E alimenta-se do esvaziamento das ideias da esquerda.
E, umas e outras são incompatíveis, como está bem de ver.
Não se trata da vulgar flutuabilidade do azeite.
É mais da área da física atómica, da matéria e da anti-matéria:
Não se pode simultaneamente ter ideias de esquerda, defender a solidariedade social, a felicidade dos cidadãos, e ao mesmo tempo, defender o seu contrário.
A Escola Pública é um campo de batalha onde a direita bem sabe que tem que continuar a lutar, ou perderá a batalha do futuro.
Aí, por instinto de classe, os defensores do stato-quo dos privilégios de classe ( é uma coisa que existe!, sabiam? não fui eu que inventei!) passam o tempo a esgrimir as grandes vantagens que o povo teria caso seguisse os seus ideais.
É da sua natureza.
O que é menos aceitável é assistir a que outros, se deixem arrastar pela prancha fora e saltem para as águas revoltas, sem dar conta do engano...
A mais recente das batalhas do encerramento das escolas nas aldeias despovoadas é um caso que merece um momento de reflexão.
Façam lá um esforço e digam-me se é comparável a formação e os saberes adquiridos numa escola tradicional, sem condições de habitabilidade, com um professor sem formação, tudo devidamente localizado numa aldeia despovoada, sem objectivos sociais, sem comunicações, sem futuro, com o que podem aprender num Centro Escolar, com professores bem formados, com biblioteca, com ensino da informática , do inglês, da música, com apoio personalizado, com boa alimentação...
E pretende-se manter o quadro presente em nome de que valores? As crianças têm que andar horas no trânsito? Ou da desertificação?
Disseram desertificação do interior? Foi isso que disseram? Mas as crianças que tiveram o azar de nascer na serra da Lousã devem ser condenados a viver lá?
Porque cargas de água as crianças que eventualmente terminem o 4º ano de escolaridade devem ficar sem escola?
Já pensaram no futuro a que se está a condenar gerações de meninos e de meninas que ficam absolutamente entregues aos acasos da vida, à violência geracional, ao trabalho infantil, à emigração precoce, ou ainda a outras aberrações tão frequentes?
A direita é que precisa destas crianças, do seu atraso, da sua religiosidade e... do seu voto futuro, caso seja necessário. A direita é que nunca se preocupou com a desertificação do interior!
Aliás, fomentou-a, com o regime de propriedade da terra, com o isolamento, com o analfabetismo, com a inutilidade da frequência da escola ( ir à escola para quê? se o que os espera é mugir cabras e ir a salto para as colheitas do outro lado da fronteira...?).
Foi a direita que manteve essa reserva de mão-de-obra servil para alimentar a prostituição e as forças da repressão.
Por isso opõe-se, e bem, a que essas crianças sejam salvas das garras do atraso e do conformismo.
É da sua natureza.
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