quarta-feira, setembro 14, 2005

A História, de novo?

Ao ver no que se tornou a América dos livres pensadores e dos romancistas libertários, tenho que fazer muitos flash-backs e de recorrer a muita interpretação para compreender e aceitar o McArthismo, a caça às bruxas, a brutalidade interna, os julgamentos sumários, a pena de morte, o neo-colonialismo da restante América, as intervenções militares por esse mundo fora, o nível intelectual do seus dirigentes, o estado sócio-vegetativo da maioria da sua população e o fervor religioso que completa o quadro ideológico necessário à continuidade do stato quo.
Confesso, estava até convencido que havia assim a modos que uma super agência, Think Tank do mal, onde uma data de sábios loucos preparavam as acções a levar a cabo, a prever um e mais outro cenários e a programar e reprogramar as crises, por forma a que tudo estivesse previsto e que a cada novo desafio, aliás previsto, programado e organizado, puxavam dos imensos tratados sócio-económicos e tinham um plano A, um B e mais um C e todas variáveis previstas. Como um analista de xadrez. Para cada jogada uma resposta. À escala local e à escala mundial. Temi muitas vezes que tivessem metido a História no bolso, num lap-top.
Que, armados da melhor inteligência, ao nível do planeta, estivessem sempre à frente dos factos, dos acontecimentos. Com anos de avanço. Sabendo qual a peça de xadrez a ser colocada em cada casa, em cada País. E obteriam assim um controlo que de facto pareciam ter.

Os acontecimentos como as derrotas da Coreia e no Vietnam, a queda do Atartheid, o assassinato de Allende ou a fuga da Etiópia trouxeram de novo algumas dúvidas e tive que reanalisar a eventual existência do Think Tank Global. Então se existe como é que é possível estas coisas acontecerem?
Então a História não parou? Não a tinham metida no bolso do colete?
Continuava, ou não continuava a gerar soluções para as contradições que mesmo este iluminado imperialismo vinha produzindo em todo o mundo? Contradições e anti-corpos, também eles portadores de ideologia de sinal contrário. De valores religiosos opostos e tudo.
Claro que havia sempre os rufos dos tambores da ideologia dominante, os seus valores e herois, as suas marcas comerciais e a sua opulência global. Por todo o lado, e em Portugal, as correias de transmissão estavam bem activas e multiplicavam-se em cortinas de confetis e de fantasia.
Até nos mandavam seguir as séries deTV e ir mais ao cinema para conhecer o mundo e a América em especial. Eram as pandeiretas, as castanholas, as marjoretes que seguiam na frente do cortejo imperial.
Parece que no entanto, esses animadores da festa têm pouco que festejar e ficaram sozinhos em campo. O cortejo atrasou-se visivelmente. Ficou para trás. Desde o 11 de Setembro 2001 que ficou para trás. Num verdadeiro furacão de acontecimentos que parece terem há muito abandonado os manuais do Think Tank e partido, disparados, à aventura. Produzindo contradições cada vez maiores, mais difíceis de resolver e de maior duração.
Querem ver que o marxismo e a sua análise materialista da história estão de novo em acção? Mesmo na cabeça do Imperador?
Alive and kiking?
A História, de novo?

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