sexta-feira, setembro 30, 2005



A VELHA RECEITA

PARA ALTERAR A REALIDADE

Fácil. De manhã cedo damos a notícia daquilo que julgamos ser a medida que o governo vai tomar acerca, por exemplo, do regulamento sobre a dimensão da rede de pesca à tainha .

O assunto escolhido deve surpreender os ouvintes!

Depois, vamos ouvir o que pensa disto o grémio dos fabricantes de redes de pesca ao carapau, o sindicato das viuvas dos pescadores, a D. Isaltina, O vice presidente da Cãmara lá do sítio e a vox populi.

Estabelecida a confusão, é de bom tom confrontar o secretário das pescas ou do trabalho, pouco interessa qual!, não sobre a justa medida anunciada, mas sobre os impropérios entretanto escutados.

Deve ser repetidamente perguntado sobre a mesma coisa, várias vezes, até dizer ou aquilo que não quer, ou já irritado, repetir já ter respondido várias vezes à mesma questão. Pouco importa.

Pode ainda reforçar-se a coisa e prolongar a agonia geral ouvindo o padre da freguesia recentemente colocado e em vias de se afirmar na comunidade, o qual dirá estar ao lado dos seu rebanho para o que der e vier! Fica assim no ar uma voz autorizada e conhecedora da matéria em apreço!

Em conclusão e dando mostras do maior rigor, da mais vertical independência, deve referir-se repetidamente e ao longo do dia, que o Secretário tal e coisa, não foi capaz de esclarecer a ponderosa questão e até destratou a jovem e pura jornalista que o tentou abordar. Tão a ver?

É fácil e pelos vistos dá milhões de papalvos!

AI O QUE ELES ANDAM A PEDIR!
ANDAM, ANDAM!

Pergunto-me o que passará pela cabeça do primeiro-ministro quando, de manhã, se encara ao espelho.

Passará :

Dizer aos juizes que não fazem qualquer falta e que em vez de 3 dias de greve o governo os manda de férias por, digamos, mais umas duas semanitas;

Informar os professores que exigem pagamento de horas extraordinárias para, dentro do seu horário de trabalho semanal, darem aulas de substituição no caso de outro professor faltar, dizer-lhes que só precisam de trabalhar 10h / semana e que serão todos aumentados 10%;

Garantir aos funcionários em regime especial de contagem de tempo para a reforma que, não há problema, todos poderão reformar-se aos 49 anos ( como o Santana Lopes!);

Empenhar-se junto da Ass. Nacional de Farmácias a liberar os preços de todos os medicamentos e passar a dar exclusivo de venda às farmácias de mais alguns produtos como sejam os sabonetes, os chás e cafés, os detergentes e as águas minerais.

Para as forças de segurança garantir-lhes de imediato a passagem à reforma e a sua integração numa empresa de segurança a quem fosse atribuida a função de cuidar de nós, com os respectivos aumentos de ordenados.

Às empresas que têm dívidas ao fisco, uma moratória de mais 10 anos e com possibilidades de recorrerem ainda a uma comissão arbitral a nomear pelo futuro governo.

Às empresas de construção civil que elas digam as obras que querem fazer, onde, quando e com que trabalhadores, de que nacionalidade, sem vínculo laboral ou segurança social e finalmente se precisam de receber já alguma cooisa adiantada, até digamos, aí uns 100% dos trabalhos!

Aos médicos que se deixem de generalidades e que receitem apenas medicamentos e exames complementares de qualidade reconhecida. De marca. Tipo Adidas e D&G, sei lá!

Aos enfermeiros seria garantido que só fariam três horas por dia, em dias alternados, para poderem descançar dos vários empregos particulares que têm;

Ao Marques Mendes que em vez de querer saber o que será o OGE 2006, o faça ele próprio! e já agora, o leve a Bruxelas, onde será muito aplaudido. Garanto-vos!

Proibir a seca, os incêndios e a condução com menos de 0,5g/Litro de sangue

E depois, bater-lhes com a porta na cara e regressar ao Kénia onde as coisas são vistas de frente!

Tenho cá uma impressão que é mesmo isto que, de manhã, lhe apetece fazer!


CASCAIS OU O FIM DO MUNDO
Ontem uma família inteira de excluídos morreu num incêndio no bairro do Fim do Mundo, em Cascais

Dor e revolta apoderaram-se ontem dos habitantes do bairro do Fim do Mundo, no Estoril, que viram desaparecer uma família de seis pessoas, vítimas de um incêndio que deflagrou na barraca onde viviam. A origem do fogo que matou mãe e cinco filhos, entre os quais quatro crianças, ainda não foi explicada, mas a primeira impressão aponta para a ocorrência de um curto-circuito. A Polícia Judiciária está a investigar o caso, que já suscitou críticas à actuação dos bombeiros.O fogo começou de madrugada, por volta das 04.30, e rapidamente consumiu a barraca onde viviam Edina Correia, 32 anos, e os cinco filhos Lizandra, 19, Jenise, 16, Carlitos, 13, Susana, 11, e Euclides, 5, uma família de origem guineense. As versões sobre o que se passou depois divergem. Testemunhas contaram que os vizinhos tentaram resgatar as crianças das chamas, mas que não foi possível arrombar a porta. As janelas, barradas com grades de ferro, terão impedido a tentativa dos vizinhos de acorrerem às vítimas. Mas, segundo apurou o DN, as crianças terão sido encontradas deitadas na cama e já sem vida, o que levanta a hipótese de terem morrido intoxicadas. Na origem poderá ter estado um curto-circuito, motivado por uma puxada de electricidade ou um aquecedor a óleo que ali estava ( Isto diz o DN)

O que o DN não diz, o que a TSF não conta, o que o Público não vê, o que a televisão esconde, é como temos tanta gente a viver abaixo do limite da dignidade humana: qual o acompanhamento dado àquela família cuja mãe teve o primeiro filho aos 12 anos de idade?

O que eles não querem é ver a realidade. O que lhes está a embaciar a vista e a tolher a escrita é a sua posição de classe contra os desprotegidos, os pobres, os imigrantes, as grávidas menores, os mais fracos da sociedade.

Os bombeiros não acudiram como deviam ? A imprensa não investiga esses detalhes. Deixa entrelinhas a alusão à PJ. Que se saiba a PJ não investiga a lentidão dos carros dos bombeiros nem a quantidade de água que devem transportar. Claro está que teriam feito um circo mediático se os filhos fossem de alguém conhecido do Estoril e a mãe saísse na Caras!

Para a nossa comunicação social o assunto está arrumado. Nem mais um alinha será escrita.

Aos habitantes do Fim do Mundo restar-lhes-á a indignação sobre o atraso no auxílio. Quando é que lhes passará pela cabeça revoltarem-se contra os que os exploram, contra as condições em que são obrigados a viver? Contra a arrogância policial? Contra a visita dos políticos em campanha eleitoral?

Esse dia chegará. A Edina Correia e os filhos, é que não vão ter a oportunidade de se indignarem.

Que escolaridade tinham aquelas crianças?


Aspectos da escravatura - 2



CHEGADA DE ESCRAVOS AO BRASIL

a bordo do navio brasileiro Paquete do Rio, em 1846* !

O texto abaixo fala por si, bem como a sua origem. Isto desmitifica o caráter nacional do racismo ou do esclavagismo. E lembra aos distraídos que o racismo e a escravatura são antes do mais aspectos da exploração humana, duma classe social sobre outra classe social. O racismo mais não é do que a ideologia do esclavagista! Nada tem a ver com pátrias. No limite, nem com a cor da pele:

Um dia, à chegada de um navio, aqui na Rocha do Conde de Óbidos, um filho de um dos passageiros, vindo pela primeira vez à Metrópole, e que assistia da amurada à descarga das malas de porão, disse ao pai: "Pai, aqui em Portugal, os pretos são brancos!"

Isto a propósito das tentativas para diabolizar todos os portugueses como se a sua índole maldosa e desapiedada tivessem inventado a escravatura ou fossem responsáveis pela sua disseminação pelo mundo fora, séculos a fio! Não foi bem assim! :


SourceArthur Thomas Quiller-Couch, ed., The Story of the Sea (London, 1895-96), vol. 2, p. 441 (Courtesy of The Mariners' Museum, Newport News, Virginia)
CommentsCaption: "They were Free." Included in a lengthy chapter on the slave trade, this scene illustrates a detailed description of Africans liberated from a Brazilian slaving vessel, the "Paqueta de Rio," by a British naval vessel, the "Cygnet," off Sherbo, in West Africa. The account initially appeared in the "Sierra Leone Watchman" (November 15, 1846) which reported that there were 547 Africans on board the slaver: "The slaves were all stowed together, perfectly naked . . . The slaves who were confined in the hold--it being utterly impossible for the whole of them to remain on deck at one time--were in profuse perspiration . . . The smell on board was dreadful . . . . the greater part of the slaves were chained together with pieces of chain, which were passed through iron collars round their necks; iron shackles were also secured round their legs and arms . . . .[After they were freed, the slaves] set to work, and, with the billets of wood which had hitherto formed their bed, knocked off each other's shackles . . . . They were branded like sheep. Letters were burnt in the skin two inches in length. Many of them, from the recent period it had been done, were in a state of ulceration . . ." (p. 442). Although this illustration is sometimes reproduced in secondary sources on slavery which erroneously give the impression it is based on an eye-witness drawing, the illustration is the late nineteenth century artist's imaginative rendering and is a complete fabrication.

In :http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/details.php?filename=mariners07

*- Notar que à data, o Brasil já era independente de Portugal ia para 25 anos!

quinta-feira, setembro 29, 2005

A novela "América" e o racismo, lá.


Legenda : Leilão de escravos, nos EUA, sec XIX, por falência do proprietário. Primeiro foram leiloados e vendidos os homens. Seguem-se as mulheres que têm de deixar os filhos. Depois será a vez das crianças.

