segunda-feira, abril 19, 2010

Memória do Tarrafal - Campo de morte, todavia...

Estive lá no sábado na inauguração e ouvi com enorme prazer a arte de Celina Pereira, magnífica intérprete da música de Cabo-Verde. Cantou-nos em português e crioulo canções muito emotivas e, espatemo-nos, com muito amor a Cabo-Verde e a Prrtugal...
Pelos vistos o colonialismo além de separar os povos, também os uniu para sempre...
Depois, ontem, domingo, voltei a V. Franca para assistir à ante-estreia do documentário sobre o Tarrafal da Diana Andringa.
É um trabalho extraordinário na recolha dos depoimentos ainda vivos, mas despido de paternalismos ou de manicaismos apressados.
Trata-se de um documento impressionante, feito sem guião ou precupações cinematográficas para além da imensa dignidade de cada testemunha.
Devia ser visto pelo País inteiro e discutido nas Escolas.
Com a presença dos embaixadores dos Palops e autarcas de Cabo-Verde, o debate que se seguiu proporcionou algum esclarecimento sobre as ideias pre-concebidas sobre o Tarrafal e sobre a identificação das vítimas do colonial-fascismo.
Foi particularmente esclarecedor a percepção da repressão na periferia do colonialismo e sobre a representação da ideologia dominante como uma das faces da exploração e da repressão coloniais.
Como fica comprovada a importância da luta dos povos colonizados, na contribuição decisiva para a libertação do povo português.
É essa irmandade entre vítimas e algozes que é impressionante e que nos deve merecer sempre a maior humildade e a obrigação de contribuirmos para a reconstrução das ex-colónias portuguesas.

Sem comentários: