, deixemos passar o presente, tão divertido!
Não esperava é que no meio de tanto blogodescabelo, ainda houvesse lugar para um rebate de consciência, uma crítica ao todo-poderoso, um estertor contra aquela estupefacção que lhe tolheu o verbo, o emocionou-até-ao cuspo-ao-canto-da-boca, lhe trinchou as palavras, à laia de motor-de- arranque-com-falta-de-bateria.
O ser estava estupefacto! Repetidamente estupefacto!
Não esperava, digo eu, mas tenho que me vergar ao peso da minha incredulidade, à minha hesitação pequeno-burguesa:
JPP acaba de criticar Cavaco Silva, acaba de o deixar cair após lhe ter lavado a sombra, lhe ter escovado a caspa e areado os amarelos. É verdade.
Atirou com ele ao chão. Ao professor. Ao ente superior. Ao todo-bom. Ao que-vai-ganhar-que-é -limpinho:
FONTES DE ONDE VEM O MAL QUE TODOS VEMOS À FRENTE
Há muitas, o atraso, a pobreza a ignorância, a arrogância presumida, a hipocrisia, os péssimos costumes da classe média (nome que nós damos à pequena burguesia), a corrupção, os “políticos”, a Lux, a Caras, o Herman, o “conde”, a TVI, o jornalismo de quinta, o provincianismo, os reality shows, etc, etc, etc, You name it.Mas há mais uma fonte: o cinismo dos intelectuais. O cinismo dos intelectuais que se comportam como nefelibatas e que se “espantam” porque as pessoas se indignam com o “caso” de Fátima Felgueiras. O mais espantoso é ver este cinismo coexistir com a crítica ao relativismo, mostrando como não bastam algumas leituras da moda, onde falta vida. Seja por puro formalismo jurídico, seja por não se gostar de misturar as suas opiniões com as do vulgo, seja pela irritante mania da superioridade, seja por pedantismo.Alguns portugueses indignam-se com a saga da fugitiva libertada. É só hipocrisia, dizem os cínicos do intelecto, porque para eles o sinónimo de indignação é a hipocrisia. É, pode ser tudo isso, pode ser uma indignação bacteriologicamente impura, mas é também incómodo, mal-estar, mal connosco próprios, com o país, como o “nosso Portugal”, uma das últimas sobrevivências de um sistema de valores quase de rastos, colocado de rastos também pelos cínicos, um dos últimos restos de alguma coisa a que chamávamos patriotismo. Vão viver para Felgueiras e atrevam-se a criticar a “Fatinha” em público, e não me venham com a Madeira por razões de equidistância, porque isso também mostra que não sabem nada do que estão a falar.Há alturas de facto em que os intelectuais não prestam mesmo. Há alturas em que os intelectuais não percebem nada. Bem vistas as coisas, é quase sempre assim.
10:25 (JPP)
Claro, o texto pode não ser um primor de coerência, não refulgir de sanidade.
Temos de compreender. Não é nada fácil, em meia dúzia de linhas, mesmo descuidadamente vertidas, disparar sobre os intelectuais, visar os maus hábitos da pequena burguesia ( que horrível palavreado...), coicear na arrogância(?), na pobreza(!), na corrupção( ouviram bem?) dos políticos, mofar da TVI, daqueles programas, escarnecer do Portugal dele, dos intelectuais da praça e entre soluços no funeral do patriotismo, que só o dele está em conserva, nos provoca mandando-nos viver para Felgueira ou para a Madeira! E, entretanto, mandou às malvas o promitente prof que gagueja por dentro e por fora !
Do seu valor literário, ocupar-se-á o futuro.
Nós, deixemos passar o presente, tão divertido!
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