Confesso que nunca vi realmente um episódio completo da novela "América". Mas isso não vem ao caso.O que é interessante é que as novelas brasileiras, pela sua qualidade em todos os aspectos, são normalmente, mais bem feitas que as americanas ou mexicanas.Fruto dessa qualidade, podemos ver a Escrava Isaura na Finlândia ou em Angola. Os valores humanos e a história narrada, tem tudo para se internacionalizar.Mas, quando chegam aos EUA a coisa muda de figura. E então se o enredo e as situações saltam a fronteira e falam de imigração ilegal, se os novos emigrantes são brancos e loiros, se mostram um pouco da verdadeira natureza da exploração a que estão sujeitos nos EUA, então temos a porca nas ervilhas.

É o que ressalta quer do artigo aqui, quer de alguns extraordinários comentários cujo conteúdo violento e racista mostra a verdadeira face da sociedade americana, dos seus valores e da sua arrogância versus os mais fracos, os desprotegidos, os imigrantes.Há até um que se indigna por eles serem...brancos...ou quase brancos!Deixo dois exemplos já traduzidos:"A novela mostra-os tendo sucesso na América? Sucesso em quê: roubando hospitais e batendo à luz do dia em jovens brancas que ignoram seus avanços sexuais? Sucesso em produzir grandes famílias de moreninhos, crianças cabeça-de-abóbora que não sabem falar inglês? E aquele brasileiro ilegal ”bem sucedido“ que fez notícia na Inglaterra mês passado? Ele estava roubando com sucesso passeios gratuitos no metrô de Londres, até quando se viu acuado com sucesso e então a polícia atirarou na sua cabeça com 5 tiros quando caçava os terroristas que colocaram as bombas de destruição maciça. Se qualquer um destes brasileiros for remotamente capaz de qualquer sucesso, na sua terra-natal não haveria pobreza, corrupção, violência, desigualdade social e não seria a bagunça que é.”....

"Nós temos a maior concentração destes brasileiros no norte de Nova Jersey. Eles estão também concentrados em Boston e Miami. Dificilmente seria possível dizer que eles são os piores imigrantes. Estamos falando sobre a classe média-baixa, a classe trabalhadora, não os mais pobres. Eles não estão se envolvendo em gangues ou na criminalidade. Eles mantêm suas casas muito melhor organizadas que a maioria dos hispânicos. Eles têm a inteligência para aprender profissões que exigem perícia e para conseguir terminar a escola secundária. Estão há um passo acima dos mexicanos.Os homens geralmente trabalham na construção, e muitas das mulheres estão trabalhando como dançarinas (go-go dancers). Eles tendem a ser muito escuros e medianos, com traços moderados de índios, e algumas vezes com uma leve mistura negra. Não estamos recebendo muitos dos negros, Graças a Deus. As mulheres são, em sua maioria, muito sensuais e desesperadas para arrumar um homem americano. Prevejo uma massiva miscigenação com esta raça mista de mulheres brasileiras se esta moda continuar e se os brasileiros começarem a desembarcar nas áreas mais homogéneas do país."

As culturas de sequeiro...


Heroína às carradas para toda a gente!
Graças aos esforços americanos para correr com os talibans - simplesmente horríveis - este ano a colheita de ópio vai ser um recorde.

E já lá morreram mais americanos que no Iraque!

A causa era boa. Era justa: Ia ser a democracia.
Pelo menos é o que dizem os nossos jornais e tvs...


adopt your own virtual pet!

terça-feira, setembro 27, 2005

Para a Galeria dos grandes posts - 1

Directamente do Sarapalha para esta parede electrónica, vamos iniciar a Galeria dos grandes posts :

Explico a minha referência acima à teologia católica (cristã, parece) do matrimônio.Para começar, o matrimônio, ao contrário do batismo, entre outros, é um sacramento auto-administrável. Isto significa que, ao contrário do que muita gente pensa (e os padres não movem uma palha para acabar com essa crença popular), não é o padre que casa os nubentes, mas são eles próprios que se casam a si mesmos. De que forma? Assumindo de público o seu amor. Daí a cerimônia na igreja, diante dos convidados, isto é, da comunidade. Publicidade, para que não haja o risco de alguém estar sendo prejudicado, e para que se explicite a autenticidade do compromisso. Autenticidade, pré-requisito de qualquer ato moral e atenção à moral de Deus, isto é, à grande moral, a do Jardim, a moral da vida, a do amor, não a moral dos costumes, a moral cultural.Pois bem, com isto, com a declaração de amor diante da comunidade, metade do ritual de auto-administração do sacramento é efetivada. A outra metade não ocorre ali, na igreja, diante do público, mas no segredo da alcova nupcial, pois consiste na primeira conjunção carnal. Vale dizer, a primeira relação sexual é parte essencial da consumação do casamento, de tal forma que, se ela não se efetivar, por um motivo qualquer, simplesmente não ocorreu o consórcio.Os manuais de casuística moral, destinados aos estudantes da teologia católica, registram a hipótese de um casamento que vá se realizar numa localidade rural, uma fazenda por exemplo. Os convidados estão presentes, o banquete já está servido, a festança à espera apenas de que chegue o padre para a cerimônia na capela, já toda enfeitada. Mas o padre não chega. Uma tempestade acabou de cair, os riachos se encheram, a estrada foi obstruída, não há mais como chegar alguém da cidade mais próxima onde assiste o vigário. E aí?A solução do problema: os noivos se dirigem à capela e, diante dos convidados presentes, se recebem como marido e mulher. Depois, a festa, a comilança, a festança, e a retirada dos noivos para o seu quarto, onde o restante da autoministração sacramental irá se efetuar.Em resumo, em bons termos de teologia sacramental católica, é inteiramente verdade que "quem ama com fé, casado é". O resto é legislação burocrática da instituição, coisa da cultura, coisa dos homens. Nada a ver com Deus.Observe o leitor que o que este escriba, agnóstico convicto, acabou de fazer aqui foi simplesmente se colocar na perspectiva católica, como se um deles fosse, para que melhor se possa avaliar o que já foi e o que vai ainda ser dito sobre o episódio.
posted by Tristão at 19:31

Mar e Céu , pedaço de poesia


....Tudo o que em nós é atavicamente marítimo
Que tinge de sangue as areias
Que arremete em ginetes de espuma
Que vai morrer entre as ameias
De moventes castelos de bruma
Tudo o que estando parado avança
E fechado e às escuras é brisa
E é de si a mítica lembrança
Em terras que não vê e não pisa
Tudo o que tem íntima cordagem
Enxárcias cabos correias
Para o maquinismo das viagens
Dos ciclones que cortam as veias
Tudo o que é estrela achada
Pelo uso psíquico da balestilha
E que dos seus sonhos faz uma jangada
Os cerca de névoa e nasce uma ilha
Tudo o que fundeia no ancoradouro
Do subconsciente movediço
E que traz dessa ilha do tesouro
Feições do tempo em que se era embarcadiço
Tudo quanto é batalhas navais
O que em nós subsiste de remos e velas
Metafísicas Índias Ocidentais
Raças azuis em vez das amarelas
Tudo o que é naufrágio e deixa no mundo
Exilado em nós seu errante vulto
Tudo o que no cimo é barco e no fundo
É piloto afogado entre corais sepulto.

Natália Correia em Cântico do País Emerso.1961.

A ECONOMIA COLONIAL

- Imagem de Ouro Preto -
( encontrado por mero acaso no excelente Almanaque Mineiro, com a devida saudação, aqui fica uma pitada dos problemas coloniais portugueses, bem como da incompetência para os resolver na distância, e na distância do tempo:

Latifundia perdiderunt Italiam, já o sentenciava Plínio e os economistas romanos, com aquela clareza de visão que caracteriza o gênio latino; e o Brasil colonial tentou contornar o perigo que minou o império de César com o sistema das sesmarias, cujo fracasso não teria sido menor em terras da América. Eram extensas em excesso as glebas distribuídas em sesmarias remotas – uma, duas e mais léguas em quadra, havendo sesmeiros possuidores de mais de uma gleba dessa extensão.Os inconvenientes do sistema ainda nos subjugam até hoje, e não é necessário enumerá-los por tão conhecidos de todos.Nos tempos coloniais, como ainda em nossos dias, esses inconvenientes se manifestavam pela impossibilidade de a administração acudir às necessidades e reclamos de uma exígua população perdida na imensidade da terra, onde o transporte, o policiamento e o fisco lutavam com as mais penosas dificuldades. Nas zonas de mineração, dado o isolamento e a pobreza agrícola do solo, eram comuns os surtos de escassez de mantimentos, imperando a fome, e as epidemias com todo o quadro dramático das suas conseqüências.Depois de positivado o fracasso da experiência medieval do povoamento do Brasil pelo sistema das donatarias, é que D. João III tentou resolver o problema com a instituição das sesmarias, ainda recorrendo ao concurso da economia privada na exploração e povoamento da terra.Concediam-se as terras a quem as requeresse ao governador da Capitania, que despachava em nome de el-rei, dependendo a sua posse, entretanto, de confirmação da Mesa do Desembargo do Paço.O processo de concessão era simples e expedito. O pretendente requeria a posse das terras que indicava, e o representante de el-rei mandava passar-lhe a Carta de Sesmaria, na qual constava, depois de ouvido o procurador da Coroa, que a concedia sem interpolação de outras terras, ainda que fossem inúteis, e com a condição de demarcá-las dentro do prazo de um ano.
João Dornas Filho em Aspectos da Economia ColonialItatiaia. Belo Horizonte.2ª edição. 1959.

