O Ogre mandou o Poeta
Cortar as asas ao Sonho,
Mas o Poeta não cortou as asas ao Sonho
Não se arrependeu, nem voltou para casa
*
O Ogre mandou então o cão
Para morder o Poeta
Mas o cão não quis morder o Poeta
E o Poeta não cortou as asas ao Sonho
Não se arrependeu, nem voltou para casa
*
O Ogre mandou então o cajado
Para bater no cão
Mas o cajado não quis bater no cão
O cão não quis morder o Poeta
O Poeta não cortou as asas ao Sonho
Não se arrependeu, nem voltou para casa
*
O Ogre enviou então o fogo
Para queimar o cajado
Mas o fogo não quis queimar o cajado
O cajado não quis bater no cão
O cão não quis morder o Poeta
O Poeta não cortou as asas ao Sonho
Não se arrependeu, nem voltou para casa
*
O Ogre enviou então a água
Para apagar o fogo
Mas a água recusou a apagar o fogo
O fogo não quis queimar o cajado
O cajado não quis bater no cão
O cão não quis morder o Poeta
O Poeta não cortou as asas ao Sonho
Não se arrependeu, nem voltou para casa
*
O Ogre mandou então o boi
Para que este bebesse a água
Mas o boi não quis beber a água
A água recusou apagar o fogo
O fogo não quis queimar o cajado
O cajado não quis bater no cão
O cão não quis morder o Poeta
O Poeta não cortou as asas ao Sonho
Não se arrependeu, nem voltou para casa
*
O Ogre enviou então o carniceiro
Para matar o boi
Mas o carniceiro não quis matar o boi
O boi não quis beber a água
A água recusou apagar o fogo
O fogo não quis queimar o cajado
O cajado não quis bater no cão
O cão não quis morder o Poeta
O Poeta não cortou as asas ao Sonho
Não se arrependeu, nem voltou para casa
*
O Ogre, reunido em Comissão com os outros Ogres
Preparou a forca para o carniceiro
(O Ogre mascarou-se de carrasco)
Assustou o boi que bebeu a água
A água que já tinha apagado o fogo
O fogo que havia queimado o cajado
O cajado que açoitara o cão
O cão que atacara o Poeta
E o Poeta cortou as asas ao Sonho
No final, o Ogre enforcou o carniceiro
Os que sobraram arrependeram-se e deixaram-se de sonhos...
(Adaptado aqui na barca. Enquanto se navega também matamos o tempo...)
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