segunda-feira, novembro 07, 2005

Paris já está a arder!


À parte o discurso convulso e mal articulado, próprio de outros iletrados, JPP é um portento do deslize, da ideologia e instinto de classe:
Vamos lá lê-lo:
"De novo, o noticiário das 13 horas da RTP1 transformou-se numa versão "noticiosa" de um panfleto do Bloco de esquerda, a propósito dos incidentes de Paris(...)Já não basta o modo como se tratou o Katrina, nunca rectificando as informações falsas que foram dadas, coisa que "arrastão", mas que ninguém exige quanto ao Katrina."
Até aqui ficamos a saber duas coisas : Que receia uma dita informação de esquerda, preferindo outra de direita; e que já mistura as pseudo vítimas do Katrina com as pseudo vítimas do pseudo arrastão.
Digamos que o JPP está em pânico. E quanto a mim, tem razão para tal. E continua:
"Agora, é uma "interpretação" do que acontece em Paris inteiramente conducente à justificação da violência. Preto no branco, uma justificação da violência, que nada tem a ver com notícias ou com jornalismo, mas com um digest de pseudo-sociologia politizada e grosseira.
E ficámos a saber que há uma sociologia não politizada, bacteriologicamente pura!
Aqui chegado JPP já não analisa, condena, já não quer mesmo ouvir, manda salgar o mensageiro:
"Por que razão é que eu tenho como contribuinte que pagar os exercícios de propaganda política de um grupo de senhores jornalistas que são maus profissionais e que nos querem apascentar?"
Claro, claro, Dr. JPP, já percebemos a sua indignação contra a outra classe, o seu ódio. E já não esconde o facto de ser contribuinte e os “outros” o não serem! Isso sim é que é sociologia da boa! Eles têm os direitos tolhidos por serem pobres e não pagarem IRS! É isso, não é?
Direitos na razão directa do IRS. Tá bem! É como cá. Por outras palavras os excluídos têm o direito a serem isso apenas. Excluídos. Tudo o resto já foi vendido ou está reservado...
E prossegue:
"Basta haver um ar de revolta social contra o “sistema”, um ar de “multiculturalismo” revolucionário dos “deserdados da terra”
(Olhe lá as tiradas racistas Dr.!)
"contra os ricos (os que têm carro, os pequenos lojistas, os stands de automóveis, os pequenos comércios), para a velha complacência face à violência vir ao de cima."
( Ainda acredita, passados 11 noites de levantamento popular que é contra isso que lutam? E já ouviu os próprios franceses a falarem abertamente em guetos onde se acumulam e vegetam milhões de pessoas? A honestidade do Dr. JPP termina onde acaba a 2ª Circulaire de Paris!)
Mas oiçamos:
"Fossem neo-nazis os autores dos tumultos e a pátria e a civilização ficavam em perigo, mas como são jovens muçulmanos da banlieue, já podem partir tudo. Não são vândalos, são “jovens" reagindo à “violência policial”, são “vítimas” do desemprego e do racismo dos franceses, justificados na sua "revolta", e têm que ser tratados com luvas verbais e delicadeza politicamente correcta."
Uau, Dr. JPP, é isso que ensina lá na faculdade? É esse ódio interclassista que destila? Está com ciúmes dos neo-nazis? E salta-lhe a frase chave de tudo isto, no meio do discurso que ninguém fez: primeiro o ódio religioso ( já explico porquê) depois a pseudo queixa da violência policial – que ninguém sustentou- e finalmente desmascara-se ao falar de desemprego ( também terei gosto em voltar a este detalhe) e sobretudo treme de indignação com a falta de sangue nas ruas de Paris. Le sang des autres, bien entendu! Onde está a repressãozinha?
"Os maus são as forças da ordem, os governantes, os polícias, os bombeiros e todos os que mostram uma curiosidade indevida pelos seus bairros de território libertado."
( Vai-se a ver foram eles, os excluídos, que se excluíram e foram viver onde moram, nas condições, e com o nível de abandono social que lhes foi proporcionado! Engraçada a lista de “serviços públicos que enuncia: Forças da ordem, governantes, polícias, bombeiros e informadores da polícia!)