A lama e o jornalismo abaixo de zero

Quando escrevi há dias um post sobre o nível da lama, já previa que o Público nos queria afundar nela. O que estava era longe de prever que um dos primeiros a atolar-se fosse esse jornalismo de encomenda, de frete.
Infelizmente tinha alguma razão.
Copio do BlogoExisto com a devida vénia esta denúncia da falta de profissionalismo que por lá prospera:

Jornalismo zero
Em post-scriptum ao editorial de hoje d'O Público, Amílcar Correia indica que nas páginas 8 e 9 do jornal poderá ser encontrada "mais informação que vem confirmar que dirigentes socialistas tinham conhecimento prévio dos planos de regresso de Fátima Felgueiras e que levaram à sua libertação".Pacientemente consultadas as referidas páginas, nada encontrei senão novas insinuações carentes de fundamentação.Se O Público quer manter a sua história, a única coisa que tem a fazer é revelar quem são os dois membros do secretariado nacional do PS que terão mantido conversações com Fátima Felgueiras com vista à preparação do seu regresso. Caso não o faça, teremos que concluir que as afirmações do jornal foram gratuitas e irresponsáveis.Que me recorde, nunca O Público desceu tão baixo.
// posted by João
@ 1:13 PM

O Expresso e a verdade

O Expresso a 14 de Maio último publicava um longo artigo intitulado " Programas sem controlo" cujo título jocoso e conteúdo vígaro lhe valeu uma queixa da Ass. para o Planeamento da família que veio agora a merecer da Alta Autoridade para aComunicação Social a seguinte Conclusão:

CONCLUSÃO
Apreciada uma queixa da Associação para o Planeamento da Família (APF) contra o “Expresso” com base na alegação de que este, referindo-a, lhe não deu voz, como deveria, no processo de elaboração do artigo publicado no dia 14 de Maio último a propósito da Educação Sexual nas Escolas, desse modo, ao que sustenta, praticando uma informação parcial, com elementos falsos e atentatórios da sua honorabilidade, a Alta Autoridade para a Comunicação Social, ao abrigo das faculdades conferidas pela Lei nº 43/98, de 6 de Agosto, entendendo que a audição e pronúncia da reclamante era, no contexto, necessária e adequada, delibera chamar a atenção do jornal para a necessidade de cumprimento do ético-juridicamente disposto em matéria de rigor informativo
.

Lembro que na altura toda a chamada comunicação social se fez eco das porcarias que o Expresso afirmava como verdades. A TSF fez um dos seus foruns democráticos onde os que ignoram os assuntos dão opinião sobre tudo, desde a maternidade medicamente assistida, o sistema de ensino, os manuais escolares, os privilégios dos magistrados, o Processo Casa-Pia, etc. Grandes momentos de jornalismo ! E de cidadania

As Feiras, os Lares de Idosos e as eleições

Colocar aqui uns versos, uma poesia, fica sempre bem. Dá assim ares de termos muita cultura e sensibilidade. Quem parece desprovido e excluido de ambas, são os secretários gerais do PPD-PSD e do CDS-PP que andam por esses sítios a desviar velhinhos e a esmolar votos. Guerra Junqueiro, vulto maior da nossa literatura, expoente da crítica social, está vivo e é moderno que se farta:

PARASITAS

No meio duma feira, uns poucos de palhaços

Andavam a mostrar, em cima dum jumento

Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,

Aborto que lhes dava um grande rendimento.

Os magros histriões, hipócritas, devassos,

Exploravam assim a flor do sentimento,

E o monstro arregalava os grandes olhos baços,

Uns olhos sem calor e sem entendimento.

E toda a gente deu esmola aos tais ciganos:

Deram esmola até mendigos quase nus.

E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos,

Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz,

Que andais pelo universo há mil e tantos anos,

Exibindo, explorando o corpo de Jesus.


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A ideologia dominante e a falta de notícias

Transcrevo em castelhano, do El Pais, a notícia da prisão de uma mãe de um dos 1900 e muitos soldados americanos mortos no Iraque:

Detenida frente a la Casa Blanca la madre que impulsa la protesta contra la guerra
Cindy Sheehan es acusada de manifestación "no autorizada", un cargo menor en EE UU
YOLANDA MONGE - Washington
EL PAÍS - Internacional - 27-09-2005
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Esposada, fotografiada de frente y de perfil con un número bajo su rostro y con sus huellas dactilares en los archivos de la policía. Cindy Sheehan, 48 años, fue arrestada ayer junto con varias decenas de activistas contra la guerra de Irak cuando realizaban una sentada en un paseo de la avenida de Pennsylvania, muy cerca de la Casa Blanca. Tres veces advirtió la policía al grupo que no podían permanecer, por razones de seguridad, manifestándose en ese lugar. Tras el tercer aviso, los agentes acusaron a los activistas de desobediencia civil y procedieron a detenerlos.
Portando un retrato de su hijo uniformado muerto en Irak, Sheehan fue levantada por los agentes, esposada y conducida al coche policial. Entonces Sheehan declaró: "El mundo entero está observando esto".

Cindy Sheehan estava lamentavelmente enganada:
Aqui em Portugal a comunicação social, completamente manipulada por forças ainda não denunciadas, não mostrou nada!
Nada daquilo é notícia.
Que importância tem um protesto de milhares de americanos contra a mais injusta das guerras de pilhagem?
Porque devemos ter uma opinião correcta sobre o que se passa no mundo para além das reuniões do Likud, dos discursos em directo do Bush?, da abertura e encerramento das bolsas de NY, de Tóquio, de Londres? Isso sim são as notícias.
Do resto encarregar-se-á a História!, com tvs e jornais portugueses ou, sem eles. Eles, sim, têm nenhuma importância.
Claro que se uma mãe fosse presa em Cuba, na Venezuela, por clamar contra a morte de inocentes numa guerra suja, isso sim seria notícia!
Haviam de fazer directos com casas degradadas, paradas militares e familiares de dissidentes que nos chorariam as vantagens da democracia.
Cada um que retire as suas conclusões acerca da honestidade destes "orgãos de informação"

O estado das contas - 2002,3 e 4

Transportado às cavalitas de toda a imprensa, Marques Mendes anda pelo País, de feira em feira, de lar de terceira idade em lar da quarta idade, em busca do Santo Graal. Perdão. Do votozinho mesmo simplório, mesmo iletrado.
Atentamente escutado pelas tvs, a encaracolada cabecinha de lado, escusado enfeite, Ribeiro e Castro mimoseia-nos com análise pura. Com a difícil justificação do passado, com o futuro. E, quase consegue convencer a jornalista, apressada em justificar a densidade dos ouvintes por m2. Entre feveras e entremeada lá nos brindam com explicações de circunstância.
Não se esforcem mais que já percebemos: A desordem das contas públicas e também das publicadas, relativas a 2002, 2003 e 2004, a sua criatividade contabilistica e falta de rigor, são da responsabilidade do actual governo, saído de eleições em Fevereiro de 2005!
É que está-se mesmo a ver!
Quem não parece ter percebido nada foram aqueles circunspectos senhores do Euroestate que vêm agora por em dúvida a sanidade daquelas águas. E lá se vai a bandeirita azul.
Que toda a encenação relativa às negociatas com CityGroups, com Hospitais SA, não foi apreciada pela UE, mesmo com o Barroso-em-Bruxelas-que-nos-vai-ajudar, está nas páginas dos jornais e, embora não tenha ainda aberto os noticiários ds tvs, mostra já ter estatura para atrapalhar as engrenagens eleitorais de autarcas da direita e, horrível perspectiva, acinzentar ainda mais o estupefacto professor de finanças.

segunda-feira, setembro 26, 2005

Para compreender António Borges - 1

Outro D. Sebastião. Agarrem-me senão concorro a qualquer coisa!
Pois Alter do Chão não era terra de bastardias?
Aqui fica um delicioso texto, ainda vivo, pescado agorinha da Menina não entra:
Votem neles, carago, que isto vai!

Os jornalistas portugueses, habitualmente tão contundentes, nunca se lembraram de perguntar como é possível um vice-presidente de um grande banco internacional residente em Londres passar o tempo em Portugal a dar entrevistas e a participar em debates televisivos.Quando se zangou com António Borges, o desbocado Santana Lopes revelou publicamente que ele viera ao seu gabinete oferecer-se para trabalhar na privatização das Águas de Portugal, deixando no ar a insinuação de que, afinal, Borges andaria a angariar negócios para o seu banco.A ser verdade, isso explicaria muita coisa.Para já, o que eu sei é que Mr.Clean, que mora na capital da Inglaterra, é Presidente da Assembleia Municipal de Alter do Chão, no meio do Alentejo. E isso não parece uma coisa politicamente muito séria, não é verdade?
posted by Um gajo


Mas António Borges anda numa dubadoura, valados acima, montes abaixo, a deixar a marca da sua sabedoria banco-internacinal. Calhou a sorte a Carrazeda de Ansiães, terra honrada de rija cepa, beber daquela sabedoria, o doce fruito:
Aos meus leitores que embora poucos, eu sei providos de grande paciência, deixo um apelo: leiam-no e depois leiam-no de novo!
Quando estiverem em baixo, assim como que fartos deste País, voltem a lê-lo.
Desopila!
António Borges à conquista do Portugal profundo
O lançamento da recandidatura do actual presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães contou com a presença de António Borges. Veja-se como um blogue local (o pensar ansiães), que não esconde a sua preferência pelo candidato do PSD, viu a participação de António Borges:
"António Borges referiu alguns temas de actualidade nacional. Insistiu na necessidade de credibilizar a política nacional, insistindo em políticos impolutos e competentes para estar à frente dos destinos do país. Referiu-se, no essencial aos temas de economia, onde é especialista, para criticar o governo e na urgência de apostar nas empresas e na competitividade face a um mundo global. No nosso entender tudo demasiado óbvio. Foi um discurso sem paixão, muito monocórdico e não galvanizou, pelo contrário, aumentou o barulho de fundo nalguns sectores da assistência que mostraram total desinteresse e até falta de respeito."
Ele bem tenta… mas falta-lhe o ar condicionado

Para compreender Marques Mendes - 1

Melhor, para ele compreender o que se está a passar, aqui transcrevo a "última hora" do insuspeito Público:

Eurostat não valida contas públicas portuguesas relativas a 2004 26.09.2005 - 12h19 Lusa

O departamento de estatística da Comissão Europeia não validou as contas públicas apresentadas pelo Governo português relativas a 2004. O Eurostat tem dúvidas sobre o dividendo pago por uma empresa pública e solicita a clarificação das injecções de capital nos hospitais do Estado entre 2001 e 2004.
O organismo responsável pelas estatísticas comunitárias aguarda informações sobre o dividendo pago pela Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) - uma sociedade de capitais públicos -, inscrito como receita das administrações públicas e registado em 2004. De acordo com o Eurostat, este dividendo "poderá conduzir a um aumento do défice público de cerca de 0,03 por cento do Produto Interno Bruto [PIB]".O Eurostat pede ainda a clarificação de alguns casos de injecção de capital do Estado em empresas, entre 2001 e 2004, em Portugal, na Alemanha, em Itália e na Polónia. De acordo com a agência Lusa, este caso diz respeito a transferências de capitais para os hospitais que não foram inscritos como despesa pública, desconhecendo-se o valor em causa. ( continua)

Coitado do Marques Mendes que se tem multiplicado a pedir ao governo que esclareça isto e aquilo. As actuais e as medidas futuras.
Os impostos que são, e os que vão ser.
Os dinheiros para as reformas, e para os reformados! ( é que são duas coisas distintas...)
E agora isto!:
As p.... das contas não são aceitáveis. São uma aldrabice do pior!
E ainda só estamos em Setembro.
Afinal o déficit do governo PSD/Durão/Portas/PP foi de quanto? 7 - 8 - 9 % ??
Quanto é que esbanjaram?
Não há dúvida que têm que lá por o prof que gagueja para nos pintar a realidade de outra cor. Para ver se nós nos deixamos enganar de novo.
Este País ainda vai ser notícia! Ai vai, vai!


