Augusto Santos Silva,
VIVA O DEBATE! (no DN de hoje), via Câmara Corporativa:
“(…) quando o Governo reforma os serviços públicos, orientando-os para as populações em vez de curar só dos profissionais, quando assegura a sustentabilidade financeira da segurança social, quando orçamenta e racionaliza o Serviço Nacional de Saúde, quando alarga a actividade da escola pública, quando lança novos direitos sociais, quando garante a estabilidade do sistema financeiro, quando reduz os custos de contexto da iniciativa económica, quando aposta nas Novas Oportunidades, quando altera os códigos penal e de processo penal numa perspectiva humanista, etc., e quando o Grupo Parlamentar aprova a paridade, limita os mandatos e moderniza o divórcio, eu sinto que estão a praticar aquela política de esquerda democrática e progressista que reclamei e reclamo no interior do PS.
Não é seguramente esta a única possível. O debate entre políticas não pode parar e um partido democrático só beneficia da pluralidade das correntes do confronto das ideias. Todas devem encontrar lugar no PS, sem qualquer exclusão.
Mas ter e apresentar ideias é coisa bem diferente de ficar apenas pelo ressentimento, a pose majestática, a colagem acrítica (ou calculista) aos protestos sectoriais, a estranha obsessão com votos perdidos em próximas eleições. O debate democrático exige mais.
Exige presença, participação, disponibilidade para falar e ouvir nas diversas instâncias em que se formam e avaliam as políticas do PS. Exige clareza no posicionamento, porque ou se quer influenciar e enriquecer o PS, ou se quer servir de aliado ocasional para aqueles cujo objectivo é liquidar o PS. Exige argumentos, e não apenas ideias feitas ou frases vazias. E, sobretudo, exige coerência.
Porque ou bem que se é radicalmente a favor da democracia e então tem de contestar se, no tempo certo, os insultos às portas do PS quando os miltantes entram para reuniões internas, ou as infelizes tiradas sobre estrangeiros dos lideres da direita, ou o comportamento dos sindicatos que rasgam os acordos que eles próprios subscreveram; ou se dirigem todas as críticas contra o Governo e o Grupo Parlamentar do PS e então não se poderá ficar surpreendido nem agastado se alguém denunciar esse uso instrumental e selectivo, logo inaceitável, da democracia.”
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