terça-feira, março 30, 2010

Há momentos em que preferia não ter razão.

Quando a 23 de Janeiro escrevi,
O Orçamento 2010 seria A oportunidade do PS
"Como tenho escrito por aí, esta é a oportunidade do governo para apresentar um OE de esquerda e de consolidação das finanças públicas e das políticas sociais.
Vão ser necessárias medidas incómodas para alguns?
Vai ser preciso atrapalhar a grande finança? A banca?
Os sindicatos vão ter de esperar mais um pouco? É preciso afrontar muitos interesses instalados a vários níveis?
Apertar com os partidos da direita e ameaçar deixar tudo entregue de novo ao eleitorado?
Pois seja!
Mas é esta A oportunidade que pode reunir os interesses da maioria e os avisos das instituições internacionais, FMI e Agências de rating - sobre a correcção das políticas a seguir.
É que neste caso até coincidem com os interesses da maioria dos portugueses:
Prosseguir a política dos apoios sociais, do investimento reprodutivo, da recuperação do parque escolar, taxar os lucros da banca, da especulação bolsista e dos coleccionadores de empregos e de salários.
A consolidação das contas públicas não pode ser matéria de negócio. É um imperativo da independência nacional "

e a 27 desse mês também escrevi,

Foi apresentado OE para 2010, primeira versão
"Ao desistir de conceber um OE com carácter de esquerda, reduzindo os rendimentos abusivos mas apoiando quem necessita, ou ainda, reforçando os investimentos reprodutivos, o PS, enredado em negociações com a direita, acaba de lançar pela janela A oportunidade de se demarcar e de enveredar por uma estratégia com pés e cabeça.
Ontem apresentou a primeira versão do OE para 2010.
Quando será a apresentação da próxima rectificação? da versão 2 ?
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pelos vistos não estava a ser nem derrotista nem a bolinar numa aragem de esquerda.
Antes estivesse!
As notícias de ontem a corrigir o défice para 9,4 e as de hoje, a reduzir a metade as já esquálidas hipóteses de crescimento económico, não me dão qualquer prazer.
A oportunidade, desaproveitada, do PS ter apresentado ao País a verdadeira dimensão dos problemas e daí ter retirado as inevitáveis consequências, como se explica?
Quem é que será responsabilizado pela constante alteração da perspectiva económica, e por conseguinte, dos remédios insuficientes apresentados no PEC?
Qual a razão porque este PS, de súbito, deixou de acreditar em políticas de esquerda e de ataque à economia de casino e aos especuladores, e porque não se dirigiu directamente aos eleitores, não encarou a realidade e não apresentou as medidas que eram e que são inevitáveis?
Os detentores de vários empregos e de muitos salários continuarão por mais quanto tempo a dominar o PS?
Os donos das terras incultas e dos edifícios em ruína especulativa vão poder manter os seus "direitos" por mais quanto tempo?
Quem é que de facto necessita para ter uma velhice digna de ter reformas escandalosas de 20, de 30 de 40.000 Euros mensais?
Os especuladores de toda a sorte, e os que enviam milhares de milhões para paraísos fiscais, vão poder continuar a rir-se durante quanto mais tempo?
Volto a colocar a questão que me preocupava desde Dezembro:
Quando é que o Governo apresenta O Orçamento para 2010 e o respectivo PEC?

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