Para compreender os sionistas - 2 Posted by Picasa

A política de terra queimada conjugada com a "retirada" de Gaza e com as provocações que constituem a construção do novo muro da vergonha e a continuada ocupação militar da Cisjordânia e de Jerusalém, são os fundamentos da política de agressão e de humilhação com que Israel diz pretender relacionar-se com os palestinianos. Mantém-se assim o que de pior Israel já perpretou contra aquele povo: De volta aos assassinatos selectivos, à infiltração de traidores, ao bombardeamento aéreo de cidades e de populações indefesas, Israel no seu pior!. E dizer que estes são os descendentes, os herdeiros, daqueles herois que lutaram contra o fascismo alemão! Dos que conseguiram fugir dos horrores do nazismo. E ver agora como se confirmam as teorias sobre a falta de cor do racismo, sobre "as grandes pátrias", sobre a "superioridade religiosa" de qualquer fanatismo. Israel, transformado em peão de brega do pior imperialismo petro-cleptomaníaco, não só escava inimigos para si próprio como promove o terrorismo internacional. Israel e a sua política no Médio Oriente é uma ameaça à Paz e à segurança internacional. Parece retórica, não e? Infelizmente não é! A pilha dos mortos inocentes terá que ser de que tamanho, para que se perceba isto?

domingo, setembro 25, 2005

Reformas, sff

Tenho que vos falar das reformas.
E quero fazê-lo num registo duma certa bonomia.
Vou ver se consigo.
Por partes:
Este governo do PS, embora de maioria absoluta, é um doce!
Quando a chamada oposição barafustava que eram necessárias, urgentes, inadiáveis, as reformas, o bom do PS, cheio de néscias intenções, pôs-se a dar à manivela das ideias e foi um ror de medidas para tão parco tempo:
> Ele foi a limitação dos mandatos dos eleitos,
> Ele era o cumprimento dos horários dos professores,
> Ele é a idade da aposentação de bombeiros, juizes, enfermeiros, professores do 1º ciclo, militares, GNRs, polícias e pescadores...,
> Ela é a média para entrar nas faculdades,
> A recuperação dos atrasos de cobranças de impostos,
> O controlo e redução das mordomias dos cargos públicos, magistrados e parlamentares!
> A regulação da multiplicação de cursos universitários, sem o menor dos sentidos,
> Foi ainda a introdução do Inglês como OPÇÃO das escolas do 1º ciclo,
> NÃO É QUE JULGAVAM POSSÍVEL APROXIMAR A HORA DA SAÍDA DA ESCOLA COM A DA HORA DA ENTRADA DOS PAIS EM CASA?,
> Ele é a racionalização do trabalhop nos Tribunais e
> Horror dos horrores, não é que se lembraram das férias graciosas dos juizes?,
> e vão rever o tecto ds pensões ?
> os manuais escolares, as despesas das autarquias?

É demais!
Não eram essas as reformas que eles queriam!
Não senhor!
As reformas que gritavam, as que almejavam, eram as suas próprias reformas.: Era o ir para casa e nós pagarmos os ordenados isentos de descontos e com direito a transportes de borla, tratamentos médicos e medicamentosos para si e para as famílias. Tudo a que têm direito após anos de esfalfado trabalho!
O PS é que não tinha percebido!

A Consciência do próprio


Há muito que vinha notando - no Abrupto - estremes, fortes sintomas de blogosuperficialidade, de blogonecrose e mesmo, de blogometeorismo.
Coisas aliás previsíveis e cuja dispersão vinha causando forte irritação do estrato blogosocial, com afloramentos em zonas mais sensíveis, tais como o Palácio do Governo

da Madeira, a Cãmara Municipal do Porto, de Gaia, de Felgueiras, apenas para nomear onde lhe doi mais.
Não esperava é que no meio de tanto blogodescabelo, ainda houvesse lugar para um rebate de consciência, uma crítica ao todo-poderoso, um estertor contra aquela estupefacção que lhe tolheu o verbo, o emocionou-até-ao cuspo-ao-canto-da-boca, lhe trinchou as palavras, à laia de motor-de- arranque-com-falta-de-bateria.
O ser estava estupefacto! Repetidamente estupefacto!
Não esperava, digo eu, mas tenho que me vergar ao peso da minha incredulidade, à minha hesitação pequeno-burguesa:
JPP acaba de criticar Cavaco Silva, acaba de o deixar cair após lhe ter lavado a sombra, lhe ter escovado a caspa e areado os amarelos. É verdade.
Atirou com ele ao chão. Ao professor. Ao ente superior. Ao todo-bom. Ao que-vai-ganhar-que-é -limpinho:

FONTES DE ONDE VEM O MAL QUE TODOS VEMOS À FRENTE
Há muitas, o atraso, a pobreza a ignorância, a arrogância presumida, a hipocrisia, os péssimos costumes da classe média (nome que nós damos à pequena burguesia), a corrupção, os “políticos”, a Lux, a Caras, o Herman, o “conde”, a TVI, o jornalismo de quinta, o provincianismo, os reality shows, etc, etc, etc, You name it.Mas há mais uma fonte: o cinismo dos intelectuais. O cinismo dos intelectuais que se comportam como nefelibatas e que se “espantam” porque as pessoas se indignam com o “caso” de Fátima Felgueiras. O mais espantoso é ver este cinismo coexistir com a crítica ao relativismo, mostrando como não bastam algumas leituras da moda, onde falta vida. Seja por puro formalismo jurídico, seja por não se gostar de misturar as suas opiniões com as do vulgo, seja pela irritante mania da superioridade, seja por pedantismo.Alguns portugueses indignam-se com a saga da fugitiva libertada. É só hipocrisia, dizem os cínicos do intelecto, porque para eles o sinónimo de indignação é a hipocrisia. É, pode ser tudo isso, pode ser uma indignação bacteriologicamente impura, mas é também incómodo, mal-estar, mal connosco próprios, com o país, como o “nosso Portugal”, uma das últimas sobrevivências de um sistema de valores quase de rastos, colocado de rastos também pelos cínicos, um dos últimos restos de alguma coisa a que chamávamos patriotismo. Vão viver para Felgueiras e atrevam-se a criticar a “Fatinha” em público, e não me venham com a Madeira por razões de equidistância, porque isso também mostra que não sabem nada do que estão a falar.Há alturas de facto em que os intelectuais não prestam mesmo. Há alturas em que os intelectuais não percebem nada. Bem vistas as coisas, é quase sempre assim.

(JPP)

Claro, o texto pode não ser um primor de coerência, não refulgir de sanidade.
Temos de compreender. Não é nada fácil, em meia dúzia de linhas, mesmo descuidadamente vertidas, disparar sobre os intelectuais, visar os maus hábitos da pequena burguesia ( que horrível palavreado...), coicear na arrogância(?), na pobreza(!), na corrupção( ouviram bem?) dos políticos, mofar da TVI, daqueles programas, escarnecer do Portugal dele, dos intelectuais da praça e entre soluços no funeral do patriotismo, que só o dele está em conserva, nos provoca mandando-nos viver para Felgueira ou para a Madeira! E, entretanto, mandou às malvas o promitente prof que gagueja por dentro e por fora !
Do seu valor literário, ocupar-se-á o futuro.
Nós, deixemos passar o presente, tão divertido!

quinta-feira, setembro 22, 2005

O nível da lama continua a subir

Uma cidadã foge à justiça há quase três anos.
Regressa ontem no meio do circo mediático proporcionado pela chamada comunicação social.
Finalmente é detida ainda a bordo do avião, no Aeroporto de Lisboa, e presente a um juiz que do alto do seu critério considera não haver qualquer motivo para outra medida de coação, salvo a mínima, o TIR.
Pelo menos um dos canais montou e levou a cabo a mais descarada lavagem de imagem e de campanha política gratuita, jamais vista em Portugal.
O juiz lixivou a lei e o entendimento que dela faz a população; branqueou tudo o que ela fez e disse sobre a justiça em Portugal: Tratou como um cidadão cumpridor e obediente aos tribunais quem acabava de se orgulhar de ter deixado Portugal, em fuga, para evitar ser presa preventivamente às ordens de um Tribunal da Relação!
Coisa pouca, e de somenos importância!
A C. social e o juiz trataram com a maior benevolência quem, a partir do Brasil, nestes quase três anos, se multiplicou em declarações cada vez mais insultuosas e comprometedoras sobre o andamento da justiça em Portugal, a idoineidade dos magistrados e de todos os demais que com ela colaboram.
Detalhes! Peanuts!
Desrespeito aos Tribunais? O que é isso?
Obstrução à justiça e ao bom andamento processual? Foi só durante dois anos e nove meses!
Deu acolhimento às teses dos que, sempre disseram à boca cheia, que os tribunais e os juizes são manipuláveis ao sabor das vontades do poder político.
Não , nada disto é motivo de notícia. De caixa noticiosa. Não senhor!
O que o Público fez foi colocar na 1º página a toda a largura, que a tal senhora tinha contactado previamente o cúpula do PS antes de regressar.
É muita lama num só título! E sobre uma data de pessoas, indescriminadamente.
Das duas uma, ou o Público concorda com o juiz que mandou FF para casa, em paz, e é conivente com os seus inúmeros crimes, ou o Público envolve este juiz numa campanha de descrédito da justiça e de manipulação da justiça por parte do poder executivo.
O Público que escolha!
A lama que atirou para o ventilador vai acabar por cair e por elevar o nível da porcaria em que apostou vir a enterrar-se!
Claro que perante esta extraordinária oportunidade de marcar um ponto a seu favor e de aumentar a confusão - pois é disso que se alimentam os cobardes - a própria FF fez hoje um desmentido à "notícia" do Público.
Mentiroso já sabíamos que era. Estúpido, julgávamos que nunca se descobriria!

quarta-feira, setembro 21, 2005

Oh da Guarda!

