quarta-feira, novembro 09, 2005

aPachecações

Pacheco Pereira continua a tentar apachecar-nos.
Mas o estilo é mau e as ideias, então, são dos museus.
Vejam lá este post, que reproduzo na íntegra:

Num artigo de hoje do Libération , que se queixa de que o “Estado abandonou os bairros sociais (as “Cités”)”, percebem-se três coisas:
a enorme rede de subsídios e financiamentos estatais típicos do “modelo social europeu”. O artigo cita a crise das acções de alfabetização, financiamentos do Fasild (antigo Fundo de Acção Social), acções de prevenção com adolescentes, programa de empregos-jovem, acções com mulheres, associações subsidiadas (o exemplo é uma intitulada Sable d’Or Mediterranée) que fazem acções de inserção, acolhimento dos recém emigrados, acesso à cultura, teatro de adultos, iniciação ao cinema, vários projectos artísticos e culturais, etc., etc.;
a enorme quantidade de pessoas que trabalha nestes programas, associações, ONGs, que são elas próprias um grupo de pressão para o aumento dos subsídios e o alargamento dos apoios estatais, e que, não é por acaso, aparecem nesta crise como as principais vozes “justificando” a “revolta dos jovens”;e, por último,
o enorme contraste entre o modo europeu de “receber” e integrar os emigrantes envolvendo-os em subsídios e apoios, centrado no estado e no orçamento, hoje naturalmente em crise; e o modo americano que vive acima de tudo do dinamismo da sociedade que lhes dá oportunidades de emprego e ascensão social.
Nem vos interrompi a leitura para ver se isso ia para baixo.
Ele, o que sempre quer, é deitar abaixo a Europa e todo o seu modelo social. O homem, o dr. professor, o intelectual que fotografa bibliotecas, está contra o seguinte:
- A alfabetização dos imigrantes
- A Acção Social
- A prevenção dos comportamentos de risco dos jovens imigrantes e filhos de.
- Programa de emprego jovem
- Associações subsidiadas
- Acções de inserção com mulheres
- Acolhimento de recém emigrados
- Acesso à cultura
- Teatro de adultos
- Iniciação ao cinema
- Projectos artísticos e culturais
- As ONGs
está até contra os etc, etc.
Esqueci-me de alguma coisa? Parece que é tudo por hoje.
Só falta a cereja em cima do bolo: The american way of life. E eu acrescentaria "of life and death!"...
Para terminar a litania oferece-nos as vantagens da ausência disso tudo. Aonde? Nos EUA, onde havia de ser!
Lá, o gigantesco exército industrial de reserva constituido por índios ( totalmente subsidiados para não fazeren nada!), negros( 20% na cadeia e outros tantos nas polícias, nos bombeiros e no exército. Os restantes vivem em condições iguais às de N.Orleans), latinos( todos no limiar do desemprego ou apenas com um salário mínimo que mal dá para sobreviver, sem residência autorizada e apenas para trabalhos menores ou agrícolas).
Tudo isto numa escala de milhões de seres humanos.
Lá na pátria que tem 1% da sua população na cadeia! Mais de 2,7 milhões de pessoas!
É esse o modelo que idolatra e propõe.
Lá onde os trabalhadores da indústria se se lembrarem de se associar em sindicatos são imediatamente despedidos e que que tomam drogas para poderem continuar a suportar os ritmos de produção da indústria;
Lá, onde a Condoleeza Rice não consegue alugar um quarto na 5ª Avenue.
Onde há milhares de emigrantes sujeitos a programas de experimentação de novos medicamentos, verdadeiras "guinea pigs" de duas patas!
Onde há universidades para os ricos( cujos cursos custam mais de um miilhão de dólares) que têm empregos garantidos no final do curso, e universidades para os outros mais escuros e para os negros, onde o ensino se vai degradando à medida que a pele dos alunos escurece e que escusam de procurar empregos fora dos segmentos a eles destinados: the performing arts, the sport and the social services ( os que servem de correias transmissoras da ideologia racista e segregacionista). Depois para compor o ramalhete têm uns, mais escuros, apresentadores de TV que existem para servirem de Eusébios de lá...
Nos EUA onde não há segurança social e onde também não há lista de espera para cirurgias pela simples razão de que as listas não existem! Nem listas nem cirurgias. Ou pagas ou morres!
Lá onde há jornais para negros, rádios para latinos, revistas para coloured people, TVs para todas as minorias bem separadinhas e isoladas em guetos donde não podem sair.
Pacheco Pereira nunca percebeu o Archie Brown? Via e não entendia?
Ele precisava era duma cura Nos EUA para ver se gostava de ser discriminado e tratado de latino ou quanto muito de ibérico.
Estava-lhe garantido um lugar de taxista ou de pasteleiro.
Que os outros estão já destinados.
A menos que vá dar aulas para uma dessas universidades da reacção evangélica, tão na moda por lá. Mas aulas de quê?

Sem comentários: