Acusar um político de dizer sempre a verdade é como exigir-lhe que minta sempre.
Não faz qualquer sentido, e há muito tempo, que se exijam produtos quimicamente puros.
Quando, e em que paragens tal se verificou?
Desvalorizar é omitir ou mentir?
Desde quando mandar confirmar uma notícia é desvalorizá-la?
Qual foi o político que nunca escondeu um facto? Ou que apenas a ele não se referiu?
Sócrates teve o conhecimento que teve do negócio da TVI e achou por bem não dar disso relevância pública. Finalmente até a ele se opôs!
Aliás estaria no seu pleno direito de ter sobre o assunto toda a reserva pessoal, profissional e política dada a campanha suja de que era alvo, meses a fio, e que se comprovou na justiça ser um outro conjunto de tretas.
O estado de necessidade a isso o obrigava.
Perante a desproporção dos meios de ataque a que estava sujeito, e dos que dispunha para se defender, qualquer político teria que aumentar, e muito, a área de defesa dos seus interesses privados.
A TVI não discordava do Sócrates político. A TVI constituiu-se numa arma de ataque pessoal que visava o tudo, ou o nada. Era a cabeça do Sócrates que esteve em causa!
Quer dizer: A nível judicial qualquer cidadão, mesmo indiciado ou acusado, pode muito bem nada dizer sobre o assunto.
Todavia a um outro, que não foi ouvido nem achado nas acusações e envolvimentos que até incluiram a sua família, teria a obrigação de tudo dizer, de contar como pretende defender-se e, mesmo assim, nunca satisfaria a curiosodade dos acusadores públicos!
Já não é o ónus da prova que foi invertido. Trata-se de um passo anterior. É um não acusado que deve expôr a sua vida e a da sua família para evitar ser acusado de mentir! Mesmo nada dizendo.
Curiosidades duma campanha política travestida em justicialismo popular e em inquisição revisitada.
Desde quando é que um político, um governo, uma religião, uma empresa, estão impedidos de ter assuntos do foro confidencial, ou pessoal, ou privado?
Quem anda a difundir a ideia de que a política é uma actividade despojada de segredos, de interesses e de verdades convenientes, é um aldrabão de feira e que há muito devia estar no museu das inconveniências.
Pelos vistos, destes cromos, temos para a troca.
4 comentários:
CARO MFERRER, GRANDE POST. VOU USAR NOS MEUS ARGUMENTOS FUTUROS, PRINCIPALMENTE A PRIMEIRA FRASE, EH!EH!EH!. O SR. ESTÁ CADA VEZ MAIS PERTO DE SER P.M., NO MEU FUTURO GOVERNO. MAS DIGA-ME, O CROMO DO "GRANDE TIMONEIRO", O SR. NÃO TEM REPETIDO? DEVE SER DIFÍCIL DE ARRANJAR, DIGO EU...
Meu caro Amigo,
Mário de Carvalho, disse ao Jornal de Letras que tende a haver dois tipos de jornalistas os dramatizadores e os desdramatizadores. Citando-o, disse eu, nesta imprensa há artigos de cassetada e outros de massagim.
Porqué, em dia de comemoração dos 25 anos de adesão à Comunidade Europeia, se lembrou de massajar o Sócrates e oferecer cromos?
Assino-me
Alguém com uma actividade despojada de segredos, de interesses e de verdades convenientes,
Picanochão,
Mangando comigo?
Nunca confundi "grandes timoneiros" com gente comum.
O meu post, queira notar, é muito mais sobre os segundos, os que tentam mudar o mundo; não se podem confundir com os iluminados, os grandes profs de economia e finanças...
Aliás se os canudos servissem para mudar o mundo...já estaríamos todos no paraíso terrestre!
É ver os variados atestados de competência que exibem, e os parcos resultados que temos visto.
E não estou a falar sobre ninguém em especial...
Logo que puder nomear um PM não se esqueça de me consultar ;-))
Caro Rogério,
Gostamos ambos de uma boa ironia.
Pena que os factos se encrespem contra a nossa nonomia...
É bom ir ler os meandros da malandragem no "25 anos da assinatura" do http://maquinaespeculativa.blogspot.com/2010/06/25-anos-da-assinatura.html#links
Está lá quase tudo o que escrevi, por outras palavras...
Cumps!
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