quinta-feira, julho 15, 2010

O estado da Reacção ou a política do "vale tudo"

Encurralado o Governo legítimo, numa minoria parlamentar que o impede de governar, o que faz a Reacção?
Faz-se de morta. Vota acordos gerais, o PEC, e depois, impede a sua aplicação através de expedientes avulsos: Um dia está contra a forma, no dia seguinte contra os pormenores, as datas, para, de seguida, fazer de morta e, a meio da usual gritaria, contemplar enlevada as restantes bancadas aliadas de ocasião, apenas com um objectivo: Impedir o governo de governar e esperar que a situação do País seja tão má, e tão sem norte, que o poder lhes caia nas mãos.
( Não é por acaso que é Sócrates o mais odiado, aquele que é preciso destruir: É por ter sido ele que protagonizou nestes anos a mais profunda alteração e reforma do Estado.
É por isso que os instintos de classe impedem esta oposição de amar a Escola Pública e o seu desenvolvimento: pretendem manter a população no estado de subdesenvolvimento intelectual capaz de permitir que estas campanhas dêem frutos...)
É um plano. Aliás foi o plano do Hitler e do Mussolini, também chegados ao governo pelo voto dos imbecis...
Mas qual a finalidade do plano?
Seria governar?
Não.
O que esta reacção PSD/CDS pretende, é a minimização do Estado.
Tem em vista a sua privatização, o reforço da classe dos ricos e dos poderosos. A manutenção dos privilégios das corporações!
Na RTP querem colocar nova gestão totalmente dependente do OE, retirando-lhe a publicidade que seria destribuida pelas outras estações privadas...nomeadamente pela SIC/Balsemão/Mário Crespo/Medina Carreira/João Duque/Nuno Crato, mais a recente aquisição de Verão, o Soares dos Santos do Pingo Doce...
Na Saúde caminhar-se-á para a falência dos Hospitais Civis, que servirão os pobres e os desprotegidos, e para o reforço dos Hospitais Privados que celebrarão toda a espécie de parcerias com o Mº. da Saúde para servirem, à custa dos contribuintes, aqueles que não precisam.
Na Educação, regressar-se-á ao século XIX, com uma escola exclusiva e centrífuga que abandonará na beira da estrada os alunos das famílias pobres e carenciadas. Será posto um ponto final nesta coisa disparatada da escola inclusiva, do plano tecnológico e do Parque Escolar.
Será implementado com urgência o tal cheque-ensino (aliás cheque-mate!) e que teria a "inocente" finalidade de permitir a "livre escolha das Escolas" pelas famílias, passando a letra de Lei a exclusão social e a segregação dos desprotegidos! tal como nos regimes neo-cons da Austrália, dos EUA, do México e da Polónia...
Uma vez reduzido o Estado às funções de guarda-nocturno, de polícia dos bairros mais pobres e de agente da repressão, avançarão nas Finanças para a redução dos impostos dos grandes grupos, nomeadamete para a banca, e para toda a actividade especulativa.
Talvez até para a famosa "flat-rate" dos campeões do ultra-neo-liberalismo...É ver como se opôem às deduções na matéria colectável das despesas com a saúde ou com as escolas privadas...( que só as famílias mais abastadas podem fazer).
Uma vez resolvida a maçada dos impostos indirectos, fica o campo livre para o desaparecimento da Estado tal como o conhecemos.
Avançará a liberalização dos despedimentos.
Será anulado o condicionamento industrial e serão destribuidas as verbas aos latifundiários que em vez de agricultura, tratarão das actividas extensivas, do turismo aristocrático e dos campos de golfe...
Será reforçado o aparelho judicial para o exercício das cobranças sobre os mais carenciados e serão perdoadas as dívidas fiscais aos grandes prevaricadores.
Os escritórios dos advogados não terão mãos a medir a exigirem indemnizações ao Estado/contribuintes, por todas as malfeitorias sofridas ás mãos do PS...
A Constituição será tranformada em papel de embrulho, em contrato aberto, onde todos os pobres e carenciados podem acertar vender, por tuta-e-meia, a sua força de trabalho, as suas garantias de cidadania, os seus direitos e os da sua família...
Talvez até venham a concretizar a saída do Euro, o último dos sonhos da extrema-direita e da extrema-esquerda...dando rédea-solta às desvalorizações da moeda ... e dos salários reais...
Quando tudo isto tiver passado do sonho de uns quantos, ao pesadelo de quase todos, espero que os chamados partidos da esquerda, a que chamo de irresponsáveis inúteis, venham a sofrer na pele a repressão e a marginalização para que merecidamente trabalharam , sempre a favor da direita mais reaccionária e arruaceira.
Amanhem-se!

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