segunda-feira, novembro 07, 2005

O Mapa da Xenofobia

É preciso denunciar os que querem reescrever a História e justificar o injustificável. Os que se preparam para voltar a impor a prepotência e "superioridade" europeia sobre os outros povos do Mundo:
( In Klepsydra)
O mapa representado nesta entrada infeliz do João Miranda circula em muitas sítios de extrema-direita da mais fanática. No entanto, aquele mapa não passa de uma pobre ficção, ao contrário do mapa colonial de 1914 que aqui represento. Em 1914, os Europeus estavam mesmo instalados em África e na Ásia com os seus representantes dos reinos e dos imperiozinhos. Em 2015 a Federação Albanesa nunca existirá na península itálica, nem a Nova Turquia, nem os Emiratos Ibéricos do mapa do João Miranda, mas em 1914 nós, os Portugueses, estávamos de facto em Angola e em Moçambique e fazíamos mais estragos e mais mortes que toda a violência urbana junta da população imigrante na Europa de hoje. Obviamente, que o João Miranda não considera os ex-Impérios uma ameaça. Agora os imigrantes, cuidado com eles, vão-nos invadir. Buh!O suicídio demográfico que teme João Miranda não é novidade em Portugal. No início do sec. XVI também se temeu o "suicídio demográfico" causado pelos judeus. A solução da época foi expulsar, perseguir, converter à força e condenar à fogueira milhares de judeus que viviam no nosso país. Ganharam com isso Holandeses, Suíços, Franceses, etc.; ganharam artesãos, artistas e cientistas de qualidade.O mapa de João Miranda é particularmente infeliz sabendo que Portugal tem cerca de 5 milhões de emigrantes. Como é que é? Em 2015 no Luxemburgo e no Liechtenstein, onde a população portuguesa ronda os 10%, vamos ter uma espécie de Principado Luso Católico-Apostólico-Romano?Creio que este infeliz post do João Miranda seja fruto de alguma ingenuidade, não o tenho como xenófobo (escrevo-o sinceramente). Mas considero muito triste encontrar posts deste nível num blogue de referência português. Julgo que de certa forma funciona como um insulto aos 5 milhões de portugueses que estão espalhados pelo mundo, particularmente os nossos colegas bloguistas no estrangeiro que não lhe devem achar piada nenhuma.

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