quarta-feira, abril 28, 2010

À custa da Hidroléctrica de Cahora Bassa

Eskom fornece energia barata a multinacionais

"A empresa sul-africana fornecedora de electricidade, Eskom, tem vindo a vender energia eléctrica à BHP Billiton a 12 cêntimos do rand por kilowat/hora, o que é inferior ao custo de produção. A venda da energia é feita através da Motraco, uma empresa mista formada
pela EDM de Moçambique, SEC da Suazilândia e a própria Eskom."(...)

(...)"Parte da energia fornecida pela Eskom por intermédio da Motraco é comprada à HCB. ( nota : Hidro-Eléctrica de Cahora-Bassa)

Antes do Estado moçambicano ter-se tornado accionista maioritário da HCB, a Eskom impunha
tarifas baixas pelo fornecimento da energia do Songo como forma de pressionar o Estado português a alienar a sua comparticipação na estrutura do capital social daquela hidroeléctrica,
abrindo assim caminho para um relacionamento comercial com o Estado moçambicano que fosse mais proveitoso aos interesses da empresa sul-africana.
Embora o regime da Frelimo se tivesse colocado ao lado da África do Sul no âmbito da estratégia posta em prática pela Eskom relativamente à anterior gestão da HCB, o director executivo do GPZ conta-se hoje entre os que, no seio desse regime, se lamentam da forma como a África do Sul tem vindo a lidar com Moçambique e outros países vizinhos em questões energéticas. Em livro de memórias recentemente publicado, o director executivo do GPZ considera que
“a vocação predadora” da África do Sul “permanece, mesmo se aparentemente mais disfarçada”. Para ele, “Pretória permanece obcecada pelo mito da criação da Constelação de Estados e avontade de fazer dos vizinhos fornecedores de matérias-primas, incluindo energia”.
Os documentos secretos na posse da Aliança Democrática ajudam a compreender melhor a forma de actuação da Eskom em relação à HCB. A política de desenvolvimento económico da nova África do Sul, que visa a criação de postos de trabalho como forma de pôr cobro ao assustador número de desempregados no país, tem como premissa a concessão de incentivos a investidores estrangeiros, como a BHP Billiton, vendendo-lhes energia eléctrica ao desbarato e à custa de fornecedores como Moçambique. O défice que a Eskom tem vindo a acumular
como consequência dessa política do governo do ANC, impediu que a empresa fornecedora de energia da África do Sul procedesse à reposição de equipamento e à expansão da rede eléctrica nacional para poder acompanhar o crescimento económico registado com o fim do sistema do apartheid.

Como consequência disso, registaram-se cortes constantes no fornecimento de electricidade, tendo a Eskom introduzido o racionamento de electricidade a sectores vitais da economia e a consumidores domésticos.
Para fazer face aos investimentos que acabou por ser forçada a fazer com carácter de urgência, a Eskom optou por agravamentos tarifários na ordem dos 35%, aplicadas a consumidores domésticos não só na África do Sul, como também nos países vizinhos que dependem da energia sul-africana.
Figuras de volto do mundo dos negócios, conotadas com o regime do ANC, tiraram partido desta situação, aliando-se a empresas como a Hitachi do Japão, para depois conseguirem, por portas travessas, a adjudicação de contratos destinados ao fornecimento de equipamento de novas
centrais térmicas mandadas construir pela Eskom. " In cdm/Canal de Moçambique de 23/04/2010

Felizmente que já não há aqueles ataques diários aos malefícios da economia colonial que "servia apenas o interland", Uff! Agora é mesmo a RSA quem manda e desmanda na região! Basta crescentar a "influência" comercial da China e dos países árabes e ficamos com o quadro completo da independência de Moçambique. A economia e o desenvolvimento podem esperar. Temos muito tempo!

Os que atacaram a descolonização portuguesa algum dia compreenderão as forças e os interesses que estiveram em jogo?

Talvez agora, com as Agências de rating a mexerem nos nossos bolsos e a arrumarem qualquer hipótese de desenvolvimento, de segurança social, de saúde ou de escola pública, praticadas por um pequeno País, comecem a perceber alguma coisa do que se passa no mundo.

Caso contrário, podem continuar a dizer que as culpas são do PS! Já não faz qualquer diferença.

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