Ainda o Alves dos Reis das Finanças e Economia
24 Outubro 2008, 21:00 · André Salgado
Entendeu o PSD por bem habilitar o dr. Miguel Frasquilho como porta-voz para explicar ao partido e ao país, através de uma análise devastadora, a situação trágica a que a governação de Sócrates conduziu a economia nacional. Perante a galvanização proporcionada por análise tão devastadora, até disponibilizou gentilmente imagens que demonstram o horror:
Não obstante a clareza e a frontalidade que caracterizam o dr. Frasquilho, convém honrar alguma memória. Já nem se leva a mal a inexistência de qualquer referência à crisezinha internacional no enquadramento das previsões para 2009.
Como sabemos, não existe qualquer crise a pôr as economias europeias a crescer pouco, zero ou em recessão.
É apenas uma invenção do governo, não se compreendendo como não pode estar o país a crescer milhões. Milhares de milhões. Mas, e é importante que isto se diga, não belisca a honestidade e a clareza do dr. Frasquilho. Apenas não havia mais espaço na tabela. Adiante.
O que mais intriga na tabela do dr. Frasquilho é que terrível desgraça terá acontecido a Portugal no 1º trimestre de 2005. Porque agora assim de repente, puxando um pouco pela memória, o actual governo não tomou posse no final de 2004, não é verdade?
É que quando o actual governo tomou posse, o défice não era 3.4, pois não? Assim como a taxa de desemprego não estava em 6.7, mas um pouco mais upa, upa, em 7.5. Deve ter sido um trimestre tramado.
Também é pena não haver mais espaço na tabela do dr. Frasquilho, ou poderiam ser colocadas umas colunas com os títulos 2002 e 2003. Só pela mania da comparação.
O dr. Frasquilho poderia, então, prestar o serviço público de explicar como o PIB cresceu 0.4 em 2002 e como o PIB cresceu regrediu 1.1 em 2003.
Curiosamente um período, conhecido por uma avassaladora crise internacional, em que o dr. Frasquilho foi Secretário de Estado do Tesouro e Finanças.
Não que se esteja a imputar responsabilidades pelos maus resultados ao dr. Frasquilho.
Seria uma injustiça culpar o dr. Frasquilho de todos os males do mundo.
Afinal, era apenas um modesto funcionário que trabalhava para uma chefia, que dava pelo nome de dra. Ferreira Leite.
Poderia também o dr. Frasquilho prestar o adicional serviço público, com a clareza e a frontalidade que o caracterizam, de explicar as razões da população desempregada ter evoluído de 238.4 milhares no primeiro trimestre de 2002, para 412.6 milhares no primeiro trimestre de 2005, quando o governo a que o dr. Frasquilho pertenceu entregou a encomenda.
Enquanto no mesmo período, a população empregada evoluiu regrediu de 5106.6 para 5094.4 milhares.
Mas seria injusto voltar a chamar o dr. Frasquilho à pedra por qualquer responsabilidade partilhada.
Até porque não é o governo que cria empregados, não é verdade? Alguma coisa deve ter corrido mal, mas não foi o governo do dr. Frasquilho, há que dizer isto com clareza e frontalidade."
1 comentário:
Certamente por distracção, o MFerrer abandonou um diálogo no anti tretas sobre o estatuto do aluno. Certamente por coincidência, abandonou-o quando foi confrontado com uma simples pergunta. Assim, coloco aqui o meu comentário ao qual não respondeu. Espero que não se tenha afogado entretanto e que consiga responder à questão que está na parte final do meu comentário. Cumprimentos.
O MFerrer debita as trivialidades de uma cartilha que compara os pobres a maus alunos e os ricos a bons alunos. É um discurso ideológico do pobrezinho que costuma ser feito por quem não conhece a realidade. Possivelmente o MFerrer nunca deu aulas, e por isso debita teorias às quais só faltam os violinos por trás. Posso dizer-lhe que já dei aulas em meios tão complicados que cheguei a assistir à entrada da PSP na escola para vir buscar um aluno meu acusado de agressão. E que já dei aulas a muitos alunos oriundos de instituições sociais, a alunos que viviam com a mãe em local incerto porque tinham sido alvo de violência doméstica e estavam “guardados” por instituições que os procuravam esconder do agressor. Por isso não me venha falar do que não sabe. A desresponsabilização deste estatuto do aluno é criminosa. Tive muitos alunos com uma vida dramática mas que eram bons alunos: esforçavam-se, cumpriam, tinham gosto em aprender. E tive muitos alunos filhos de pais da classe média e alta que se estavam nas tintas para a escola. O seu discuros maniqueísta é como todos os maniqueísmos de uma pobreza atroz. Ao contrário de si, não acho que um jovem cresça solidamente sem regras, com base no discurso do coitadinho. A escola pública tem o dever de dar a oportunidade a todos, não tem o dever de garantir o sucesso de todos. É que o MFerrer ainda não percebeu que existe uma coisa chamada liberdade: cada um é livre de aproveitar ou não o que a escola lhe oferece. O MFerrer acha que um aluno que passa os dias no café ou a namorar com a vizinha da esquina e se balda às aulas deve ter mais direitos que um aluno aplicado (épocas especiais de testes, faltas equiparadas às de um outro que esteve doente…). Eu acho que não deve. Acho que deve ser responsabilizado e deve aprender que tudo na vida tem um preço. As nossas escolhas serão tanto melhores quanto mas responsáveis forem e a responsabilidade aprende-se no dia a dia.
Está no direito de defender um sistema de ensino em que se desresponsabilizam os erros. Não vai é poder exigir que estes jovens que crescem neste facilitismo depois venham a ser cidadãos responsáveis. O que plantamos hoje, colhemos amanhã. E a desresponsabilização que promovemos nos jovens de hoje levará à desresponsabilização dos adultos de amanhã. Ou acha que por um qualquer milagre um jovem que se habituou a fazer o que quer e quando quer, depois vai comprar à farmácia uns comprimidos que o tornam num cidadão respeitador e responsável?
Termino com uma simples pergunta: para o MFerrer - caso tenha filhos - a falta de um filho seu às aulas por doença seria igual a uma falta em que o rapaz foi dar umas voltas ao Centro Comercial? Ou para os seus filhos este estatuto já não serviria?
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