"No fundo, não é novidade nenhuma. Há muitos anos que é assim, que estas questões são tratadas com imensa vénia, não vão os “jovens” zangarem-se e vingarem-se. A culpa é nossa, não é?"
Acto de contrição falso como Judas e repleto de medo subliminar e de sentimentos de culpa não superados.
Mas, como tanto faz ler directamente do Abrupto, como das cópias publicadas pelo Racosta, ficamos informados: o mau português não é exclusivo deste último mas que mutuamente se aplaudem no reaccionarismo e no excesso de instinto de classe, também conhecido pela vulgar designação de racismo puro e duro! :
Agora JPP socorre-se de um seu apoiante que, de além Atlântico, lhe parece oferecer uma tábua para flutuar. Puro engano. O que lhe parecia ser tábua é um prego!:
Desmascaram-se completamente, perdem a vergonha e atiram os véus para o chão quando encontram, nem que seja o último dos apoiantes do Bush que lhes sirva de muleta ideológica. O exemplar escolhido por eles é um primor: Nada esconde. Nem a sua devoção à máquina ideológica dos media americanos:

"Os media europeus sao horríveis. Absolutamente horríveis, quem ouvir ou ler um noticiário europeu fica com a impressão que os policias sao uns malandros, que perseguiram dois pobres inocentes desgraçados e que os encostaram aos cabos eléctricos e os mataram propositadamente…Estas são as mesmas pessoas que culpam Bush pelo atentados em Londres, que culparam Aznar e Bush pelos atentados em Madrid, que querem que os EUA negoceiem com Bin Laden (Soares e outros),
( interrompo por momentos a litania só para lembrar os incautos que foram os EUA que negociaram, financiaram e armaram Bin Laden...)
"são pessoas que passeiam as suas opiniões de “peace and love” mas que não oferecem alternativa quando algo de errado acontece. Para eles a pobreza desculpa tudo, as pessoas sao pobres por isso organizam-se em gangs, pegam em armas, roubam, saqueiam, destroem, cometem actos de terrorismo, etc. Não tem outra alternativa, são desgraçados, descriminados, e tem de cometer crimes para sobreviver." ( Toda a gente sabe que os levantamentos populares sempre foram articulados entre chefes de repartição de finanças, donas de casa nas idas ao cabeleireiro e motoristas de lords ingleses, é que está-se mesmo a ver!)
(E agora este docinho para terminar a análise concreta duma situação concreta. A não perder:
"Mas então e as pessoas que são pobres e que trabalham honestamente para que os seus filhos possam estudar e ter um futuro melhor? E os portugueses em Franca e noutros locais do mundo que abrem pequenos restaurantes, que trabalham na construção civil que comem o pão que o diabo amassou para que os seus filhos tenham um futuro melhor? Alguém os ve cometer crimes? Será’ que porque alguém faz parte de uma minoria isso e’ um bilhete directo para a violência e roubo?"
Já não é preciso mais nada, está tudo aqui: A escolha deste seu apoiante para merecer publicação no Abrupto é fantástica. O que sobra a JPP é a falta de vergonha!
Sem querer, da forma inocente e descarada, JPP e o seu apoiante mostram o que falha, e falhou, na correia de transmissão entre os exploradores e os explorados, entre os cidadãos de primeira e os de segunda.
Eles confessam que os “portugueses” e outros imigrantes “reconhecem” a sua inferioridade social e submetem-se à exclusão a que são votados. Só isso.
O que falhou em França foi exactamente a ideologia de classe dominante que foi incapaz de se infiltrar como valores imutáveis ( Hoje e sempre, haverá pobres!), como modelo a seguir, e como lei a cumprir num jogo que, mesmo viciado, não teria alternativa senão na violência e na revolta.
"Revolta-me isto que eu gosto de chamar a “cultura do pobrezinho e do desgraçadinho”. E’ revoltante! As regras de sociedade sao para cumprir, e sao para cumprir por todos, minorias inclusive’.(Carlos Carvalho, Ottawa, Canadá)"
Ao subscrever este "revoltado"Carlos Carvalho, JPP mostra a sua verdadeira face que detesta pobres e que exige o cumprimento das regras de classe, da sua classe dominante. Aquela que fez as regras, as escreveu e as impõe, manu militari!
A ausência de elementos de análise nestes seus textos de propaganda não é inocente: JPP sabe, porque já ouviu falar, de ideologia dominante, do papel da religião nessa ideologia e que, outra vez na História, a classe dominante e possidente, voltou a cometer o pecado capital da gula: Ao pretenderem ter à mão um “exército industrial de reserva”, não repararam que havia nele um substracto religioso que por diferente do seu, iria impedir a “normal” absorção das ideias do opressor e dos seus valores nas cabeças dos oprimidos e desempregados. Dos que não têm nada a perder! Erro capital tantas vezes repetido na História e pai e mãe de todas as revoltas populares. Quer o JPP goste ou os seus apoiantes chamem a polícia!
E é inevitável que, mais uma vez, de Gaza, ao Suez, do Líbano às favelas da América Latina, de Jacksonville à Somália, o Dr. JPP vá aprender uma lição quando, logo à tarde, o presidente Chirac avançar com medidas sociais e económicas agora de sentido contrário. Claro, entre ameaças e cenouras, vai dar mais do que dava. Vai prometer este mundo e o outro e ou me engano muito ou vai gabar-se que tem o apoio das autoridades religiosas do islão...

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