Rodeado por criados, auxiliares de limpeza e varredores da Câmara, Pedro Santana Lopes, ainda Presidente da Câmara de Lisboa, surge na Lista de aposentados agora publicada.
Podem conferir. Esfreguem bem os olhos. Está na última página.
Os demais reformaram-se com +/- 250.00 Euros. Varriam mal...Limpavam pouco...
Mas quando votavam...
Fico dividido: Por um lado acho barato pagarmos €3.178,47 /mês e deixarmos de o ver por aí. Por outro lado, receio que o magano vá acumulando reforma com pensão, e as duas, com ordenados.
Leis e despachos não faltam que se lhe apliquem.
O que falta é avisar a malta!
Um governo só, não chega para estancar a hemorragia. São como 7 cães a um osso!

Afinal quem perdeu as eleições na Alemanha ?

Nem me atrevo a acrescentar uma só linha: O texto foi pescado agorinha no Blogo Existo :

Desventuras da verdade
José Manuel Fernandes perdeu as eleições na Alemanha. Inconformado, escreveu isto n'O Público de hoje:
O resultado das eleições alemãs de ontem - o mais inconclusivo do pós-guerra - mostra até que ponto é difícil conquistar o eleitorado com base num plataforma reformista e falando verdade, designadamente sobre os impostos.Notem bem: as opiniões de JMF e das pessoas que pensam como ele sobre uma dada situação político-económica não são apenas opiniões a ter em conta. São "a verdade".Por conseguinte, as eleições não servem para os eleitores escolherem o rumo que entendem ser o melhor para o seu país. Servem para sufragar ou contraditar a verdade.Este reiterado recurso à expressão "política de verdade" traz água no bico. No fundo, o que quer sugerir é que as restantes opiniões e políticas não são, no fundo, legítimas. São "políticas de mentira".Se estivesse menos irritado, JMF teria notado que, ao contrário do que pretende, o programa eleitoral da CDU não era de forma alguma reformista. E que, pelo contrário, o FDP, o único partido que de facto propôs reformas liberais, foi aquele cuja votação mais cresceu.

A democracia não é tão má como a pintam.

Mas no fim do post já posso dizer que andava intrigado com a campanha , em Portugal, de certos orgãos de informação, assim como que chegados à direitinha, tipo TSF e DN que parecia estarem não só na Alemanha como inscritos no partido da tal senhora candidata.
São uns catitas estes jornalistas independentes !

Para acabar de vez com as mordomias

Dada a oportunidade, no dia da manif por procuração dos srs. militares, deixo aqui uma pequena parte do excelente post " A ira dos militares" da Câmara Corporativa sobre a qual pouco há a acrescentar. Seria, isso sim, excelente que quem conhecesse casos concretos - não indicando pessoas por favor - os denunciassem aqui ou na Cãmara Corporativa.
Os contribuintes agradecem!

Um militar que tenha ingressado nas Forças Armadas aos 18 anos, pode actualmente passar à reserva ao fim de 16 anos de serviço (que são considerados 20 anos, devido à bonificação resultante da percentagem de 25 por cento do tempo de serviço). Aos 34 anos, esse militar encontra-se, estando na situação de reserva, em condições de começar uma nova vida num outro qualquer emprego, sendo certo que aos 39 anos se aposenta — passando a receber uma pensão de reforma vitalícia.
Adianto já que na Enfermaria Psiquiátrica da GNR, em Lisboa, onde a média de doentes é de 4 a 8 doentes internados, há pelo menos 9 enfermeiros e vários médicos militares que como se entende passam por lá 3 ou 4 dias por mês ! Eles é mais férias!

O preço da Exclusão Social e os antiamericanos primários


Transcrevo abaixo retalhos do artigo hoje publicado no El Pais e que confirma a tese dos proamericanos: O Katrina foi um antiamericano primário que passou ( atenção que vem aí outro ! )
A lista dos antiamericanos primários está tão vasta que inclui nomes como Bill Clinton, John Edwards, John Kerry, os melhores cientistas e ambientalistas americanos, os melhores jornalistas. Até o próprio Congresso dominado pela maioria Republicana está descontente com as políticas(?) da família Bush! Será uma nova epidemia contagiosa, isto do antiamericanismo?
Podemos ainda actualizar a expressão já conhecida :
Se a integração social é cara, vejam o preço da exclusão, do racismo !

Tromba de críticas a Bush por dos catástrofes anunciadas
Los líderes del Partido Demócrata vinculan Irak y el Katrina en su ofensiva contra los republicanos
J. M. CALVO - Washington
EL PAÍS - Internacional - 21-09-2005

"No puede haber un plan de emergencia sólo pensado para las clases medias", dijo a la ABC Bill Clinton, hasta ahora contenido -el presidente le encargó que liderara con Bush padre la recogida de ayuda privada- y cuya popularidad es muy amplia. El ex presidente dejó claro que el suyo es un ataque estratégico: "En los ochenta hubo, como ahora, una política concreta sobre raza, pobreza e impuestos, y en los noventa hubo otra política distinta".
"..John Kerry, que calificó la respuesta del Gobierno al Katrina como "un modelo de incompetencia y negligencia". John Edwards resucitó la tesis de las dos Américas al hablar de los daños sufridos por los más pobres en Nueva Orleans.
"...En The New York Times su artículo Mark Fischetti, en el que el veterano divulgador científico -uno de los directores de Scientific American- recordaba lo que escribió en 2001 con escalofriantes detalles ("exactamente la situación que se ha producido ahora") basado en los estudios y proyecciones con ordenador que hicieron en 1998 científicos de las universidades de Luisiana y Nueva Orleans. Fischetti recordó las diversas soluciones propuestas ya hace 17 años para el pronosticado desbordamiento de los diques y subrayó que todos los implicados -científicos, autoridades locales, Congreso y Gobierno- dejaron morir un proyecto que costaba entonces 14.000 millones..."
Quizá más preocupante para el futuro republicano es la crisis de confianza por lo que algunos entienden como desmesurada respuesta de gasto. Aparte de que el huracán haya hecho trizas las prioridades de su segundo mandato, Bush está tirando la casa por la ventana para tapar los diques por los que se le ha ido a chorros el prestigio político en las últimas semanas, y esto, con un tremendo déficit presupuestario. La tradición que atribuye el gran gasto a los demócratas y el adelgazamiento público a los republicanos está patas arriba, para disgusto de muchos conservadores: "El Katrina se está llevando por delante los objetivos conservadores, desde limitar la Administración hasta cortar impuestos o suprimir gastos. El Katrina ya ha puesto en peligro el proyecto de anular el impuesto sobre las herencias y el Congreso lleva aprobados 60.000 millones en esta juerga de gasto. Este Congreso conservador nos ha devuelto al estado del bienestar", dice Brendan Miniter en The Wall Street Journal.

PS- O castelhano é excelente nas expressões ideomáticas. Gosto desta dos republicanos estarem "patas arriba"!

terça-feira, setembro 20, 2005

Katrina Ophélia Rita Bush


Quem é que disse que o aquecimento global tinha ver com os furacões?
Ou com a sua frequência? e gráu destrutivo?
Talvez seja apenas a mão de Deus. Resta saber qual.
Agora outro monstro sobre a Florida e outra vez New Orleans reevacuada.
As senhoras do Movimento Nacional Feminino lá da América vão ter de fazer mais horas de pregação.
A mãe Bush vai ter de agradecer de novo esta oportunidade de melhorar a vida de uns milhões de desalojados, todos pobres. Graças a Deus!

O Preço Certo ou chamem a Polícia ! - 3

A já popular Ass. Nac. de Farmácias quer fazer-nos crer que a política deste Governo é castigar os doentes, é depenar os pensionistas e é de enriquecer as farmácias!
Coisa aliás que ele de todo rejeita!
Ele está ali para fazer descer os preços dos medicamentos, todos os anos.
Está no seu posto para reduzir margens de lucro às farmácias. Estas não se pronunciam, claro está, dado o seu habitual espírito filantrópico.
O ministro é um desalmado que quer ver os doentes sem remédios e as farmácias a quererem dá-los, e o ministro a não deixar. Um pavor de ministro!
Sim senhor!
Nós acreditamos nisso e nas medicinas alternativas, nos búzios, no professor CáCá, Caramba, nos marcianos verdes e noutros iluminados!
Aliás Portugal está dividido: A Ass. Nac. de Farmácias é daquela opinião. O resto do País é da opinião contrária! Estamos portanto empatados!

