quinta-feira, maio 08, 2008

Banco Espírito dos Santos


Para além das piadas jocosas sobre o novo nome do BES ou sobre Geldof em Lisboa, há a reter o sumarento texto de "resposta oficiosa" do Jornal de Angola que mete no mesmo saco, exploradores, mercenários e negreiros, animadores culturais, actividade bancária com industriais da hotelaria e, muita muita raiva sobre tudo que não seja yesmen ao serviço de um regime que muito poucos podem considerar não ser repulsivo, to say the least...:




«Angola tem a triste sina de aturar todo o tipo de aventureiros, desde mercenários, que em 1975 invadiram o país, até briosos rapazes e raparigas que a coberto de organizações não governamentais ou da caridade barata nos entram pelas portas dentro.Com calma, desprezando uns e pondo no seu devido lugar outros, o nosso país vai andando a um ritmo invejável, vai reconstruindo o que esses aventureiros ajudaram a destruir, vai fazendo do caos da guerra uma terra prometida, onde todos têm uma oportunidade e uma vida decente.Agora que das cinzas da guerra nasce a nova realidade, os abutres de ontem radicalizam o discurso e lançam violentos ataques sobre Angola e os seus governantes.O músico irlandês Bob Geldof foi convidado pelo Banco Espírito Santo (BES) e pelo semanário “Expresso” para ir a Lisboa falar sobre desenvolvimento sustentado. Mas em vez disso, tocou ao comediante Bob fazer a diferença. E fez. O convidado de honra do BES e do “Expresso” começou por fazer rir a selecta assistência que no caríssimo Hotel Pestana de Lisboa o ouvia atentamente, ao afirmar que “as casas mais ricas do mundo estão na baía de Luanda, são mais caras do que em Chelsea e Park Lane”. Bob Geldof ou comportava uma dose excessiva de uísque ou não sabe sequer onde fica Luanda e muito menos Angola. Na baía de Luanda não há casas...Embalado nos seus vómitos, o comediante britânico ousou insultar os angolanos, afirmando perante os convidados que “Angola é gerida por criminosos”. O organizador do Live Aid e do Live 8, no ambiente luxuoso do Hotel Pestana e ante os pobrezinhos do BES ou os proprietários do “Expresso”, resolveu ser malcriado. E os que nunca perdem a menor oportunidade para justificar uns pingos dos diamantes de sangue, logo se aproveitaram das tiradas cómicas de Bob.Mas a notícia, que pelos vistos tem origem na agência noticiosa portuguesa Lusa, afinal tem o seu lado de falsa.Bob Geldof é verdadeiro, trata-se daquele espertalhaço que fez concertos rock para matar a fome ao mundo, mandou uns bagos de jinguba para África e o resto foi para outros bolsos mais selectos. O BES também é verdadeiro, tem largos interesses económicos em Angola e, pelos vistos, a sua administração gosta de lidar com criminosos. Pinto Balsemão também é verdadeiro, embora adore vender ilusões. A falsidade da notícia está no facto de ter reportado que o embaixador angolano, Assunção dos Anjos, abandonou a sala quando o comediante Bob disse que Angola é governada por criminosos. Na verdade, o embaixador de Angola em Portugal nem sequer estava na sala. Ninguém de bom-senso perde tempo a ouvir comediantes de quinta categoria, ainda que convidados por banqueiros milionários e o local do espectáculo seja o luxuoso Hotel Pestana de Lisboa.Bob fez mesmo a diferença e portou-se como os seus contratadores queriam. Se um dia alguém o contratar para uma conferência no Hotel Alvalade, em Luanda, o músico vai chamar criminosos aos seus próprios governantes, descendentes de piratas e negreiros e que ainda hoje vivem na opulência à custa dos povos de África ou da Ásia. É tudo uma questão de dinheiro. Mas em Angola ninguém compra farsantes. Pelos vistos o BES tem que ver quem convida para falar de desenvolvimento sustentado. É que lhe pode aparecer alguém a injuriar governantes estrangeiros.» in Jornal de Angola

Entretanto o BES aqui em POrtugal já se desmarcou de qq relação com as opiniões do referido cantor e organizador de eventos... Pudera!
O curioso porém é como estes mesmos campeões daliberdade e da democracia em África apenas se preocupam com o que se passa no Zimbabué quanto a Angola, é o que se vê !

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