A VELHA RECEITA
PARA ALTERAR A REALIDADE
Fácil. De manhã cedo damos a notícia daquilo que julgamos ser a medida que o governo vai tomar acerca, por exemplo, do regulamento sobre a dimensão da rede de pesca à tainha .
O assunto escolhido deve surpreender os ouvintes!
Depois, vamos ouvir o que pensa disto o grémio dos fabricantes de redes de pesca ao carapau, o sindicato das viuvas dos pescadores, a D. Isaltina, O vice presidente da Cãmara lá do sítio e a vox populi.
Estabelecida a confusão, é de bom tom confrontar o secretário das pescas ou do trabalho, pouco interessa qual!, não sobre a justa medida anunciada, mas sobre os impropérios entretanto escutados.
Deve ser repetidamente perguntado sobre a mesma coisa, várias vezes, até dizer ou aquilo que não quer, ou já irritado, repetir já ter respondido várias vezes à mesma questão. Pouco importa.
Pode ainda reforçar-se a coisa e prolongar a agonia geral ouvindo o padre da freguesia recentemente colocado e em vias de se afirmar na comunidade, o qual dirá estar ao lado dos seu rebanho para o que der e vier! Fica assim no ar uma voz autorizada e conhecedora da matéria em apreço!
Em conclusão e dando mostras do maior rigor, da mais vertical independência, deve referir-se repetidamente e ao longo do dia, que o Secretário tal e coisa, não foi capaz de esclarecer a ponderosa questão e até destratou a jovem e pura jornalista que o tentou abordar. Tão a ver?
É fácil e pelos vistos dá milhões de papalvos!