Chamem a Polícia! - 2

Com a devida vénia ao Luis Grave Rodrigues do Radom Precision uma denúnca que explica porque devem sair da CM Sintra os que dela se apropriaram:

A Mulher de César
aqui no «Random Precision» falei uma vez deste assunto.No entanto, a época de campanha eleitoral para as eleições autárquicas volta a conferir-lhe inequívoca actualidade, até pela persistente falta de esclarecimento que, apesar da sua extrema gravidade, o mesmo tem merecido por parte das pessoas directa ou indirectamente visadas.De facto, continuo esperançado e ansiosamente à espera de um qualquer desmentido, ou até de um simples e mero esclarecimento – por pequeno que seja – à notícia do “Expresso” de 25 de Outubro de 2003.
Segundo aquele semanário, o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Fernando Seara, assinou o despacho de autorização para o 3º loteamento do empreendimento «Belas Clube de Campo», propriedade do empresário André Jordan.
Este loteamento prevê a construção de 1600 novos fogos naquela urbanização, para além dos que já estavam previstos no projecto de loteamento inicial.
Acontece que, decerto por simples e mero acaso, este número de fogos constitui, nada mais nada menos, do que o triplo do que está actualmente previsto na lei do Plano Director Municipal de Sintra (PDM).
Para além disso o PDM permite somente uma densidade de 10 habitantes por hectare, enquanto a nova autorização de Fernando Seara permite agora uma densidade de 34,9 habitantes por hectare.
Isto sem falar do “pequeno problema” que decorre do facto de que o loteamento se situa dentro do corredor previsto para o IC-16.
Confrontado pelo “Expresso” com esta situação, Fernando Seara declarou que não queria adiantar quaisquer pormenores sobre o conteúdo do despacho ou das condições da sua assinatura, remetendo «para mais tarde» os esclarecimentos necessários.
Até agora, não vi esclarecimento nenhum.
Refira-se ainda a talhe de foice que a aprovação camarária só foi possível porque mereceu a aprovação da CDU, que assim se aliou à coligação PSD-PP que preside actualmente aos destinos da autarquia.Ainda que Lino Paulo, o histórico vereador comunista na Câmara de Sintra, se tenha imediatamente demitido em discordância com esta posição do seu partido.Estes são os factos relatados pelo “Expresso”, que aqui reproduzo sem quaisquer comentários ou juízos de valor, porque não conheço mais pormenores do caso.Não me passa pela cabeça pôr aqui em causa a honorabilidade de Fernando Seara, quer como simples cidadão quer como Presidente da Câmara Municipal de Sintra. Nem sequer quero fazer qualquer tipo de insinuação ou ironia sobre o assunto.Com a honra de uma pessoa não se brinca.Mas também é verdade que a gravidade deste caso e a delicadeza política de que se reveste há muito deveriam ter merecido um esclarecimento e a sua definitiva clarificação legal e política.Porque, como é óbvio, não basta que a actuação do executivo municipal de Sintra e de todos os seus vereadores e presidente seja séria.Ela tem também de o parecer!E acontece que esta não parece!!!Por isso, e enquanto aguardo os esclarecimentos que se impõem, resta-me aqui somente desejar as maiores felicidades ao empresário André Jordan, e esperar que este desfrute o melhor possível dos 40 ou 50 milhões de contos de lucro que, no mínimo, esta autorização camarária lhe deverá proporcionar.
# posted by Luis Grave Rodrigues

Chamem a Polícia! - 1

É preciso compreender a Câmara Municipal de Lisboa e por que é preciso tirar de lá os que lá estão: O Correio da Manhã conta tudo. Alguém pode chamar a polícia pf?

«A EPUL – Empresa Pública de Urbanização de Lisboa pagou em Abril passado uma indemnização de mais de 110 mil euros a Albertino Madeira Henriques, gestor, para este deixar a empresa onde trabalhava desde 2002; No mês seguinte foi-lhe pago um salário mensal de 7259 euros, correspondente a um contrato de prestação de serviços externos válido por três anos e para o desmpenho das mesmíssimas funções.»

A Barcelona de todas as cores

Ainda mais moderna e a transpirar talento. Eis Barcelona das ramblas, do Parque Guell e do Assador de Aranda!
Agora também da Torre Agbar, do Arqº francês Jean Nouvel

Para compreender a ideologia


Logo após o 25 de Abril de 74 veio parar-me às mãos a análise que, do acontecimento, fazia a Frelimo, ao mais alto nível.
E no meio da minha euforia que provocavam as notícias da liberdade em Portugal e do novo espírito para com os povos colonizados, aquilo foi um duche frio!
Então não era que o CC da Frelimo dizia com todas as letras que o "golpe militar dado em Lisboa" não passava disso mesmo. De um golpe dado pela hierarquia militar que, derrotado na frente de batalha, era destinado a proporcionar outras formas de perpetuar o colonialismo e que o exército colonial continuava a ser o inimigo em Moçambique.
A História encarregou-se de lhes dar razão!


Como hoje se sabe, os autores do golpe militar - que até poupou a vida a TODOS os elementos do anterior regime, torcionários à mistura e tudo - foram ultrapassados pela onda libertária que varreu três continentes.
Na época a Frelimo tinha uma ideologia, um método de análise, e retirava dos factos as consequências que muito bem entendiam.
Decorridos trinta anos o carácter classista da instituição militar em Portugal voltou a cristalizar no que sempre foi: Destinatários de dignidades reluzentes e de mordomias entorpecentes os militares organizados à volta de proto-sindicatos de classe, exigem da restante sociedade tratamento excepcional para si e suas famílias! Sem atenderem, sequer, à legitimidade do poder democrático instituído. Sem atenderem que, não havendo para os outros, os militares não podem ser os mais beneficiados. Têm que ser os mais modestos!
O tempo das armaduras brilhantes, dos penachos e dos cavalos em parada já era.
Só falta mesmo passarem da ideologia à prática.

A ideologia de rabo de fora e o belo canto



Tenho a certeza que, pelo menos, o título é original.
O que é difícil, depois de tantos e tão qualificados pensadores se terem pronunciado sobre a matéria.
Uma das mais recorrentes ofensas ao main stream seria a horrível alusão a esquerda e direita.
Não menos insuportável é a abominação relativa á existência de classes sócio-económicas.
Ou de interesses antagónicos entre elas.
E então já se entra no domínio da anedota se falarmos de ideologia dominante; qualquer alusão depara com gigantescos bocejos, com pequenos assobios para o lado, com amáveis sorrisos comiseratórios da nossa incapacidade para perceber o mundo:
Para quê ler a "Filosofia da Miséria"? De que vale ter compreendido a resposta que propiciou?
A Rosa Luxemburg quem é? O que escreveu?
E então o famigerado Marx é estudado e discutido? T'arrenego satanazes !
Xenofonte é uma marca de consumíveis para fotocopiadoras, não é?
"As vinhas da ira" são no Irão?
É que afinal esses são só instrumentos de análise da realidade. Pode até não se concordar com isto ou aquilo. Mas que o método proposto foi inovador, abrangente e interpretativo, não precisa de demonstração. Foi como inventar a lente, o telescópio, o microcópio...
Aliás, sou eu o primeiro a sorrir, quando estes novíssimos intérpretes da realidade nos vendem análises com reagentes frouxos, com catalizadores sem vitalidade, com lentes embaciadas. Análises sempre baseadas nas acções individuais de alguém que não gosta de outro alguém. Com motivações retiradas dos romances do Camilo. Como na história-de-reis-e-de-batalhas, que ensinam afincadamente às crancinhas. Tal como as ligaduras com que os chineses deformavam os pés das crianças. Tal como a aristrocacia italiana mandava castrar uns tantos cantores jovens para continuarem a cantar como sopranos. Por acaso, essa operação era executada sempre, nos genitais de meninos das classes inferiores. Sem títulos de nobreza, militares, religiosos. Sem terra. Estamos perante uma de duas impossibilidades:
Ou de facto os filhos dos militares, os bastardos da igreja e os filhos dos nobres não tinham o necessário que se cortasse, ou então ainda é pior, a castração era praticada sobre os mais pobres, os infelizes, os desprotegidos! Que raio de escolha, dirão.
Estava eu a falar da ideologia e vim aqui parar!

segunda-feira, setembro 19, 2005

Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és!

O nosso povo sabia disto.
Das companhias.
O PCP apoia o PSD para a Câmara Municipal do Porto.
Não sei já qem mais lamentar. Se o PCP que precisa de mais dioptrias ou o PSD que com este apoio vai sair mal na fotografia.

A superioridade da nossa justiça

Há dois dias foi desmantelada no Rio de Janeiro uma quadrilha de traficantes de cocaína e de lavadores de dinheiro.
A nossa imprensa falada e escrita deu a notícia e as imagens do costume, sem referir quaisquer nomes. Protecção do bom nome dos suspeitos, diz a lei.
Estava entre os detidos um português dono de uma cadeia de supermercados aqui em Portugal... Mas sem nome, para protecção do mesmo!
A droga viria dentro de dobrada, congelada.
Mas lendo um jornaleco brasileiro, que por dia vende mais que todos os diários portugueses, juntos, durante quase um mês, lendo, dizia, ficamos a saber quem são os traficantes , a que actividade lícita e ilícita se dedicavam e com os detalhes jornalísticos minimamente aceitáveis.
Claro, claro, são apenas suspeitos. Não foram condenados por nada, ainda. O carrito apreendido, um Porche devidamente blindado e recheado com 500.000 dólares é um objecto que em si próprio não incrimina ninguém. Pode muito bem ter sido um sobrinho, taxista e muito poupado, que lho tenha oferecido.
Aliás as notícias aqui em Portugal deviam ser dadas assim:
Ontem, elementos que afirmam pertencer à PJ e ao MP entraram em casa de dois inocentes e tendo encontrado eventuais provas do seu eventual e provável envolvimento numa ou duas actividades sem alvará comercial, tiveram que os fazer transportar para a sede da polícia onde aguardam a chegada dos seus advogados.
A polícia também apreendeu na altura uma quantidade de estupefaciente e de dinheiro o qual se encontrava no interior de uma viatura automóvel topo de gama.
Lá, onde a democracia ainda gatinha e chupa no dedo, os bois têm nome!
O que mais me intriga é como aqui só se apanha peixe miúdo e uns carteiros da droga. Que me lembre nunca foram a julgamento assim uns tubarões, uns chernes, uns espadartes! Só petinga e carapau da costa. E estavam frescos. Nem congelados estavam.

domingo, setembro 18, 2005

Um galo do katrino!

Para resolver o problema dos pedintes aqui em Lisboa descobri, com a ajuda da Internet para as domésticas-já!, a solução:
Deixo-vos um bocadinho dela:

"A nossa conclusão final, enquanto eu arrumava a loiça e o Cocó debicava uma casca de pêra do nosso quintal, foi que os pobrezinhos de todo o mundo tão verdes de inveja dos pobrezinhos de Nova Orleães; vão todos reforçar no peditório, a ver se juntam pra um bilhete de avião de maneira a conseguirem estar nos Steites a tempo da próxima (grande) catástrofe.E disse."

As reclamações devem seguir para NO ao cuidado do Galo !

