Estou à vontade para fazer estas crítica. Não sou funcionário público, não beneficio de qualquer desses salários milionários, nem participei das decisões que atribuiram salários obscenos a gestores, seja lá do que forem.
Também me insurgi contra o desparrame de empregos, de salários e de pensões que muitos acumulam sem se acanharem de vir agora criticar o PEC.
Não sei se fui dos primeiros, há muitos meses, a pugnar por mais justiça no controlo dos hiper-salários e no carrossel das pensões...
Estou mesmo a falar de Ana Gomes, de Manuel Alegre, Cavaco Silva, Santana Lopes, etc, etc.
Há anos que pugno pelo corte nessas mordomias e nessa multiplicidade de empregos e de rendimentos.
Mas agora ao ouvir Manuel Alegre misturar na mesma frase, a sua oposição, justa, ao escândalo dos hiper-salários/bónus e juntá-la ao necessário congelamento de salários da função pública , num exercício de pura demagogia, é que considero pouco sério.
A primeira parte da crítica, não tem nem apelo nem agravo.
Já a segunda parte da indignação poética constiui um excelente exemplo de como não se pode partir para críticas generalizadas sem que se aponte o dedo aos responsáveis. E os responsáveis pelo monstro do Estado, pelos milhares de empregos excedentários e que, por via dos direitos adquiridos, não podem ser dispensados ...foi o governo da direita , as maiorias absolutas de Cavaco Silva que o engendraram.
E repito o que já escrevi aí noutro post: o PEC é apenas o PEC possível. Aquele que a estrutura económica e produtiva permite em situação de profunda crise e por via do poder democrático. Querem outro?
Querem um PEC mais à esquerda e que iria fazer fugir do País todos os capitais que se sentissem ameaçados?
Querem criar empregos e receitas para a Segurança Social por via de um passe de mágica?
Querem dividir a miséria em vez de promover o crescimento da economia?
Querem agora expulsar das escolas os alunos indisciplinados para que os professores regressem, tranquilos, à situação de funcionários públicos sem alma, e sem preocupações sociais?
Exigem que o Governo altere, com um passe de mágica, as nossas indústrias de aperta parafuso e as ponha a exportar o que ninguém deseja comprar?
Qual será a receita para desenvolver o mercado interno , que por aí propõem, se de facto Portugal não tem mais de 4 milhões de consumidores... ?
Desejam que todas as prendas a funcionários públicos sejam consideradas como actos de corrupção?
Mesmo que seja uma coroa de flores para o funeral do filho? Da mulher?
E, tudo isto, acompanhado da devassa da correspondência, dos emails e da privacidade? Que a imprensa essa é que é livre, que os jornalistas pairam acima da lei e das garantias dos cidadãos, que sem pingo de corrupção, de compadrios políticos e económicos, atingiram o nirvana da isenção por obra e graça do respectivo sindicato?
Nem me vou dar ao trabalho de investigar quem é que se insurgiu sobre a eventualidade de alguém ter espreitado os computadores, esses sim, mais do que públicos , da Presidência da República, mas que agora mandam à fava um deputado que se indigna com o evidente e descarado abuso da liberdade de imprensa.
Acho que anda gente de mais a jogar na roleta do regresso da direita ao poder.
Há de facto uma possibilidade em vários milhares de serem contemplados com um prémio...
Mas, cuidado, não vá dar-se o caso de vir a ser considerado corrupção...
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