quinta-feira, outubro 20, 2005

Defraudar, branquear e outras profissões de desgaste rápido


Do Público de hoje:

“As suspeitas incidem sobre a prática de crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, tendo sido identificados esquemas de fraude que apontam para um prejuízo causado ao erário público, nos últimos três anos, de muitos milhões de euros, só em sede de IRC e IRS não pagos.”
E o Público continua:
“A movimentação de mais de dois mil milhões de euros está a ser investigada pelo Ministério Público, no quadro do inquérito que motivou dezenas de buscas a bancos e a outras empresas do continente e da Madeira, desde a passada segunda-feira.
Por medida cautelar, já começaram a ser congeladas algumas contas bancárias do universo de entidades sob investigação.A verba em causa é equivalente ao orçamento do Ministério da Defesa Nacional para 2006 e a 1,4 por cento do Produto Interno Bruto.
Trata-se também de uma quantia que representa dez por cento da receita cobrada, pelo Estado, nos primeiros nove meses do ano. A fortuna agora detectada terá sido movimentada por 600 entidades, a quase totalidade empresas, que terão procurado reduzir a respectiva matéria colectável através de transferências para paraísos fiscais.
Além dos contratos fictícios de consultadoria que o PÚBLICO ontem noticiou, estão também a ser averiguados pagamentos de comissões que iam parar a off-shores através de intermediários em Inglaterra (ver caixa) e ainda depósitos feitos num banco de Cabo Verde. Neste caso, eram efectuados através de um escritório em Lisboa, com a particularidade de o banco não aceitar depósitos inferiores a 100 mil euros. No total, estão em investigação, naquele arquipélago, cerca de dois milhões de euros.”
E eu pergunto:
E então o que diz, o que comunica o Banco de Portugal?
Não acham que a autoridade máxima bancária deste País, onde estão empregados os melhores economistas e financeiros, a auferir os melhores salários do género, comparáveis aos que percebem as comparáveis luminárias da Europa, não nos devem uma explicação pelo grosseiro desempenho dos cargos que ocupam?
Não nos devem uma explicação? A nós que pagamos impostos, aos milhares de desempregados e aos pequenos comerciantes e industriais que cumprem com as suas obrigações fiscais?
Nada a dizer?
Tenho a mais firme certeza que o Sr. PGR ainda nos vai surpreender com um comunicado a afirmar que, afinal, o Banco de Portugal também está a ser ouvido no âmbito desta investigação cuja autoria decorre noutro âmbito, este, apoiado no âmbito da mesma investigação! Perceberam?

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