O sucesso económico da Irlanda não deveu nada à UE e tudo à política interna, em particular ao baixo IRC e à mão-de-obra especializada. Wolfgang Munchau, Editor Associado do F.Times
"Uma semana depois do que os líderes europeus apelidam de reflexão ficou a saber-se que a Irlanda irá realizar novo referendo no início do próximo ano. Se assim não for poderá haver a tentação de expulsar os irlandeses da União Europeia (UE). Não é certo que vença o “sim” no segundo referendo. No momento em que a economia irlandesa ameaça despenhar-se, dificilmente o entusiasmo em torno da União e dos seus tratados ganhará novo alento. Por outras palavras, a realização do referendo terá os mesmos riscos que a sua não realização. As probabilidades de a Irlanda acabar fora da UE passaram, no espaço de poucas semanas, de zero para uma possibilidade real. Não pretendo aqui dissertar sobre os trâmites legais que a saída de um estado-membro implica. Basta dizer que pode ser feito em conformidade com a lei europeia – desde que haja vontade política. O que mais me incomoda nesta extraordinária reviravolta é perceber que, do ponto de vista dos irlandeses, a ruptura com a UE não é motivo para preocupação. Na semana passada recebi um elevado número de cartas de leitores irlandeses inabaláveis na sua convicção: o sucesso económico do país não deveu nada à UE e tudo à política interna, em particular ao baixo IRC e à mão-de-obra especializada. A visão expressa é tão errada quanto esclarecedora, pelo que vale a pena analisar em detalhe a natureza do êxito económico irlandês nos últimos 30 anos para imaginar como seria a sua existência fora da UE. A importância dos subsídios é seguramente exagerada. Tiveram o seu papel, é certo, em especial na primeira fase do renascimento económico do país. Sublinhe-se que a Irlanda está prestes a tornar-se num contribuinte líquido para o orçamento da UE. Mas concluir o oposto seria um erro crasso, isto é, que a União teve pouca ou nenhuma importância"
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