quarta-feira, setembro 07, 2005

Medram os matos, ardem depois!

Tenho visto muito noticiário, muita labareda, uma data de comentadores, a miséria espalhada pelos campos, os voos rasantes, os olhos acesos dos velhos a clamar ajuda.
Foi a época dos incêndios, coisa com data marcada e tudo.
Nos curtos intervalos, vieram as críticas ao governo "que não tinha preparado a época como deve de ser."
Vieram então os discursos de toda a direita e de uma certa esquerda, na AR, exigindo mais do mesmo: Mais meios para apagar os fogos! Exigem mais dinheiro dos contribuintes para as negociatas dos novos equipamentos anti-incêndios!
E parece que o Governo cai na esparrela! Vai comprar aviões e helicópteros para estarem todo o ano disponíveis!
Sem cuidar das matas, dos matos por limpar, do desmazelo e da incúria dos fogueteiros.
Sem ordenar o território, sem construir centrais de resíduos, sem estimular o aproveitamento racional do território. Isto é, sem magoar ninguém! Sem chatear nenhum proprietário, a primeira Câmara Municipal ou os Tribunais para apliquem as leis!
Bem podem multiplicar os meios de ataque a incêndios que, a repetirem-se as condições de seca e de acumulação de matéria lenhosa, vamos ter é mais horas de voos rasantes, mais carros de bombeiros incinerados, mais velhos esbugalhados e muitas labaredas.
PS- Parece que os críticos queriam que o Governo tivesso, em três meses, roçado os matos que eles deixaram medrar ao longo de anos de puro abandono. É que, primeiro, medram. Depois ardem! É por esta ordem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu até mudo de canal quando estão a dar as notícias dos incêndios. Custa a suportar. Mas custa mais ouvir o motorista do táxi que apanhei contar que o Pai, de 75 anos saudáveis, foi rodeado pelas chamas ali em Vila Pouca de Aguiar, tinha saido das terras à volta da vila para ir ver uma quintinha mais longe. Nem o deixarem vê-lo. E - estranho - não culpava o Governo, mas os incendiários, mais precisamente, as avionetas, que estão paradas a maior parte do ano e arranjam serviço dessa forma (hedionda). E falou também de todos os animais mortos.
Não há controlo remoto que apague a realidade.