João Pinto e Castro:
"A descida do rating da dívida pública portuguesa foi justificada com a expectativa de um fraco crescimento em Portugal por comparação com a Irlanda.
Mas os últimos resultados confirmam que a economia portuguesa foi uma das que entraram mais tarde em recessão e mais cedo saíram dela, ao passo que a irlandesa não pára de afundar-se. Seja qual for a fundamentação da análise das agências, a realidade não é de certeza.
Agora, porém, o agravamento do IRS e do IVA prejudicará decerto o crescimento em 2010 e talvez em 2011. Ora, se o aumento do défice em 2009 se deveu esmagadoramente à quebra das receitas induzida pela recessão, parece claro que o crescimento é a via para voltar à situação de partida.
Será mais difícil reduzir o défice em proporção do produto se ele voltar a cair este ano. Tecnicamente, a subida de impostos hoje anunciada não é defensável: com a economia a crescer à roda de 1%, o sucesso do PEC recém-aprovado estaria garantido.
O novo pacote imposto no último fim de semana a Portugal e à Espanha como contrapartida da intervenção justifica-se apenas pela preocupação de castigar os pecadores e, assim, dar uma satisfação aos tablóides alemães. Mais um exercício de política pacóvia, pois."
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