sexta-feira, junho 13, 2008

Era uma vez um Tratado

Segundo tudo indica, o Tratado de Lisboa que tanto trabalho deu, que foi combatido, como se de um inimigo se tratasse, quer pela direita trauliteira como pela esquerda irresponsável e sonsa, está a ser enviado para o arquivo morto, antes mesmo de ter estado em vigor.
E está a ser enviado para o olvido da História por cerca de 2M de eleitores residentes numa ilha fria, religiosa, reaccionária, e húmida chamada Irlanda.
Por acaso, a mesma Ilha que tem vivido em clima de terrorismo religioso ( uma parte dela, é certo! ), nos últimos 2 séculos e onde uma boa parte do território é uma espécie de colónia do Reino Unido, num excelente exemplo do que podem os extremistas religiosos quando se associam a situações de cavalo de Troia do imperialismo americano.
Também por acaso, o Tratdo de Lisboa foi ali derrotado às mãos de menos de 50% dos eleitores, mas devidamente industriados por toda a direita reaccionária e extremista gostosamente financiada pelo mais rico milionário irlandês. Assim, um McCberlusconi.
E basta dar uma volta pela blogosfera portuguesa e pelos jornais on-line, que representam a direita, para confirmarmos a alegria deles por mais esta derrota da Europa.
Digamos que hoje o resultado foi Bush-1, Europa -0
O que me continua a pasmar é como uma certa esquerda que há muito abandonou o raciocínio, e hoje se rege pelo ódio à Rússia e pelo quanto pior, melhor, ainda continua a apoiar objectivamente aqueles que como o governo da Polónia, do UK, da Roménia, da Eslováquia, da Rep. Checa, da Hungria se empenham em servir de cavalos de Troia do imperialismo, a impedir a união da Europa e a afrontar militarmente a Rússia e os seus aliados.
Sem atender aos interesses económicos da Europa, até no aspecto mais do que evidente, da crise energética mundial e da sua dependência.
A paz mundial tem necessidade duma Europa forte e unida.
A sua divisão e continuada fraqueza serve os seus inimigos e as aventuras militares.
Os think-tanks fizeram o seu trabalho!
Os nacionalismos estreitos e reaças servem sempre os mesmos donos.
Aos simples e desvalidos da sorte, resta pouca esperança em melhores dias.

6 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com grande parte da sua análise. Há realmente uma união entre uma certa parte da esquerda ou da extrema esquerda e de uma direita reaccionária contra o Tratado de Lisboa (basta ouvir os comentários dos representantes de alguns partidos políticos portugueses). Mas também é verdade que os dirigentes políticos europeus quiseram fazer aprovar um Tratado que sabiam não iria passar num referendo, não pelo texto em si (mais ou menos difícil, como aliás eram os anteriores)mas porque existe um grande fosso entre os dirigentes/funcionários europeus, e o povo europeu em geral. O último alargamento foi rápido e grande demais (percebem-se os motivos...) e isso prejudicou (acelerou) o ritmo das reformas institucionais. Lá diz o ditado, devagar se vai ao longe e, neste caso, foram numa velocidade uniformemente acelerada.

Teresa Silva

Anónimo disse...

Se outros povos tivessem feito o referendo, mais nãos teríamos por aí!!!! Estou agora a ouvir o Expresso da Meia Noite e todos parecem muito perturbados com este não da Irlanda. O facto é que o povo não percebe o que são estes Tratados e, pelo sim pelo não, foge deles. Veremos como os dirigentes da União Europeia vai dar a volta a esta crise.

MFerrer disse...

Esta crise, ou como lhe chamarmos estava realmente programada e, não acredito em teorias da conspiração de caracter permanente...,todavia só me recordo de "uniões" realizadas sobre o sangue de milhões:
- EUA, só após a guerra civil
- Canadá, depois da matança dos nativos
- R.P.China, só após várias guerras internas e anti-colonialistas. A passagem do estágio feudal, em duas gerações, até ao capitalismo selvagem, custou milhões de vidas.
- URSS, nem sei o que diga...
- União Sul Africana, o que dizer?
O Homem não aprende?
A via do parlamentarismo ou da democracia burguesa não serve?
Parece que não!

al disse...

"E está a ser enviado para o olvido da História por cerca de 2M de eleitores residentes numa ilha fria, religiosa, reaccionária, e húmida chamada Irlanda."

O mferrer tem alguma dificuldade em conviver com as decisões dos outros que vão contra as suas opiniões não tem? Este discurso roça o racismo - apresentando os irlandeses como um povo estúpido, manipulado, incapaz de ter ideias próprias. A seguir vai propor o quê? Que os irlandeses sejam enviados para campos de reeducação?

MFerrer disse...

Bom, afinal quem mostra não ter ideias próprias é este comentador.
É como digo eu, e muita outra gente pensante:
Os irlandeses que foram com os portugueses dos que mais beneficiaram com a UE acabam de ser manipulados pela igreja católica e pela CIA que visam afinal objectivos comuns.
Talvez lhe faça bem informar-se sobre quem financiou a campanha do Não, ou sobre o que foi discutido na Irlanda.
Ninguém leu ou, sequer conhece quem tenha lido, tal Tratado, inclusive vc que tanto esbraceja e vocifera.
Tenha lá paciência e deixe-se de tretas.
Não tenho que lhe explicar tudo na vida. Ou acha razoável que já 18 Parlamentos democráticos tenham ratificado o Tratado e vc esteja para aí, em bicos dos pés, a querer mais democracia? Quem é que julga que é?
A construção europeia é voluntária e quem não está bem pode sair!

al disse...

mferrer... esqueceu-se de responder ao meu comentário sobre a censura "fascizóide".
Quanto aos resultados do referendo, quem tem uma grande dificuldade em aceitar os resultados é o mferrer. Se as regras impunham a obrigatoriedade de ratificação por todos, e essa ratificação não aconteceu, os verdadeiros democratas só têm de aceitar. Chama-se a isto respeitar as regras do jogo.