quarta-feira, novembro 02, 2005

As Comemorações e o Fogo de Deus


Nós portugueses temos a desgraça de 1755 para comemorar.
Faz agora 250 anos Lisboa foi literalmente apagada do mapa.
Submersos nos destroços, no dia feito noite de cinzas, na noite alumiada pelos incêndios e no mais escuro bréu religioso, os portugueses de então sobreviventes à catástrofe sísmica, à fome, à doença, à pilhagem, ao fogo, ás vagas do tsunami e às fogueiras da Inquisição, pelos vistos, encontraram forças e dirigentes com a capacidade de os conduzir à reconstrução da cidade e do País.
A seguir aos acontecimentos telúricos, vieram os padres acabar a tarefa: e todos os que duvidaram da explicação teológica da tragédia, todos os que duvidaram da ira do Senhor e da expiação dos pecados através do fogo de Deus, foram assados no Rossio. Que o digam Malagrida e os seus discípulos, os últimos a serem queimados vivos na praça do Rossio, em 1761!.
A intolerância religiosa e fundamentalista sempre bebeu do sangue dos simples.
Mas o Mundo, hoje, também comemora uma das suas maiores catástofres globais: A reeleição, há um ano, do mais perigoso lider americano. O evangelista Bush, também enviado de Deus e armado da Sua intolerância para justificar a pilhagem mundial aos simples e aos crédulos. Nem que para isso se tenha de "tornar" em braço armado de Deus na Terra. E tenha que justiçar os incrédulos.
Receita velha e duma transparência total. Os pregadores evangélicos de hoje distinguem-se apenas dos de antanho pela tecnologia e pelo preço de cada morte que premeditam. Mas as fogueiras são as mesmas.
Como igual é a resistência e a indignação que percorre o Mundo e em especial os EUA, contra o actual estado de coisas. A pátria das Liberdades, de Thomas Jefferson, Luther King e de tantos lutadores anónimos pela defesa das liberdades agora ameaçadas.
No momento em que que a queda de Bush já é previsível e que os melhores filhos da América se indignam e choram os mais de 5000 mortos no Iraque e no Afeganistão, há uma esperança que não pode morrer.
As fogueiras do Rossio também se extinguiram!

Sem comentários: