Quando um amigo meu visitou, há muitos anos e por razões da sua profissão, a A. do Sul, manteve contactos com muito branco convencidíssimo que o Apartheid era mesmo para ser perpetuado. Até diziam, para viverem mais tranquilos, terem Israel do seu lado, com bombas nucleares.
O meu amigo indignava-se facilmente. Disse-lhes que isso não era problema, visto que o ANC também tinha uma bomba! Como? Tem sim, e quando rebentar, vocês cuidem-se que vai ser um daqueles estrondos! Nah! Isso não pode ser, disseram mais nervosos, e queriam saber do facto mais pormenores. Ele disse-lhes então que o que ia rebentar seria o próprio apartheid. Acharam graça e devolveram-no à origem, acompanhado de risos e de troças.
Agora que o Apartheid já rebentou e as reformas na A. do Sul não se realizaram, as terras não foram devolvidas às populações, enfim, não houve uma descolonização, nem se evitou a reprodução do caldo de cultura racista e de exploração mais evidente, a população sem rumo nem norte, enganada pelo facto de agora o inimigo ser também, da SUA PRÓPRIA COR, decide transformar os imigrantes em bodes expiatórios de todos os males, a falta de casa, de trabalho, a prostituição galopante, o HIV, a miséria, afinal tão miséria como no tempo do Botha.
A História repete-se ignobilmente. Os pobres revoltam-se contra outros mais pobres ainda.
Pergunto-me como será no futuro, quando repararem no erro e decidirem atacar as cidades fortificadas, blindadas e guardadas quer dos seus dirigentes, bem instalados, quer dos brancos que mantiveram todos os privilégios pós-apartheid? Quanto sangue vai correr então? Que bomba vai detonar na A. do Sul?
Assim é que não fica, tenho a certeza!
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