terça-feira, março 23, 2010

E a nossa vida pode ser isto? Ou um fim de ciclo com os pneus em baixo!


Também ouvi a agressividade gratuita de Jaime Gama dirigida a um membro do Governo.
O Governo estará, ou não, em fim de ciclo.
O que ouvi foi a manifestação da mais desbragada "superioridade" e a arrogância que me lembrou tribunais plenários e repressão policial. Aqilo não foi política. Foi antes uma carga da polícia.
Concordo com o Ferreira Fernandes e também eu teria mandado Jaime Gama para um sítio que eu cá sei!

In " A minha vida não é isto!"
"Foi na sexta-feira, mas só ontem vi o vídeo. Parlamento, discutia-se Educação e o presidente Jaime Gama anuncia o orador: "Senhor secretário de Estado da Educação, João Trocado." O governante, nervoso, começa a falar sentado, mas levanta-se: "Senhoras deputadas... Senhores deputados..." Jaime Gama, ríspido, atalha: "Tem de se levantar e a fórmula é: senhor presidente, senhores deputados..." O orador retoma, atrapalhado: "Senhoras deputadas, senhores deputados..." Gama, ainda mais ríspido: "Não, não: senhor presidente, senhores deputados..." O outro: "Senhor presidente, senhores deputados..." Gama, que parece não ter ouvido: "Não, não, não lhe dou a palavra, tem de usar a fórmula regimental..." Era clara a vontade do secretário de Estado em aceitar as regras da casa; e, do outro lado, pelo tom e insistência, clara a prepotência nos píncaros da tribuna. No Parlamento, o lugar dos homens iguais. Eu, se fosse o secretário de Estado, teria dito: "Senhor presidente, não me chamo João Trocado mas João Torcato da Mata. E, já agora, não sou secretário de Estado, sou ex-secretário de Estado porque não quero comprometer o Governo no que lhe vou dizer: não admito que me fale assim." E saía porta fora. E se essa atitude acabava uma carreira política é porque, então, não vale a pena fazer política.

[Crónica ontem publicada no DN]

PS. O Ferreira Fernandes tem toda a razão. O número de Jaime Gama foi humilhante. E perfeitamente escusado. Gostaria de ter visto Sua Excª fazer a mesma bravata quando os deputados do seu partido desataram a bater com os computadores no plenário, como aconteceu com depois do episódio Lello. E gostaria de NÃO o ter visto no sábado seguinte, em Braga, ao lado de José Sócrates, numa sessão partidária de propaganda pró-PEC e anti-comissão parlamentar de inquérito. Não é esse o lugar de um presidente da Assembleia da República, suponho. E, já agora, última nota: o órgão de soberania é a Assembleia da República, não é o presidente da Assembleia da República. Por isso se escreve "presidente" em minúsculas. Depois da semana passada ainda mais.

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