A justiça e a Venezuela

Suspendo aqui a série "Para compreender..." que tanto êxito tem alcançado, visto que preciso de fazer um aviso:

Não sei se o piloto português detido em Caracas, embora em Hotel de 4/5 estrelas, é ou não culpado.
Faço ideia não!
Sobre a justiça venezuelana até dou de barato que não será mais célere que a portuguesa.
Será não!
Mas o que ainda ninguém tinha dito por cá é que na Venezuela há um movimento, liderado pela imprensa mais de esquerda e nacionalista, que vem apontando o dedo às falhas da justiça naquele País!
E que a maior crítica se destina exactamenteaos juizes a quem chamam "narcocomplacentes"
Raio de crítica que não ajuda nada a eventual libertação do piloto!
Mas o nome narcomplacentes é giro.
E dá imensas ideias igualmente sorridentes: Loureirocomplacentes; Avelinocomplacentes; Jardinocomplacentes; Fátimocomplacentes; Casapiocomplacentes!

Para compreender o PCP

Deixei há pouco um comentário, entristecido é certo, mas inapelável a este post do Carlos Alberto que copio e subscrevo inteiramente:

O PCP é um partido antidemocrático.
O PCP, para quem anda longe da sua realidade interna, tem como principio Leninista e Estalinista, que o Inimigo do seu Inimigo, seu amigo é. Por isso não é de admirar vê-los coligados com a direita e extrema-direita, em câmaras municipais, ver exemplo do Porto, e noutros, como ao nível de outras estruturas económico, politico, e administrativas, em tempos na região de turismo do Algarve, ou actualmente na Assembleia da República, ver a questão do agendamento da proposta sobre o referendo ao IVG,.“Para não ser visto como aliado do PS, o PCP chega a fazer o pino, cedendo ao complexo de infantilidade democrática de que nunca se livrou.Ao votar contra a proposta do referendo do aborto, o PCP alinhou com o CDS e o PSD, prejudicando a causa de despenalização.Doravante, as aparições de Odete Santos à porta dos tribunais serão encenações de mau gosto.” cito: http://formaeconteudo.blogspot.com/”E é uma realidade que todos os que sendo de esquerda deverão começar a ter em conta. O PCP, não é um partido democrático, nem de esquerda. A não ser que se reforme, o que passados estes anos e depois dos acontecimentos após 1989, duvido. Deverá este partido ser tratado da mesma forma que são tratados os partidos fascista e antidemocráticos. Não deverão ser hostilizados os seus militantes de base e os seus simpatizantes, gente simples para que o Partido foi o Pai e a Mãe, mas não deverá haver contemplações para com os reaccionários dos seus dirigentes. O Sr. Jerónimo deverá ser tratado da mesma forma como é tratado um sr. Le Pen. É duro de ouvir, mas é a verdade.
posted by Carlos Alberto @
17.9.05 1 comments

E já gora o meu comentário:

Este PCP é uma vergonha nacional e só possível porque ancorado nas águas podres de anos de repressão de que conseguiram ser destinatários. A AgitPro era como o nome indica, metade agitação e metade propaganda!Mas o seu indesculpável ódio à esquerda socialista ultrapassa de longe a barreira do ridículo: O PS é o inimigo principal!E sempre que não parece é porque andam a disfarçar!Mas a razão porque se aliaram à direita contra a despenalização da IVG é porque são antidemocráticos e RECEIAM perguntar aos portugueses a sua opinião!
Excelente post. Vou citá-lo no meu http://homem-ao-mar.blogspot.com

Para compreender os sionistas

O José Manuel Fernandes critica hoje o facto dos palestinianos estarem a destruir as sinagogas deixadas para trás, completamente vazias e já semi-destruidas pelos colonos em fuga.
Eu próprio me referi, há dias atrás, a este facto provocatório e premeditado de retirar de Gaza e tudo destruir, incluindo escolas, sistemas de esgotos, hospitais, telefones, maternidades e só deixar de pé os símbolos da ideologia do opressor, da religião do inimigo, do que roubou a água e envenenou os poços!
Ora o JMFernandes devia ter um bocado de pudor, de vergonha e não fazer fretes.
Realmente não passa dum frete o que acaba de fazer. Confundir as vítimas com os algozes. O descamisado com o banqueiro.
E pretender que esta é um acção com caráter religioso, não é honesto!
Não é de religião que se trata, é da sobrevivência!

Para compreender Cavaco Silva - 2

Eu não dizia que as obras do passadiço se justificam?
Não esperava era ter de citar aqui um texto do VPValente que, ultimamente, tem quase o exclusivo da má fé e da má língua nos jornais.
Mas como são, os dois, da mesma área política, as zangas entre comadres sempre servem para alguma coisa...
Como o texto é de 98 talvez o veneno tenha passado de prazo. E o retrato, amarelecido, nos deixe vislumbrar os principais contornos da borrasca que aí vem:

"Cavaco: retrato de um português muito conhecido"
"... o dr. Cavaco entrou em cena, afirmando classicamente a imoralidade da política (...) Em 1978, expusera com inteira franqueza, as suas opiniões sobre o assunto na revista Economia: nomeadamente a de que «o político como criatura dedicada à prossecução dos interesses da sociedade como um todo» era um mito. Os políticos, segundo o dr. Cavaco, só se movem por duas ordens de 'objectivos': «o seu próprio bem-estar» e a sua «permanência do poder». Donde resulta, como ele a seguir minuciosamente argumenta, que a política constitui o principal impedimento a que uma sociedade seja bem governada. Num mundo ideal, não existiria política, isto é, não existiria partidos: existiria apenas a vontade de competência (...)Esse 'homem de Boliqueime', que chegava do 'nada', magro e esfomeado, cumpridor e virtuoso, endurecido pelas humilhações e pelos começos difíceis, reflectia a multidão que rilhava o seu ódio aos políticos nas universidades e nos ministérios, nos jornais e nas empresas públicas. Cavaco era a própria essência do arrivismo. Sendo um autêntico reacionário, detestava a burguesia tradicional e proclamava a sua dedicação ao povo: queria o prestígio da autoridade, o amor do trabalho e o fortalecimento da família; vivia obcecado com a sua própria competência, a sua importância e os sinais exteriores da sua dignidade. E não conseguia impedir que transparecesse, sob este já desagradável exterior, uma vaidade ingénua e vertiginosa, que apregoava as suas proezas atléticas, a sua perene juventude, os seus graus académicos, o seu saber, a sua clarividência e até, constantemente, os elogios que recebia do estrangeiro, como se a sua fama, partindo de Boliqueime e parando em Lisboa, fosse o caminho do mundo (...) Ele sente-se como o proverbial menino holandês com o dedo no dique. Se alguém o mover um só milímetro segue-se o desastre. Ceder uma vez significa animar as fúrias e frustrações portuguesas, que já de si andam agitadas. Ele não cede. Dá audiência real à oposição e chama à conversa 'diálogo'. Não se corrige, mesmo quando erra, e, se se corrige, nega que se corrigiu (...)Cavaco supõe que a sua impassividade inspira confiança. Inspira, pelo menos, uma certa apatia e tende a desencorajar as partes queixosas, que se cansam de bater com a cabeça num muro. Ele acha isso óptimo, sem perceber que perde no processo. O principio fundamental do cavaquismo não lhe permite perceber (...)
[Vasco Pulido Valente, "Cavaco: retrato de um português muito conhecido", in O Independente, 15 de Maio de 1998]

Para compreender Cavaco Silva-1

E digo -1- porque isto ainda agora vai no adro.
Temos já pronto um passadiço de grande calado só para os que se vão atirar à agua!
A vista da prancha inspira-os!
Corre aí na net este pedaço de prosa anónima que não me importo de mostrar.
Pode servir de oração a muita gente e de mortalha aos incautos:

Quando Maria de Lurdes Pintasilgo foi primeira ministra de um governo da iniciativa da Ramalho Eanes, antes de sair do seu posto resolveu aumentar as pensões sociais de certas camadas de pensionistas.
Foi um aumento considerável. Sá Carneiro, na altura a preparar a AD, criticou fortemente esse aumento.
A AD ganhou a seguir as eleições e foi para o governo, com Cavaco Silva em ministro das Finanças.
Não tardou muito e fez novo aumento dessas pensões, o que fez com que num só ano essas pensões tivessem aumentado cerca de 45%.
Começou aqui o descalabro despesista do Estado. Mas, como o preço do petróleo entretanto tinha subido muito, de 12$/barril, para perto de 40$/barril, e como Sá Carneiro faleceu no acidente de Camarate, e era depois Pinto Balsemão o primeiro ministro, Cavaco Silva, prevendo mau tempo no canal para a economia mundial e portuguesa abandonou o barco da AD e recusou ser ministro do governo de Balsemão. Este ficou amuado e com o tempo se veria que nunca lhe perdoou este abandono do barco em pleno naufrágio.
A AD, esfrangalhada por lutas intestinas e pela crise económica que levou o país à beira da bancarrota, acaba por perder as eleições em 1983 e dá lugar a um governo de salvação nacional presidido por Mário Soares, com Mota Pinto em vice-primeio ministro.
Foi o governo do bloco central. Mário Soares teve de recorrer ao FMI para resolver a situação, com a ajuda do seu ministro das Finanças, Hernani Lopes. Em 1985 as contas públicas estavam recuperadas e o caso deu brado nos meios financeiros internacionais. Portugal passou a ser um exemplo de bom aluno do FMI. Mas esta recuperação das finanças públicas custou popularidade a Mário Soares e ao PS, que na altura fez outra grande reforma, a do arrendamento, matéria tabú para os governos anteriores.
E o PSD, com Cavaco Silva, sobe ao poder.Iniciava-se na altura a recuperação da economia mundial depois do choque do petróleo de 1980/81, com a descida forte do preço do petróleo. Cavaco Silva, bem infomado sobre os ciclos económicos, viu que teria um período de vacas gordas para fazer figuraço, até porque Portugal se preparava para entrar na CEE e iria receber chorudos fundos comunitários. Cavaco Silva passou então a governar com três Orçamentos, o geral do Estado, o dos fundos comunitários e o das privatizações da banca, seguros, etc.
Foi um fartar vilanagem, dinheiro a rodos para distribuir pela clientela, incluindo centenas de milhares de funcionários públicos. O despesismo estatal no seu melhor! Fez obras, sim senhor, incluindo o CCB, que era para custar 6 milhões de contos e custou 40 milhões, segundo se disse na época. O rigor cavaquista no seu melhor!
Anos depois vem a guerra do Golfo, com implicações económicas fortes a nível internacional, e Cavaco Silva, prevendo período de vacas magras e já com ele em andamento, resolveu abandonar o barco e parar de governar e entregou o testemunho ao seu ex-ministro Nogueira.
Este perdeu as eleições para Guterres e em 1996 iniciava-se a recuperação da economia mundial. Foi um bom período para Guterres, que continuou o despesismo de Cavaco Silva, já que este último tinha deixado o campo minado por sistemas automáticos de aumento da despesa pública, o MONSTRO cavaquista de que viria a falar Miguel Cadilhe, além de milhares de contratados a recibos verdes no aparelho do Estado, que Guterres teve de integrar nos quadros do Estado para não ter de mandar para a rua gente que há anos não fazia outra coisa senão trabalhar para e dentro do aparelho de Estado. Foi este o percurso do despesista Cavaco Silva, o que como ministro das finanças da AD aumentou num ano, pela segunda vez, milhares de pensionistas, e o que, como primeiro ministro, aumentou a despesa pública de tal ordem que os défices públicos da sua governação, se limpos das receitas extraordinárias, subiram tanto (chegou a 9% do PIB) que o actual défice das contas públicas é apenas mais um no oceano despesista inventado por Cavaco Silva nos longínquos tempos da AD e continuado nos tempos em que foi primeiro ministro, depois da recuperação heroica dos tempos de Mário Soares e Hernani Lopes, nos anos 1983-85.
É neste despesista disfarçado de rigor que devemos votar para PR? Desculpem, se quiserem propor Hernani Lopes para PR, podem contar com o meu voto. Mas como ele não aparece a candidatar-se a PR, vou votar em quem o ajudou a salvar Portugal da bancarrota provocada pela AD de Cavaco Silva. E esse alguém é Mário Soares. Estes os factos. E eu voto em factos, não em mitos e miragens. Mário Soares tem um brilhante CV em controlo da despesa pública (governos de 1977/78 e 1983-85). Cavaco Silva tem um brilhante CV no descalabro das contas públicas.Qualquer economista, se intelectualmente honesto e conhecer um pouco da nossa História recente, rejeita liminarmente este embuste chamado Cavaco Silva.
Se ele for presidente da República, como pode ele pregar moralidade económico-financeira quando ele foi e é ainda o pai do MONSTRO? Monstro que agora Sócrates se esforça por abater com as reformas profundas que está a fazer.
Para os mais novos aqui fica a radiografia do embuste chamado Cavaco Silva.

