terça-feira, agosto 12, 2008

Por quem as maçãs apodrecem ou a desmistificação da campanha em curso

Sobre este candente assunto e a Campanha em curso, cumpre ler relatos autênticos e perceber quem é o agressor e o oprimido.
Excelente texto do Alfarrábio:
"De repente, gente descobre que existe um lugar chamado Ossétia, que ganha as manchetes em todo o mundo.
Na web, é fascinante como a colaboração, a interatividade, o compartilhamento de informações e conhecimento se dão. Num post sobre a guerra na Ossétia, o PDoria recebe um comentário de um tal Marco, que não deixa link ou e-mail, e conta como um *jornalista brasileiro encontra um bosque e, no bosque, uma pequena tragédia humana*. Merece ser copiado:
Um jornalista brasileiro, meu amigo do peito, esteve na Ossétia anos atrás.
A situação estava tensa, com o Exército Russo dando proteção aos compatriotas e ossetianos amigos.
Junto com um colega europeu, acompanhando tropas russas que patrulhavam a área, ele se aventurou a pelos campos a procura de aldeias e notícias.
Loucos, esses jornalistas.
Enfim, lá pelas tantas os dois entraram em uma espécie de paraíso na terra, segundo suas palavras.
Um bosque de macieiras brilhando na paz absoluta de uma tardinha agradável.
No meio das macieiras, uma casa.
Uma casinha, modesta.
Dentro, o horror silencioso de um tipo de guerra que não sai nos jornais.
A casa estava vazia.
Seus habitantes tinham fugido dos milicianos georgianos deixando para trás suas terras, suas colheitas - e o avô.
O ancião estava deitado no quarto, olhando para o teto, em profunda solidão.
No único móvel do quarto, uma cesta de frutas.
Grande, generosa.
Como se os que partiram - e não levaram o velho, sabe Deus por que - estivessem pedindo : tratem bem dele, as frutas são prova de paz.
Pelo menos foi assim que meu amigo e o outro jornalista interpretaram tão insólito quadro.
Um pouco depois tropas russas chegaram ao local e socorreram o deixado para trás.
Não tem sangue, gente estripada, queimada por bombas, ou outras barbaridades de uma guerra” normal”
Mas dói igua- o oficial russo explicou que na maior parte das vezes a população daquela região tinha que abandonar suas casas ás pressas, com a roupa do corpo - e muitas vezes tinha que escolher em levar uma criança ou deixar um velho doente para trás.
Fugiam a pé. No máximo, uma carroça.
Se não fossem rápidos seriam fuzilados sem dó nem piedade.
Guerra.
Imagine o que está acontecendo em campos iguais aquele neste exato momento.
As maçãs vão apodrecer nas árvores"

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