sexta-feira, maio 23, 2008

Loira, Loira, Loira!

Do alto da autoridade política e civil que lhe reconhecemos, a D. Teresa Caeiro, ilustre deputada do CDS-PP, vem hoje fazer coro com os descontentes da política do governo PS e vejam lá, queixa-se da falta de socialismo e, do excesso dele. Isto tudo na mesma crónica:


Margem Direita
Cumprir Abril


Esta penosa caminhada para a ‘sociedade socialista’ levou ao triunfo do politicamente correcto e da irresponsabilidade. ( para além das participações em governos variados, o que é o PP fez de relevante em 30 anos? Paradas militares, compra de fragatas, de tanques e de submarinos? Visitas a feirantes? )
As estafadas comemorações do 25 de Abril proporcionam uma excelente oportunidade para repor alguma lucidez. Ano após ano, ouve-se um coro de carpideiras repetir ‘ad nauseam’ que falta 'cumprir Abril'. Mas convém perguntar: qual Abril? O Abril do PCP, que nos teria transformado numa ‘democracia avançada’ à semelhança de Cuba e da Coreia do Norte? Ou o ‘Abril’ inspirado pelos Grandes timoneiros Mao e Hoxha que nos teria conduzido ao ‘progresso dos povos’? Confesso o meu conforto com o falhanço destas utopias. (Quer dizer que mete simploriamente no mesmo saco as tentativas totalitárias, irresponsáveis e isolacionistas e os esforços para o estabelecimento de uma democracia representativa e ocidental ! Não é sério, não corresponde à História e esquece as tentativas de golpes da direita trauliteira!)
Quanto aos defensores da nossa atávica Constituição, que ainda hoje se propõe ‘abrir caminho para uma sociedade socialista’, não compreendo porque tanto se queixam. Esse socialismo português saldou-se no triunfo do ensino igualitário, pseudo-inclusivo, sem vestígio de critérios como o mérito e a disciplina. Um ensino que culminou na mediocridade generalizada e no episódio da ‘peixona’ (ou ‘pachona’; a doutrina divide-se). ( Ah! agora já se entende, caiu-lhe a máscara, e estamos a falar do que realmente a incomoda: A Educação. E como é curioso que a extrema direita seja tão simétrica com a extrema esquerda em Portugal!. De facto e tal como os sindicatos corporativistas e reaccionários, o que a D. quer, é atacar a Educação, como baluarte da democracia. Senão, vejamos como prossegue. Ela está contra um ensino igualitário, que tenda para a inclusão e, por fim, ataca o mérito e culpa de indisciplina, o socialismo? Sim senhora, temos deputada! Um ensino medíocre, diz ela. Então em que ficamos? Era um ensino socializante, estatizado, igualitário e em triunfo e, agora já não presta? Bom, bom, era o ensino de meia dúzia de filhos família no tempo do Estado Novo? Continuo a achar curiosa a utilização despudorada da mesma argumentação, pela esquerda, quando o governo manda os professores trabalharem, darem aulinhas, não faltarem, imporem disciplina pelo exemplo de conduta e darem-se ao respeito. E queixa-se, coitada, da mediocridade do ensino actual que absolutamente desconhece na sua dimensão - cerca de 100 vezes mais alunos do que no tal tempo do leite e do mel - e na dedicação de muitos milhares de professores que continuam a acreditar ser possível romper este ciclo vicioso do sub-desenvolvimento - desemprego - abandono escolar - sub-desenvolvimento.)Mas continua:
O socialismo português rejeitou o sector privado e o rigor na gestão por objectivos. Por isso, somos confrontados com listas de espera tais que os utentes do nosso Serviço Nacional de Saúde são enviados em excursões para serem operados às cataratas. ( Em duas geniais linhas de franco desnorte exige mais privatizações que diz terem sido rejeitadas pelo PS e ataca o SNS que sempre foi coutada de caça corporativa de médicos e de farmácias !) Abril acabou por ‘cumprir’ um SNS que é ‘universal’ na exacta medida em que os portugueses têm de viajar pelo Universo para acederem, em vida, aos cuidados de Saúde. ( A ausência de memória rivaliza com a da vergonha! Pois não é verdade que foram os médicos que impediram a formação de mais médicos? E qual a lista de espera quando o PS chegou ao Governo? E que apoio recebeu na AR para as medidas da sua redução?)
Esta penosa caminhada para a 'sociedade socialista' levou ao triunfo do politicamente correcto e da irresponsabilidade; dos direitos sem deveres;do esbanjamento de recursos distribuídos sem critério; da criação ‘fraterna’ de subsídio-dependências;de uma Administração Pública que foi sendo insuflada na proporção inversa à da sua eficiência. Levou, também, ao triunfo de uma ideologia adversa à criação de riqueza, à liberdade de escolha e ao crivo da qualidade. ( Espera, espera aí, que esta tirada merece um bocado de atenção. Politicamente correcto teria sido não bulir com os médicos, os professores, os juizes e outras corporações sentadas à mesa do OGE! Quanto ao esbanjamento de recursos, a diferença do défice ao tempo do governo em que participou o seu alquebrado partido e o do actual governo, fala por si ,e ela devia ter metido a viola no saco. Os tais subsídios que odeia são o do complemento para idosos, que necessitem!, e para o leite das crianças de colo. E finalmente, lambe onde mais lhe doi: que a riqueza só se cria em regimes neo-neo-conservadores e liberais onde circulem livremente o crak e os cheques-ensino!)
Quem cresceu em liberdade, agradece, sentidamente, a todos os que defenderam este valor inestimável. ( Mais faltaria, é a custo, sei, mas tem mesmo de ser! ) Abril deveria ser um ponto de partida, ideologicamente descomplexado, para se prosperar e viver em liberdade numa sociedade equitativa. ( gosto do ideologicamente descomplexado, é da minha formação gostar de certos descomplexos, mas já desconfio daquela súbita vontade de prosperar em completa liberdade, para a qual nada fez, diga-se!) Desde 1974 que 'convergimos' – na terminologia de José Sócrates – no sentido de uma sociedade asfixiada, subjugada e condicionada. ( Lá lhe fugiu o pé para a esquerdalhada!! ) O ensino sucumbiu ao ‘eduquês’, o empreendedorismo a más políticas fiscais, a economia a um keynesianismo inconsequente, as expectativas à frustração. ( Ora lá volta o Ensino que ela, mais a esquerda garganeira, garantem não funcionar, e, a tal política fiscal sem motor de arranque, deve ser a cobrança de muitos milhões de Euros, tranquilamente esquecidos nos tais governos simples, bons e liberais! ) As famílias sucumbiram a tudo isto. ( Credo! As famílias? Quem foi o danado que lhes meteu os plasmas em casa e lhes emprestou dinheiro pelo telefone? Querem ver que foi a política do socialismo? Ou foram os seus padrinhos neo-neo-liberais?) Brevemente teremos tantos anos de democracia como de ditadura e eis que 'convergimos' com coisa nenhuma.
( Em aritmética não está mal. Pior, e a necessitar de umas explicações em colégio privado, é mais na área da percepção da realidade. É que no tempo do seu desarticulado governo a convergência com a Europa fazia-se de facto em contra-mão, e para trás!)

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