sábado, setembro 17, 2005

Para compreender a Constituição

Anda aí um alvoroço e muitos comentadores de "pé de chinelo" escrevem, citam, ilustram e murmuram críticas sobre o entendimento da duração da Legislatura Parlamentar.
Levam à televisão os arautos da desgraça ouvidos exclusivamente para os fins em vista: Contrariar a oportunidade da convocação do referendo sobre a IVG. É um assunto que à direita diz muito. Qualquer aporte lhes serve. Infelizmente até os constitucionalistas mais à esquerda lhes servem...caso sejam de opinião contrária à do PS!
O VitalMoreira me desculpe, mas este seu texto, não saíu na televisão é certo, mas é da maior clareza e oportunidade:

Como constitucionalista não faço leituras politicamente oportunistas da Constituição, tanto mais que as minhas posições constitucionais estão exaradas em abstracto no comentário à Constitução de que sou co-autor, juntamente com J. J. Gomes Canotilho. Sucede que na questão em causa, a posição que exprimi aqui há dias (aliás, reconhecendo que a questão é controversa) é a que defendo há vinte anos. Na 2ª edição da referida CRP Anotada (1985) escrevíamos:
«A legislatura da Assembleia saída de eleições determinadas por dissolução terá, normalmente, uma duração superior a 4 anos, podendo mesmo atingir quase os 5 anos, se a eleição tiver lugar pouco tempo após a data normal de início de cada sessão legislativa, que é 15 de Outubro. (...) Nesse caso, a legislatura parece compreender 5 sessões legislativas (não apenas 4), visto que o período sobrante da sessão legislativa em curso à data da eleição haverá de constituir uma sessão legislativa autónoma da nova Assembleia.» É evidente não podíamos estar a pensar numa situação que viria a ocorrer 20 anos depois (aliás em 1985 ainda nem sequer havia o referendo...). Se há quem faça leituras politicamente interessadas, não somos seguramente nós.Resta dizer que a nossa opinião nessa matéria é sufragada por vários outros constitucionalistas. O facto de não aparecer na televisão não lhe retira validade nem autoridade...
[Publicado por vital moreira]
17.9.05

Para comprender a Geografia

Sempre me interessei pela Geografia. Andei por lá. Depois tive a sorte de ver o uma boa parte do mundo. Falta-me exactamente essa parte: A América latina e o sul dos EEUU.
Depois veio o Katrina. Os antiamericanos primários encheram-nos de fotos, de relatos, de imagens terceiro-mundistas tiradas no sul dos EEUU.
O Michael Moore escreveu ao Bush. Este, de seguida, reconheceu a pobreza, a miséria e a necessidade ( hei-de voltar a esta delicada motivação) de dois ou três planos Marshall só para o Alabama, a Louisiana e o Missouri.
Logo de seguida o presidente Hugo Chavez Frias ( nome completo para evitar confusões), da Venezuela, vai a N. York, discursa na ONU, aponta o dedo às ameaças à integridade da Venezuela, às ameaças físicas contra ele e sem nos dar tempo, confunde a Geografia!
É verdade! : Foi ao Bronx, , e duma assentada, atirou com o meu razoável saber geográfico para o brejo:
Fez uma reunião com apoiantes seus e notíciou que tinha dado instruções à Empresa de Petóleos do Caribe (CitGo, a tal que pretende também ajudar aqueles Países da região que não têm petróleo! ) para suportar o custo da limpeza e despoluição do rio do Bronx , ali em plena Big Aple. Na sala de jantar do grande e rico País do Norte!
Alguém me diz afinal onde começa a tal América latina ?
E, já agora, onde acaba a outra, a dos ricos e poderosos?
Ainda vamos ouvir falar muito desta espinha que se atravessa nalgumas gargantas.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Para compreender este povo

Ainda não passaram 24 h sobre a notícia do relatório da OCDE onde Portugal, os portugueses, as escolas nacionais e os professores eram mostrados como são: Portugal, deprimido; os portugueses, pouco instruídos e iletrados; as escolas nacionais, pouco voltadas para a sua finalidade; os professores, esses, passando o menos tempo possível nas escolas.
Ninguém deu conta da relação entre estes factos?
Ontem e hoje os jornais estão cheios de notícias e de comentários, aliás quase todos com origem nas associações de empresas e de empresários, e que alertam para o facto da região norte de Portugal ser aquela onde os efeitos da crise económica sa fazem sentir com mais intensidade. Ludgero Marques do alto da sua imparcialidade gritava até "ser preciso" vir a Lisboa retirar o dinheiro que aqui estaria e que seria do Norte.
Todos os relatórios sobre economia nacional referem que a região norte se caracteriza pela indústria da cerzideira e do investimento selvagem. Empresas fantasma que abriam sem se dar por elas e que fechavam de repente. Salários mínimos, horários excessivos, trabalho infantil, lembram-se?, ordenados em atraso, impostos por pagar, segurança social descontada aos trabalhadores mas por liquidar ao Estado e fraca, muito fraca escolaridade de trabalhadores e empresários.
Desconhecimento absoluto da relação entre o produto acabado e os mercados de destino.
Estão a ver a relação entre o problema das escolas e o relatório da OCDE?
Entre aquelas duas realidades, a debilidade do tecido produtivo e a fraquíssima escolaridade?
Por outro lado, é do conhecimento público e notório que é na zona norte, no chamado eixo Porto- Braga que há a maior concentração de Rolls-Royces e de Ferraris de toda a Europa? E que este ano a Porche vendeu, no 1º semestre, mais de um carro por dia! Dizem até que o representante se viu obrigado a comprar uma máquina de contar notas - como as dos bancos- visto os seus clientes pagarem a dinheiro os carritos de 30 e de 40.000 contos!
Agora já viram a relação entre a baixa escolaridade, a indústria de quintal e a acumulação desenfreada?
Podia agora acrescentar que continua a ser dali, do Norte, de onde sai todos os anos, há décadas, o grande fluxo migratório nacional. Para todos os trabalhos desqualificados na Europa e USA.
Não carece!:
Hoje, 16 de Setembro de 2005, o primeiro-ministro, eleito por maioria absoluta dos votos dos portugueses e a ministra da educação do seu governo, foram insultados e vaiados por professores quando visitavam uma escola na Figueira da Foz.
Todos sabemos que o Governo tem anunciado medidas para melhorar o funcionamento das escolas: colocou a tempo os professores, vai dar formação aos professores de matemática, introduziu o ensino do Inglês no 1ºCiclo, refeições às crianças, horários das escolas compatíveis com o trabalho dos pais, etc.
Preocupa-me a relação entre todos os factos que apresento. Preocupa-me ainda mais quanto está enraizada neste povo a necessidade de um poder autoritário e arrogante para os fazer trabalhar e respeitarem-se!

Para compreender GW Bush

Completamente encostado à parede por uma opinião pública americana que felizmente acordou de uma noite muito escura, GWBush voltou esta madrugada a assumir total responsabilidade pela não assistência às vítimas do Katrina.
Mas fez mais. Reconheceu o abandono e a pobreza a que estava votada a população do sul dos USA.
E, pasme-se, atribuiu esse abandono e essa miséria a centenas de anos de descriminação e de racismo.
E anunciou um mega programa de reabilitação e de reconstrução das áreas afectadas. Dinheiro no bolso dos sobreviventes. Cursos de formação profissional e centenas de milhares de empregos.
O custo estimado, será superior à soma dos gastos nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Não sei se os americanos no seu conjunto lhe vão perdoar.
Sei é que, a manter estas considerações, a não as desmentir de imediato, GWBush vai entrar para a lista de antiamericanos primários do José Pacheco Pereira!